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    Índia vai limitar exportações de açúcar para controle da inflação

    País também deve reduzir importações de óleo de palma para mínimas de 11 anos em meio a maior adesão ao óleo de soja

    Diksha Madhokdo CNN Business*

    em Nova Déli

    A Índia vai restringir a venda de açúcar nos mercados internacionais, decisão que vem poucos dias após a proibição de exportações de trigo.

    Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (25), o governo indiano disse que limitará as exportações de açúcar a 10 milhões de toneladas para a temporada de comercialização que vai até setembro para manter os preços sob controle.

    Os vendedores também foram solicitados a buscar “permissão específica” das autoridades para qualquer exportação de açúcar entre 1º de junho e 31 de outubro.

    A Índia é o maior produtor mundial de açúcar e o segundo maior exportador, atrás apenas do Brasil. O governo de Narendra Modi disse que precisa tomar medidas para manter os estoques de açúcar no país após “crescimento sem precedentes das exportações” no ano passado e na atual temporada.

    A medida para limitar as exportações ocorre em um momento em que a inflação anual no varejo na terceira maior economia da Ásia atingiu 7,8%, nível mais alto em quase oito anos, em abril.

    É também outro sinal do crescente protecionismo alimentar em todo o mundo, já que os principais produtores reduzem as exportações agrícolas, aumentando o choque de oferta desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro.

    A Ucrânia e a Rússia juntas respondem por cerca de 30% de todas as exportações de trigo.

    No atual ano de comercialização, que vai de outubro de 2021 a setembro de 2022, as usinas de açúcar indianas assinaram até agora contratos para exportações de cerca de 9 milhões de toneladas.

    Nos últimos 12 meses, o país embarcou 7 milhões de toneladas do adoçante para o exterior, a maior quantidade dos últimos anos, segundo dados do governo.

    Os contratos futuros de açúcar branco estavam sendo negociados em alta de 1%, a US$ 556,50 por tonelada métrica na quarta-feira em Londres. Eles ganharam 13% desde o início de janeiro e são cerca de 26% maiores do que no ano passado.

    A invasão da Ucrânia pela Rússia contribuiu para um choque histórico nos mercados de commodities que manterá os preços globais altos até o final de 2024, disse o Banco Mundial no mês passado.

    Os preços dos alimentos devem subir 22,9% este ano, impulsionados por um aumento de 40% nos preços do trigo, acrescentou.

    No início desta semana, a Malásia decidiu restringir as exportações de frango para seus vizinhos, dizendo que “a prioridade do governo é nosso próprio povo”.

    E, poucos dias antes, a Índia havia proibido as exportações de trigo, já que as ondas de calor ameaçam a vida paralisando a produção e empurrando os preços locais para níveis recordes.

    O país é o segundo maior produtor mundial de trigo depois da China, mas não é um grande exportador da commodity.

    Falando no Fórum Econômico Mundial em Davos na terça-feira, o ministro do Comércio da Índia, Piyush Goyal, disse que “nossa regulamentação de exportação não deve afetar os mercados globais”.

    “Continuamos a permitir exportações para países e vizinhos vulneráveis”, acrescentou.

    Apesar dessas garantias, as restrições da Índia ressaltam a fragilidade da situação alimentar global. Os compradores globais esperavam que os embarques de trigo indiano ajudassem a preencher a lacuna criada pela guerra na Europa, que atingiu remessas vitais de exportações agrícolas.

    Plantação de óleo de palma ao lado de uma floresta queimada na província de Kalimantan do Sul, Indonésia / REUTERS/Willy Kurniawan

    Óleo de palma e de soja

    As importações de óleo de palma pela Índia podem cair quase um quinto, já que o óleo de soja, mais barato, tem conquistado maior participação de mercado, após a Indonésia ter restringido as exportações de óleo de palma e Nova Délhi ter permitido compras de óleo de soja com isenção de impostos, disseram comerciantes.

    As compras de óleo de palma pela Índia, maior importador de óleo vegetal do mundo, cairão 19%, para 6,7 ​​milhões de toneladas, no ano comercial que se encerra em 31 de outubro, de acordo com a previsão média de cinco revendedores. O volume seria o menor desde 2010/2011.

    Já as importações de óleo de soja podem saltar 57%, para um recorde de 4,5 milhões de toneladas, disseram eles.

    Essa mudança pode pressionar os preços do óleo de palma da Malásia e elevar as importações de óleo de soja para recordes, apoiando os preços futuros de óleo de soja nos EUA.

    A Índia permitiu na última terça-feira importações isentas de impostos de 2 milhões de toneladas de óleo de soja e óleo de girassol para o atual ano fiscal e os próximos que terminam em 31 de março, como parte dos esforços para conter os preços locais do óleo comestível.

    “A estrutura tornou a compra de óleo de soja mais atraente do que o óleo de palma”, disse Sandeep Bajoria, presidente-executivo do Sunvin Group, uma corretora e consultoria de óleos vegetais.

    O óleo de palma bruto estava sendo oferecido na Índia por cerca de US$ 1.775 a tonelada, incluindo custo, seguro e frete, para embarques em junho, em comparação com US$ 1.845 para óleo de soja bruto.

    Mas como o óleo de palma atrai 5,5% de imposto de importação, o preço efetivo para os compradores indianos é de 1.873 dólares, disse Bajoria.

    Nos primeiros seis meses do ano de comercialização, as importações de óleo de palma da Índia caíram 15%, para 3,23 milhões de toneladas, uma vez que as restrições da Indonésia reduziram a oferta e elevaram os preços.

    A Índia compra óleo de palma principalmente da Indonésia e Malásia, e importa óleo de soja principalmente da Argentina, Brasil e Estados Unidos.

    A Indonésia disse que suspenderia a proibição às exportações de óleo de palma, implementada em abril. O país do Sudeste Asiático é o maior produtor mundial do produto.

    *Com informações da Reuters

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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