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    Guerra, câmbio e defasagem: especialistas veem cenário de alta dos combustíveis

    Segundo associação de importadores de combustíveis, defasagem do preço da gasolina já chega a 26%

    Beatriz PuenteFabiana LimaThayana Araújoda CNN , no Rio de Janeiro

    A semana começa com o barril de petróleo cotado a R$ 619,03 no mercado internacional. Da perspectiva do consumidor que abastece seu veículo nos postos, o preço do litro da gasolina, em média, consome R$ 6,60.

    Mas segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os brasileiros estão pagando menos do que deveriam. A defasagem de preço bate os 26% em relação aos valores praticados no mercado internacional.

    Para o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alberto Ajzental, a distância é ainda maior.

    “Se a defasagem calculada pela Abicom fosse repassada ao consumidor, o preço do litro da gasolina chegaria a R$ 9,13. Mas, considerando o último câmbio, a diferença chega a 38%. Vale lembrar que só no ano passado, a gasolina subiu em 50%”, destaca o professor.

    De acordo com o IBGE, o preço do combustível representa cerca de 6% do orçamento das famílias. O impacto do aumento do preço dos combustíveis inclui, também, o frete de vários produtos pelo país.

    “O diesel corresponde a 50% do valor do frete. Se o combustível subir 30%, o frete vai subir 15%”, ponta Ajzental.

    O cenário mundial lança uma previsão ainda mais crítica de elevação de preços, com a guerra no leste europeu. Há 52 dias os valores da gasolina não são reajustados pela Petrobras.

    Diego Malagueta, doutor em planejamento energético e professor da UFRJ, explica como o conflito altera o comportamento do mercado.

    “Com os ataques à Ucrânia paira a incerteza se haverá disponibilidade de recursos energéticos. Com isso, algumas nações tendem a se mobilizar para fazer reservas de petróleo. Países importadores antecipam suas compras para aumentar estoques e exportadores podem diminuir a saída de produção para guardarem para si. O resultado direto é a subida dos preços e consequentemente, do dólar”, explica.

    O cenário é de preocupação. Em 2021, o Brasil chegou a 10,06% de inflação oficial, aferida pelo IBGE. A gasolina correspondeu a 30% deste total.

    Somando a outros derivados, mais da metade da inflação foi impulsionada pelo mercado energético. Mesmo com o fim dos conflitos no leste europeu, a normalização dos preços, segundo os especialistas, ainda vai demorar.

    “Petróleo está sim subindo e não há dúvida disso. E dificilmente irá voltar, mesmo se pacificar, não vai acontecer tão cedo. A cada atraso do reajuste, aumenta a defasagem. Considerando que ela (Petrobras) mantenha a política de preços, aumenta a defasagem e a aumenta a probabilidade de que venha sobrepreço de gasolina e diesel na refinaria, que reflete nos postos”, explica o professor da FGV.

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