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    Haddad defende caminho do meio, afaga Congresso e critica Guedes sem citá-lo

    Ministro promete dar sustentabilidade às contas públicas e costurar uma nova regra fiscal, mas não antecipou detalhes desse plano

    Fernando Haddad, ministro da Fazenda
    Fernando Haddad, ministro da Fazenda Marcelo Camargo/Agência Brasil

    Fernando Nakagawado CNN Brasil Business

    em São Paulo

    O caminho do meio será a estratégia do novo ministro da Fazenda. No discurso de posse, Fernando Haddad defendeu que a nova equipe econômica deve buscar a convergência ao se posicionar entre o desejo e o possível. Com esse plano, promete dar sustentabilidade às contas públicas e costurar uma nova regra fiscal, mas não antecipou detalhes desse plano. O novo ministro aproveitou ainda para afagar o Congresso Nacional e também criticar o, agora, ex-ministro Paulo Guedes.

    “Se você propõe uma meta inalcançável, você não tem meta nenhuma. Se você propõe uma meta que não seja ambiciosa, você não motiva o país. É nesse equilíbrio fino entre a ambição e a factibilidade que nós vamos exercer o nosso mandato”, resumiu Haddad no discurso de posse na manhã desta segunda-feira. Esse caminho do meio foi a mensagem central do discurso de 28 minutos do novo ministro.

    Haddad defende que a busca pela convergência deve acontecer em várias frentes. Citou como exemplo a relação entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central, agora independente. “Não existe política fiscal ou monetária isoladamente. O que existe é política econômica, que precisa estar harmonizada”, disse.

    “Precisamos buscar um entendimento da autoridade fiscal e da autoridade monetária buscando equilíbrio”. Haddad acredita que, com uma política fiscal crível, o real vai se valorizar – o que ajudará no controle da inflação.

    Relação com o mercado

    Ao contrário das críticas ao mercado financeiro feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discursos recentes, Haddad usou tom respeitoso ao falar sobre os agentes econômicos. Disse que é preciso reestabelecer a confiança dos investidores e dos cidadãos.

    O novo ministro diz que “não existe mágica, nem malabarismos financeiros” na gestão da economia, e defendeu que a gestão deve ter “previsibilidade econômica, confiança dos investidores e transparência com as contas públicas”. Essa credibilidade, diz, será construída com “metas objetivas, demandantes, mas factíveis para entregar para o país a confiança que ele necessita para voltar a crescer”.

    Nesse esforço para reconquistar a credibilidade, o novo ministro diz que gosta de um Estado forte, mas “não um Estado grande, obeso”. “É um Estado que entrega com responsabilidade”, disse.

    No discurso de meia hora, Haddad elogiou duas vezes o esforço do Congresso Nacional que aprovou a PEC que abriu espaço para o pagamento do Bolsa Família. Para o ministro, a aprovação do texto antes mesmo da posse é sinal da importância do “diálogo com o Congresso com bons argumentos, espírito aberto, com humildade”.

    Rede de postos

    Para terminar, Haddad não citou o nome do, agora, ex-ministro Paulo Guedes, mas o criticou algumas vezes. Disse que a transição entre as duas equipes econômicas foi “péssima”. O tom é bem diferente do ouvido nos últimos dias, quando Haddad chegou a elogiar os encontros com o ex-ministro.

    “É muito ruim concentrar todos os ovos numa cesta. E foi isso que foi feito. Nós queremos agir colegiadamente. Queremos ouvir a sociedade. Não estamos aqui para dar aula”, disse o ministro da Fazenda. Em Brasília, Guedes é citado como eloquente na argumentação e que, às vezes, usa tom professoral em reuniões.

    O novo ministro fez, até, uma brincadeira com o apelido de Paulo Guedes. “Éramos o posto Ipiranga, e agora somos uma rede de postos. São quatro que vão fazer a diferença no Brasil”, disse, ao citar os ministros da área econômica: Esther Dweck (Gestão), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), além do próprio Haddad.