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    Hábitos da pandemia permanecem e tecnologia estimula setor de serviços em abril

    Alta em informação e comunicação tem grande relevância econômica para o país e, na avaliação de economistas, contribui para a geração de empregos e para o desenvolvimento tecnológico

    Nathalie Hanna Alpacada CNN* , Rio de Janeiro

    Aceleradas pela pandemia da Covid-19, as reuniões virtuais de trabalho e as aulas online não só vieram para ficar, como também influenciam diretamente na retomada da economia.

    Informação e comunicação (0,7%) e serviços prestados às famílias (1,9%) foram os dois itens que impulsionaram a alta registrada pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), referente aos resultados do setor em abril, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

    O economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rodolpho Tobler, ressalta que o resultado sobre o item “informação e comunicação” voltou a subir e está nos níveis mais altos da série histórica. Segundo ele, houve uma mudança no padrão de consumo e o aumento foi puxado pela dependência que as pessoas têm da tecnologia atualmente.

    “As pessoas começaram a demandar mais prestações de serviços. Até as empresas estão adotando mais questões tecnológicas para conseguir se adaptar ao novo mundo mais virtual. Naturalmente, o segmento ganhou um espaço muito grande nesse período de pandemia e continuou se mantendo em um patamar mais alto. Não teve nenhum fator excepcional que justificasse essa alta. Na verdade, é uma tendência que ocorre há meses, principalmente, desde o início da pandemia”, ressalta.

    Ao todo, a pesquisa considera cinco itens. Além dos responsáveis pela alta do índice, transportes (-1,7%), profissionais administrativos e complementares (-0,6%), e outros serviços (-1,6%) também são avaliados na PMS.

    O especialista acrescenta que os segmentos sofreram muito com o isolamento social e que as pessoas precisavam evitar, porque o consumo dos serviços era feito de forma presencial.

    “Agora a população está voltando a consumir, à medida que as restrições estão sendo flexibilizadas. É importante lembrar que, nesse mês específico de abril, ocorreu o carnaval fora de época nas principais cidades do país. O evento movimenta bastante o segmento de serviços prestados às famílias, principalmente, a alimentação fora de casa”, analisa.

    Apesar de os serviços às famílias, que englobam gastos com educação, academia, alojamento, entre outras despesas, terem registrado um resultado positivo nos últimos meses, Rodolpho Tobler, ressalta que o índice ainda está cerca de 10% abaixo do nível pré-pandemia.

    Para o economista e professor da Ibmec Thiago Moreira, a alta no setor tem grande relevância econômica para o país. Segundo ele, o crescimento não só contribui com a geração de empregos, como também ajuda no desenvolvimento tecnológico do Brasil.

    “Existem atividades em que a transformação digital não chega. O caso dos serviços às famílias é uma delas. Não tem como um robô fazer o trabalho de um garçom, por exemplo. Nos hotéis, bares e restaurantes, essa digitalização tem um limite”, afirma.

    O economista acrescenta que o segmento de “informação e comunicação” já é diferente. De acordo com ele, “o investimento é mais em capital e tecnologia. Em algum grau, sempre teremos uma dependência digital, porque o Brasil tem essa defasagem. Mas, na verdade, não é necessário zerar a dependência, e sim, ter uma política pública que consiga identificar nichos nas empresas brasileiras para ter capacidade competitiva para contribuir no progresso da ciência”.

    *estagiária sob supervisão de Fernanda Soares

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