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    Há economistas qualificados para assumir o lugar de Guedes, diz Moody’s

    Segundo Gersan Zuritta, vice presidente da agência de classificação de risco, eventual saída de Guedes não seria tão preocupante para o Brasil

    Thais Herédiada CNN

    A permanência de Paulo Guedes e a manutenção do teto de gastos públicos. Estas são as duas maiores dúvidas que rondam a condução da política econômica do país.

    Para a Moody’s, agência de classificação de risco, cresce a dúvida sobre qual estratégia o governo de Bolsonaro vai adotar para trazer de volta o equilíbrio fiscal depois que a pandemia acabar. A solução chega a ser mais importante do que se Guedes fica ou não à frente do Ministério da Economia. 

    “Claro que nos preocupa a situação de Paulo Guedes. Ele tem uma visão de responsabilidade fiscal que é importantíssima para nós. Tem também a visão de reduzir o tamanho do Estado, do gasto publico. Mas sua saída [se acontecesse] não seria preocupante porque o Brasil tem outros economistas qualificados que poderiam fazer esse trabalho”, disse Gersan Zuritta, vice-presidente sênior da Moody’s, em entrevista exclusiva à CNN. 

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    Zuritta afirma que não há uma luz amarela acesa no acompanhamento da crise que se desenrola entre o chefe da Economia e o resto do governo Bolsonaro. Os analistas da Moody’s estão em “observação com alguma preocupação”, mas sem força para provocar uma mudança na perspectiva sobre a nota de classificação de risco dada ao Brasil.

    A dúvida que incomoda é sobre as soluções que serão apontadas pelo governo para evitar que o país perca o rumo. 

    “Quando o governo fala de em mudar ou flexibilizar as regras fiscais, nós precisamos saber o que vão fazer para não perder a credibilidade. O que estão oferecendo para voltar ao equilíbrio fiscal no pós-Covid? A boa noticia é que o Brasil tem opções para garantir isso”, reforçou Zuritta.

    Ele alerta para o risco de o país acionar “jeitinhos” para mudar a política fiscal, como contabilidade criativa ou algo que fira a institucionalidade instalada. 

    “Para a trajetória da nota de risco, dependendo do jeito da mudança que o governo quiser fazer no fiscal,  do ponto de vista jurídico, há um fator bem negativo. Algum tipo de jetinho, o que for extra jurídico, que não for 100% constitucional. Para jogar o teto de gastos fora, tem que fazer uma nova PEC. Para nós, e também para o mercado financeiro, não precisa mexer, pode manter o teto e produzir economia significativa de gastos mexendo no balanço de ativos gigantesco do governo”, afirmou. 

    Agenda liberal

    O que Zuritta chama de balanço da União é a quantidade de estatais. Ele faz questão de dizer que não é tarefa da Moody’s oferecer recomendações de política fiscal.

    Mas aponta que um bom programa de privatizações, ou até mesmo de fechamento de empresas que apresentam alto custo e risco fiscal para o governo, pode ajudar a melhorar a receita da União e reduzir gastos. O executivo da Moody’s cita também o enxugamento da folha salarial do setor público. 

    O vice-presidente da agência se disse surpreso com o ritmo de retomada da economia depois do pior da pandemia ter passado.

    Ele aponta que a recuperação aqui segue com maior intensidade do que em muitos mercados emergentes. O que seria uma boa oportunidade para tratar das reformas e cuidar do equilíbrio fiscal do país, exatamente como dita a agenda liberal de Guedes. 

    “A agenda liberal ainda não está ameaçada. Há espaço para fazer muitas coisas, mas vai ser mais devagar. Não dá mais para ser tão rápido quanto queria Paulo Guedes”, pondera.

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