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    Governo vê mais espaço para queda da Selic com estresse bancário nos EUA

    Na visão do governo brasileiro, o risco de uma economia mundial mais desaquecida e com commodities mais baratas diminui pressões sobre a inflação

    Marcello Casal Jr/Agência Brasil

    Daniel Rittnerda CNN

    em Brasília

    O governo brasileiro acredita que a falência do Silicon Valley Bank (SVB) deverá encurtar e suavizar o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, com impactos potencialmente favoráveis para a taxa de câmbio e de juros no Brasil.

    Até o episódio envolvendo o SVB e o fechamento do Signature Bank, o mercado vinha apostando em mais algumas rodadas de aumento dos juros americanos. Analistas falavam na possibilidade de alta das taxas para uma faixa entre 5,5% a 5,75%. A última elevação pelo Federal Reserve (Fed) ocorreu no começo de fevereiro, quando a banda dos juros foi para um intervalo de 4,5% a 4,75%.

    Para um integrante da equipe econômica, o estresse no sistema bancário nos Estados Unidos joga enorme incerteza sobre a continuidade da alta. No Ministério da Fazenda, citava-se que o Goldman Sachs já previa estabilidade dos juros na próxima reunião do Fed, que termina no dia 22 de março.

    De acordo com esse interlocutor, seria um cenário positivo para o Brasil. Por dois motivos. Primeiro: a interrupção do aumento de taxas nos Estados Unidos, além de uma perspectiva de cortes mais cedo do que se pensava inicialmente, pode fortalecer o real na comparação com o dólar (pelo diferencial dos juros). Segundo: reforça as chances de queda da Selic, no Brasil, ainda no primeiro semestre.

    Tudo isso, porém, faz parte de uma leitura que o próprio funcionário do governo chama de “copo meio cheio”. Olhando o “copo meio vazio”, como ele complementa em seguida, há incertezas: o risco de desaceleração da economia global, com a desconfiança crescente na saúde dos bancos americanos, e os reflexos que um nível de atividade mais lento teria sobre os preços de commodities — incluindo petróleo, minério de ferro e soja (os três principais itens de exportação do Brasil).

    As bolsas europeias fecharam nesta segunda-feira (13) em queda. O FTSE 100 caiu 2,58% em Londres; o índice DAX encolheu 3,04% em Frankfurt, o Ibex teve baixa de 3,31% em Madri.

    Na visão do governo brasileiro, o risco de uma economia mundial mais desaquecida e com commodities mais baratas também diminui pressões sobre a inflação. E isso constitui mais um fator pró-redução da Selic, que subiu de 2% para 13,75% ao ano.

    No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nos dias 21 e 22, após a avalanche de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

    Para a equipe econômica, o BC tem duas boas justificativas políticas para sinalizar imediatamente uma redução da Selic em suas reuniões seguintes: o governo apresentará sua proposta de novo arcabouço fiscal, nos próximos dias, e o Fed deverá enfraquecer seu aperto monetário.

    Muitos, na Esplanada dos Ministérios, ainda não esperam concretamente um corte na Selic agora. Mas alimentam a expectativa, isso sim, de que o comunicado e a ata do Copom já acenem com reduções nos dias 1 e 2 de maio.

    Até porque, pondera a fonte da área econômica, há outro ponto no Brasil que merece atenção: o risco de uma crise de crédito a partir do escândalo contábil da Americanas e de uma série de dificuldades financeiras vividas por outras varejistas, como a Marisa.