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    Ibovespa registra maior ciclo de alta no pós-pandemia, mostra levantamento

    Segundo plataforma TradeMap, pontuação voltou aos níveis de agosto de 2021; para analistas, melhora do cenário econômico doméstico e resiliência global puxam otimismo

    Principal índice da bolsa brasileira fechou o pregão desta segunda em alta de 1,46%, aos 121.942 pontos
    Principal índice da bolsa brasileira fechou o pregão desta segunda em alta de 1,46%, aos 121.942 pontos REUTERS/Amanda Perobelli

    Amanda Sampaioda CNN

    São Paulo

    Em meio a sequência de quatro meses seguidos de valorização, o Ibovespa teve o maior ciclo de alta do pós-pandemia nesta segunda-feira (31), segundo a plataforma de investimentos TradeMap.

    O principal índice da bolsa brasileira fechou o pregão desta segunda em alta de 1,46%, aos 121.942 pontos.

    Na soma de julho, o indicador valorizou 3,26%.

    De acordo com a plataforma, a pontuação voltou aos níveis de agosto de 2021 e está a 6,28% da maior pontuação histórica, de 130.776 pontos, registrada em 7 de junho de 2021.

    Segundo analistas, o bom momento é justificado pela melhora do cenário econômico do país, junto com a expectativa de queda dos juros nos próximos meses.

    O cenário externo também deu sustentação ao bom humor, principalmente pela resiliência das principais economias do globo em meio ao aumento coordenado dos juros.

    Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, a bolsa brasileira tem sido impulsionada por vários fatores, como o andamento do marco fiscal e da reforma tributária, além da melhora das notas de crédito do Brasil.

    “Com tudo isso, o dólar começou a cair, a inflação caiu também… Isso tem ajudado muito na nossa economia”, afirma.

    Carvalho acrescenta que a expectativa do mercado continua em torno do início dos cortes na taxa de juros, e que a bolsa já tem reagido bem a um possível afrouxamento monetário.

    “A bolsa andou bastante, porque ela já coloca na conta que os juros devem fechar o ano na casa, por exemplo, dos 12%. O mercado de bolsa olha para frente”, avalia.

    “Os juros em queda destravam mais ainda esse potencial da nossa bolsa de valores […] Uma bolsa barata atrai investidores estrangeiros, e com juros caindo, o investidor brasileiro também deve começar a procurar esses ativos”, afirma.

    Para Carvalho, o índice Ibovespa deve continuar subindo caso o cenário externo não tenha surpresas daqui para frente.

    Já Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, avalia que o resultado se deve a pontos importantes que foram colocados em pauta no último semestre, como discussões mais concretas em torno da queda da Selic.

    “Com isso, papéis que são mais sensíveis aos juros, como os de construção civil e consumo, repercutiram de forma positiva”, analisa.

    Caruso também destaca uma “descompressão” importante do prêmio de risco, como a melhora da nota do Brasil por parte de agências.

    “Isso também acaba sendo positivo para os ativos de risco, a exemplo da bolsa”, comenta.

    Por fim, o economista também vê como um ponto importante o cenário internacional.

    “No primeiro semestre, a gente viu aquela possibilidade de recessão ser totalmente postergada nos Estados Unidos e na China”, diz.

    “Além disso, a Europa também acabou tendo um inverno não tão rigoroso, o que também desenhou uma atividade econômica que não sofreu tanto, apesar das incertezas na guerra da Ucrânia e no setor de energia, por exemplo”, complementa.

    Na visão de Caruso, o primeiro semestre de 2023 revelou uma economia global mais resiliente, o que culminou em uma menor inflação global.

    “Com tudo isso, a bolsa americana, por exemplo, teve uma sequência muito positiva de retornos, e isso acaba transbordando para o Brasil”, avalia.

    Para os próximos meses, Caruso acredita que os setores mais sensíveis à queda de juros devem continuar se beneficiando da discussão da queda na Selic no país.

    “De qualquer forma, olhando para métricas de valor de mercado da bolsa, ela ainda está bastante descontada […]. Eu desconfio que a gente ainda termine o ano em patamares melhores do que a gente está vendo”, finaliza.

    Veja abaixo os movimentos de alta do Ibovespa pós-pandemia, segundo levantamento da plataforma TradeMap.

    • Primeiro rally: Início em 26 de fevereiro de 2021 e encerramento em 7 de junho de 2021. Valorização de 18,85% em 69 pregões
    • Segundo rally: Início em 5 de janeiro de 2022 e encerramento em 1º de abril de 2022. Valorização de 20,36% em 61 pregões
    • Terceiro rally: Início em 14 de julho de 2022 e encerramento em 21 de outubro de 2022. Valorização de 24,77% em 89 pregõe
    • Quarto rally (atual): Início em 23 de março de 2023 e, até 26 de julho de 2023, registra valorização de 25,16% em 86 pregões

    Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, associa o resultado à melhora da economia, especialmente à queda na inflação.

    Para o especialista, um possível início do corte nos juros nos próximos meses deve ajudar nos resultados do índice.

    “Quando você tem corte [nos juros], você costuma ter uma sequência de corte […]. Então, eu acho que a gente pode esperar, talvez, mais um ou dois meses de rally. Daí para frente, já é prever o futuro”, avalia.

    No entanto, na visão de Brasil, é preciso que o Ibovespa se mantenha acima dos 120 mil pontos.

    “Se ele manter, aí a gente tem espaço, pensando em análise gráfica e tudo mais, para chegar a 140 mil pontos, talvez até 150 mil”, afirma.

    O especialista acredita que, mesmo que o índice tenha queda, ele terá um ajuste saudável.

    “Talvez para 115 mil ou 110 mil pontos, alguma coisa nesse sentido”, completa.

    “Porém, se os investidores se empolgarem muito, dependendo da queda de juros, a inflação deve dar uma subida em tudo ficar como previsto. Eu julgo que a gente ainda tem fôlego aí para subir mais 10%”, conclui.