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    Inflação alta estimula importação de itens natalinos, diz levantamento da CNC

    Aumento de custos da indústria brasileira e câmbio semelhante ao de 2020 faz com que varejistas optem por importar para reduzir repasse de custos ao consumidor

    Trabalho aponta aumento de importação em seis das oito categorias analisadas, com o maior crescimento sendo no setor de perfumes
    Trabalho aponta aumento de importação em seis das oito categorias analisadas, com o maior crescimento sendo no setor de perfumes Foto: Divulgação / Unsplash

    Stéfano Sallesda CNN Rio de Janeiro

    Um levantamento produzido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que a alta inflação do varejo na indústria nacional, combinada com a desvalorização do real, tem feito com que os lojistas optem pela comercialização de produtos importados.

    Em relação ao Natal de 2020, em uma cesta de oito categorias de produtos típicos da ocasião mostra que a importação cresceu em um volume médio de 19% de toneladas, a partir de dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos meses de setembro a novembro.

    O trabalho aponta aumento de importação em seis das oito categorias analisadas. O maior crescimento ocorreu no setor de perfumes, que saltou de cinco toneladas trazidas para o país no trimestre, em 2020, para 33 no mesmo período deste ano.

    De acordo com Fabio Bentes, economista da CNC, o crescimento da ordem de 550% é explicado também por um 2020 atípico para a economia global. Ele destaca que, no ano passado, a taxa de câmbio era semelhante à atual.

    “Hoje nós temos uma inflação interna bem elevada, com combustíveis e energia impulsionando a inflação de custos. Há uma inflação elevada em todo o mundo mas, com um câmbio semelhante ao de 2020 e uma taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses que aqui soma 12%, contra 5% nos EUA, fica mais conveniente importar. A inflação do varejo é bem mais alta que a oficial medida pelo IPCA. Principalmente no atacado. Está em 26,5%. No ano passado era 6,2%. Essas diferenças barateiam a importação”, avalia o especialista.

    Segundo Bentes, as importações ajudam os varejistas no desafio de segurar os preços. Atualmente, eles têm repassado apenas uma parcela dos aumentos.

    “No caso dos perfumes, a inflação do segmento no país é de 11,2%, mas o repasse tem sido de 3,7%. Esse é um exemplo pontual, mas que ilustra uma realidade que tem se repetido com os varejistas nos mais diversos segmentos”, resume.

    Há, porém, produtos para os quais não há alternativa de produção nacional, e a escolha de um produto brasileiro implicaria em substituição.

    É o caso do bacalhau. A importação do peixe nobre passou de 25,1 toneladas no ano passado para 30,4 no recorte deste ano: uma variação de 21%. Contudo, o patamar ainda está aquém do registrado em 2019, último ano antes da pandemia, quando foram trazidas para o Brasil 34,6 toneladas.

    O levantamento também aponta alta de 60% na importação de brinquedos, 21% na de oleaginosas, como castanhas, nozes, avelãs e amêndoas, e 12% na de peças de vestuário e de 3% nas carnes processadas, como as que passam por processos e salga ou defumação, casos de tênder, presuntos e peito de peru.

    Só houve queda em vinhos e espumantes (4%) e frutas típicas (26%), como cereja e figo.

    Segundo o economista, a base de dados da Secex não permite apurar a origem das importações. Contudo, os desdobramentos da epidemia de Covid-19 e seus efeitos econômicos têm influenciado as políticas de importação em todo o mundo.

    “Hoje há a opção por cadeias mais curtas, por conta dos custos de frete, tempo de entrega e dos novos protocolos adotados para importação e exportação”, conclui Bentes.