Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Huawei vê Biden e Trump equivalentes: ‘problemas vêm desde 2012’, diz diretor

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A queda de braço entre China e Estados Unidos, nos campos comercial e geopolítico, alcançou também muitas empresas privadas. Nessa linha, a telecom Huawei foi uma das companhias que mais viu seus negócios afetados, juntamente com o aplicativo de edição e compartilhamento de vídeos TikTok.   

    E há um motivo claro para isso: ambas atuam no meio das comunicações e são acusadas pelos Estados Unidos de vazar dados de usuários ocidentais para o governo chinês. A coisa escalou tanto que os americanos estão pressionando ativamente seus aliados para que recusem a infraestrutura da Huawei na implementação do 5G.

    No Brasil, isso ocorre através da figura de Todd Chapman, embaixador dos EUA por aqui. Em entrevista ao CNN Brasil Business, Atílio Rulli, diretor sênior de relações públicas e governamentais da Huawei Brasil, não enxerga a atuação como fato isolado promovido pelo governo Trump.

    Leia também:
    Consumo dá sinal positivo e China pode liderar recuperação econômica global
    EUA querem Brasil em ‘rede limpa’ de 5G, sem Huawei, diz embaixador americano

    “Essas pressões são geopolíticas e ocorrem há muitos anos, desde 2011 e 2012, com o governo Obama. Mesmo assim, conseguimos um crescimento robusto e sustentável”, diz. “A Huawei é, sem dúvidas, a empresa de telecom mais testada do mundo. Pelo fato de sofrer pressões, sofrer ataques, temos orgulho de ter uma estrutura muito grande em segurança cibernética.”

    Com isso, o executivo mostra não esperar grandes mudanças no cenário norte-americano, mas enxerga o Brasil de forma diferente. Rulli afirma que a empresa segue participando normalmente dos testes do 5G e que sua estrutura de 4G já presente por aqui, a maior do país, é uma ótima fundação para a nova tecnologia.

    “Já estamos fazendo testes desde o ano passado com todas as grandes operadoras e, inclusive, alguns procedimentos solicitados pela Anatel”, explica Atilio. “O impacto (de um banimento) seria muito grande, imensurável. É óbvio que atinge diretamente nossos principais clientes, as operadoras, e indiretamente o cliente final, que são os consumidores, a sociedade, o mercado corporativo.”

    A Huawei, que já havia aumentado seu faturamento em 19% no ano de 2019, avançou outros 13% no primeiro semestre de 2020, gerando uma receita de US$ 64,9 bilhões. 

    Empresa avança em vários setores

    Mesmo com seu futuro incerto em alguns países, os números mostram que a Huawei não está baixando a guarda. Rulli afirma que há estados de maturação diferentes nos 170 países em que a empresa está presente, mas alguns setores como a computação em nuvem e a inteligência artificial permeiam o futuro da empresa.

    “A inteligência artificial está nos nossos dispositivos inteligentes, na nuvem, em produtos específicos. É uma unidade de negócios muito forte, que tem crescido muito”, diz. “A tecnologia em nuvem também é um segmento muito grande – muito grande mesmo. Ainda somos entrantes no Brasil, mas o mercado endereçável é enorme.”

    Nessa linha, a gigante chinesa anunciou nos últimos dias a chegada do Harmony OS 2.0, sistema operacional que permeia todos os dispositivos da marca.

    “O Brasil é um mercado bastante consolidado sobre o ponto de vista de consumidores. Nós estamos, cada vez mais, tomando decisões estratégicas sobre quais serão os produtos lançados aqui”, diz.

    “Principalmente na área de dispositivos inteligentes e naqueles voltados para unidades domésticas, como wi-fi residenciais. Como o Harmony estará presente em tudo, as próximas versões dessa linha de produtos no Brasil devem já conter Harmony OS fazendo parte da plataforma.”

    Confira a entrevista completa:

    Em sua última entrevista para a CNN, no dia 30 de julho, você falou que confia que o Brasil vai manter o 5G da Huawei no país. Algo mudou de lá para cá?

    Continuamos reforçando a posição de contribuirmos com a implantação e evolução do 5G no Brasil, sempre salientando que a Huawei não participará do leilão, e sim as operadoras. São elas que vão comprar as frequências, então seguimos com as contribuições, com as consultas públicas que o governo tem feito, com a ANATEL.

    Seguimos colaborando tecnicamente com todas as demandas do governo e de instituições que estão correlacionados com o 5G. 

    A Huawei está presente com o 4G no Brasil e já está realizando testes do 5G por aqui. Qual seria o prejuízo caso haja alguma sanção contra a empresa?

    Já estamos fazendo testes desde o ano passado com todas as grandes operadoras e, inclusive, alguns procedimentos solicitados pela Anatel. Temos um ambiente de testes permanente no BIOTIC, Parque Tecnológico de Brasília, estamos colaborando com os testes de interferência da TV RO.

    – O impacto seria muito grande, imensurável. É óbvio que atinge diretamente nossos principais clientes, as operadoras, e indiretamente o cliente final, que são os consumidores, a sociedade, o mercado corporativo.

    Não temos essa mensuração, mas é um número absolutamente grande e esperamos não ter que fazer nenhum tipo de conta nesse sentido.

    Esse impasse atrapalha em algum aspecto a implementação do serviço de 5G da Huawei no Brasil ou a empresa segue avançando normalmente?

    A infraestrutura existente hoje no Brasil é bem robusta. É óbvio que ainda tem um caminho bem longo a crescer, mas eu queria acrescentar um ponto na sua pergunta, a questão do impacto que têm as Leis das Antenas. 

    O governo federal recentemente colocou em pauta uma atualização da Lei das Antenas, mas sabemos que essa competência de liberação instalação de infraestrutura é municipal. Várias cidades evoluíram muito nas suas legislações próprias, com muita agilidade, instalações em menos de um mês. 

    Em outras cidades, como São Paulo, o tempo para instalação de uma torre pode passar de dois anos até conseguir aprovação. Por isso, um dos maiores impactos no desenvolvimento e implantação de sistemas é esbarrar na infraestrutura/legislação.

    Quanto à infraestrutura de 4G, hoje ela trabalha numa certa frequência que permite trabalhar o 5G com uma cobertura bem razoável. A questão que é muito falada sobre precisar de muito mais torres aplica-se para as ondas milimétricas.

    Na frequência de 3.5 Ghz, que são as mais utilizadas no 5G, você já conseguiria, em um quilômetro quadrado, cobrir um milhão de dispositivos ou um milhão de pessoas. Isso já é um número muito grande, você não precisa expandir tanto a quantidade de antenas/torres. Isso vai ocorrer somente para aplicações específicas das ondas de mais alta frequência. 

    Os Estados Unidos têm pressionado o Brasil para aderir à sua “rede limpa” de 5G. Vocês também estão realizando pressão do outro lado?

    Essa pressão é geopolítica. Nossa empresa é 100% privada e estamos presentes em 170 países. Temos, só no segmento de operadoras, mais de 500 empresas como clientes e nunca tivemos nenhum problema de segurança. 

    Mas sofremos essas acusações não é de hoje. Elas já vêm de algum tempo, mesmo dentro de governos anteriores dos Estados Unidos. A Huawei é, sem dúvidas, a empresa de telecom mais testada do mundo.

    Pelo fato de sofrer pressões e ataques, temos orgulho de ter uma estrutura muito grande em segurança cibernética. Nós trabalhamos com base nas informações dos nossos clientes e no retorno dos nossos clientes. Nenhuma dessas acusações foi comprovada até o momento. 

    A empresa possui preferência entre os candidatos à presidência dos EUA?

    Nós temos que continuar fazendo o nosso trabalho. Não só no segmento de operadoras, mas também no mercado corporativo, no mercado de enterprise. Independente do candidato A ou B ou do presidente anterior.

    A Huawei sempre trabalhou seguindo as leis de todos os 170 países em que tem operação, e repito, não tivemos nenhum tipo de problema comprovado vindo dos nossos clientes. 

    – Essas pressões ocorrem há muitos anos, desde 2011 e 2012, com o governo Obama. Mesmo assim, conseguimos um crescimento robusto e sustentável.

    Em 2019, fechamos com crescimento de 19% em relação a 2018, mesmo se tratando de um ano muito complicado economicamente.

    O ano de 2020 está sendo mais complicado ainda, mas conseguimos resultado positivo do primeiro semestre, com 13% de crescimento ano sobre ano. Os problemas foram potencializados, mas nem por isso deixamos de investir.

    Quais áreas têm se destacado na empresa, trazendo esse incremento de receita mesmo num momento de crise como esse? 

    Os setores têm índices de maturidades diferentes em cada um de 170 países em que operamos, mas gostaria de destacar algumas tecnologias que temos investido muito nos últimos anos. 

    Nós temos a Inteligência Artificial permeando quase todo o portfólio dos nossos produtos. Nos nossos dispositivos inteligentes, na nuvem, produtos específicos de inteligência artificial. É uma unidade de negócios muito forte, que tem crescido muito.

    A parte de nuvem também. No ano passado, a Huawei lançou a unidade de Cloud no Brasil, em São Paulo. Já tínhamos esse negócios há 3 anos no mundo, mas no Brasil o lançamento foi no final de 2019. É um segmento muito grande, muito grande mesmo. Ainda somos entrantes no Brasil, mas o mercado endereçável é enorme e demanda de Cloud é muito grande.

    Com as pessoas voltando às suas rotinas, já dá para ter uma clareza de quais áreas da empresa cresceram mais durante a pandemia? Algum setor foi pressionado?

    Durante o Painel Telebrasil, que ocorreu nos últimos dias, vimos os presidentes das grandes operadoras mencionarem o crescimento do tráfego de dados. Este número avançou em média 40% em relação ao período pré-março. 

    Que bom que o Brasil tem uma estrutura super robusta, altamente disponível. Não tivemos, com esse crescimento de 40% do volume de dados, nenhuma interferência na disponibilidade ou queda de velocidade. 

    Eu entendo que essa área da transformação digital sofreu uma aceleração antecipada. Nós já estávamos num ritmo grande, mas ela sofreu essa aceleração e felizmente a estrutura de telecomunicações básicas do Brasil sobreviveu robustamente a essa alta demanda sem traumas.

    A Huawei tem orgulho de fazer parte desse ecossistema que dá a estrutura de telecom do Brasil. Eu entendo que sofreu esse aumento de demanda, mas os investimentos em todas as áreas estão crescendo, algumas mais outras menos no segmento de TIC, mas isso está acelerando essa infraestrutura. 

    Por conta disso, vimos ainda uma corrida muito grande pelas ações de tecnologia. Enxergam isso como uma tendência duradoura ou deve continuar oscilando?

    Essa pergunta não é tão simples de responder. Eu gostaria de ter todas essas respostas mais seguramente, com dados de previsibilidade. Mas, sobre o ponto de vista de tendências, este movimento deve ser cíclico. 

    As tecnologias disruptivas que estão sendo implementadas, como a internet das coisas, o uso massivo de da tecnologia de nyvem, estão permitindo com que segmentos melhorem seus negócios. Um exemplo disso é o comércio eletrônico. E-commerce é muito baseado na nuvem, na inteligência artificial.

    Então existem esses crescimentos. Alguns vão continuar com sustentabilidade, outros vão ser cíclicos. As novas tecnologias elas vão sendo lançadas, mas a maturidade delas são diferentes. Então, eu diria que este movimento será mais para mais cíclico do que constante.

    Falando em aplicação de novas tecnologias, vocês lançaram uma nova versão do sistema operacional de vocês, o Harmony OS 2.0. Quando essa tecnologia vem para o Brasil e quais são os grandes diferenciais do sistema?

    O Harmony é uma plataforma. Além de ser um sistema operacional, ele permeia os dispositivos inteligentes da Huawei. Ele não é um concorrente ou substituto do sistemas operacionais atuais dos celulares. Ele é um complemento que engloba plataforma da parte dos wearables, da parte dos tablets, é uma plataforma da nossa linha de consumer business.

    Leia também:
    Alibaba, Baidu: saiba como investir em fundos e ações de empresas da China
    Guerra Fria 2.0: o que o caso TikTok diz sobre a nova relação entre China e EUA

    Quando você fala em plataforma, as novidades são a integração entre dispositivos, a comunicação entre dispositivos, a facilidade. É uma base de informações que você permite uma facilidade de implementações e até de manuseio. 

    – O Brasil é um mercado bastante consolidado sobre o ponto de vista de consumidores. Nós estamos, cada vez mais, tomando decisões estratégicas sobre quais serão os produtos lançados aqui. 

    Principalmente na área de dispositivos inteligentes, dispositivos para as unidades domésticas, como wi-fi residenciais. Como o Harmony estará presente em tudo, as próximas versões dessa linha de produtos no Brasil devem já conter Harmony OS fazendo parte da plataforma. 

    Clique aqui para acessar a página do CNN Business no Facebook

     

    Tópicos