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    Indicado de Bolsonaro para Petrobras defendeu mudança em política de preços

    Fontes do Planalto e da Petrobras contaram à CNN detalhes do encontro

    Caio Junqueira

    O novo indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para presidir o Conselho de Administração da Petrobras, Rodolfo Landim, reuniu-se com o presidente da empresa, general Silva e Luna, no dia 12 de setembro de 2021 na sede da estatal no centro do Rio de Janeiro. Na ocasião, segundo fontes do governo, Landim, deu diversas sugestões sobre rumos da estatal e disse a Silva e Luna que em três meses conseguiria mudar a política de preços da Petrobras. O general respondeu que se ele fizesse isso, estaria operando um milagre, dada a impossibilidade, na visão dele, de alterar regras para mexer nos preços da Petrobras. Além dos dois, participaram da conversa dois assessores do general.

    No governo, o tom dessa conversa é uma das pistas para compreender o movimento de Bolsonaro nos últimos no sentido de atacar a Petrobras. Fontes asseguram que o mesmo sinal que ele deu ao general nessa reunião em setembro também foi dado a Bolsonaro. Ou seja, de que conseguiria alterar a política de preços da Petrobras. E teria sido a partir daí que acabou sendo indicado para assumir a presidência do Conselho de Administração da empresa.

    Isso ocorreu no dia 06 de março de 2022, quando seu nome foi publicado no Diário Oficial da União como indicado pelo governo para presidir o colegiado. Para assumir o posto, falta agora ele ser referendado pela assembleia dos acionistas no dia 12 de abril.

    Landim não quis comentar com a CNN o encontro com o general e sua fala. Disse apenas que como “fui indicado para a presidência do conselho da Petrobras, me coloquei em período de silêncio até a realização da Assembleia Geral”.

    O general também não quis comentar o tom da conversa. Mas a percepção no seu entorno é de que o governo pode sim destituir o general da presidência ou, se considerar essa manobra muito brusca e com grande impacto na saúde financeira da empresa e nas regras de governança que ela segue, tentar pelo menos alterar a sua política de preços sob a liderança de Landim.

    Nesta quinta-feira (17), fontes do Palácio do Planalto disseram à CNN que a ideia do presidente é tirar Silva e Luna.

    Se optar pela destituição, isso ocorreria a partir de uma lista com novos indicados para o Conselho, sem a presença do general nela. Se a opção for pela mudança da política de preços apenas, isso ocorreria com Landim e o general dentro do mesmo colegiado. Essa hipótese, contudo, é tida como muito difícil de ocorrer segundo fontes da estatal em razão das mudanças que precisariam ser feitas no estatuto e na legislação, por exemplo, das estatais. Qualquer que seja a opção, trata-se de uma operação considerada de alto risco político e financeiro, dada as regras de governança da estatal. O mandato de Silva e Luna dura até março de 2023. Não há sinais na Petrobras de que isso possa ocorrer.

    A leitura predominante é de que o contexto político — as eleições nacionais deste ano – têm sido o principal ponto a influenciar na postura do presidente Jair Bolsonaro nos ataques à estatal.