Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Guerra reforça investimentos de perfil conservador, apontam consultores

    Cenário internacional atrapalha diversificação e especialistas apostam em capital especulativo no Brasil

    Investimentos conservadores: Já havia uma tendência de que esse cenário já se desenhava pela pandemia de Covid-19 e por conta do ano eleitoral
    Investimentos conservadores: Já havia uma tendência de que esse cenário já se desenhava pela pandemia de Covid-19 e por conta do ano eleitoral Towfiqu barbhuiya/ Unsplash

    Beatriz Puenteda CNN Rio de Janeiro

    A expectativa de que 2022 fosse o ano em que a inflação perderia força ficou para atrás com o início dos ataques militares da Rússia à Ucrânia.

    Segundo consultores de investimentos ouvidos pela CNN, a guerra reforçou o perfil conservador que os investidores devem tomar neste momento, com preferência por títulos atrelados à inflação e Selic.

    Já havia uma tendência de que esse cenário já se desenhava pela pandemia de Covid-19 e por conta do ano eleitoral.

    Com os bombardeios, mais de um milhão ucranianos refugiados e dificuldade nas negociações de cessar-fogo, a guerra cravou a manutenção da preferência por ativos de baixo risco, como explica Aurélio Valporto, presidente da Associação dos Investidores Minoritários do Brasil (Abradin).

    “É natural que em um momento de crise, os investidores corram para ativos mais seguros, como ouro ou títulos públicos. É uma tendência mundial, não só no Brasil”, explica.

    Outro ponto que contribui para o cenário é a dificuldade de diversificação geográfica. Em tese, com o cenário pouco favorável para investimentos no Brasil, por questões macroeconômicas, como inflação alta, os investimentos no exterior ganham força.

    Porém, com a guerra, o capital acaba deslocado para títulos de renda fixa, como explica Felipe Fonkert, sócio da Rio Capital Investimentos.

    “Com esta guerra, somada aos fatores já existentes de pandemia e alta inflacionária global, a gente perde muita confiança internacional, e, como assessor de investimento, as opções se tornam cada vez mais limitadas.”

    “Não é o principal motivo para a fuga para renda fixa, mas contribui. A Selic está alta. Se temos um ativo livre de risco que vai bater 12%, 13%, ativos de risco se tornam menos atraentes. O cenário internacional impacta no sentido de não ter para onde correr”, explica o assessor de investimentos.

    Os especialistas explicam que Rússia é uma economia emergente e, com os constantes conflitos, o Brasil surge como uma opção atrativa para investimentos estrangeiros, com commodities, juros altos e bolsa barata.

    Para o presidente da Abradin, esses investidores geralmente são brasileiros de fora ou pessoas que conhecem bem o Brasil, que já têm escritórios no país.

    O diretor de alocação da Acqua-Vero Investimentos, Antonio Van Moorsel, pontuou que a grande incógnita neste momento é o tempo que esse capital investido permanecerá no Brasil, com a indefinição sobre um desfecho dos conflitos.

    “Vamos ter que dar uma dose extra de conservadorismo em 2022. Tivemos em 2021 cerca de R$ 70 a R$ 80 bilhões de capital estrangeiro. Em 2022, só em janeiro e fevereiro, foram R$ 50 bilhões. Por isso acredito que iremos receber esses investimentos, a questão é: por quanto tempo?”, avalia Van Moorsel.