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    G7, G20, G77: quantos grupos econômicos existem e para quê eles servem?

    Cada grupo tem o objetivo de concentrar países com interesses em comum para que decisões mútuas e conjuntas sejam tomadas

    Secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na abertura de cúpula do G77+China em Havana
    Secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na abertura de cúpula do G77+China em Havana 15/09/2023REUTERS/Alexandre Meneghini

    Felipe de Souzacolaboração para a CNN

    São Paulo

    A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a reunião do G77+China, em Havana, Cuba, fez com que todos comentassem a existência de mais um grupo de países.

    Os mais conhecidos são o G8 e G20, constantemente na mídia. Existem, porém, inúmeras concentrações, que constantemente passam por mudanças.

    Basicamente, cada grupo tem o objetivo de concentrar países com interesses em comum para que decisões mútuas e conjuntas sejam tomadas.

    A CNN consultou alguns especialistas em relações internacionais para ajudar a listar e compreender quais são os grupos econômicos existentes hoje.

    Ajudaram nesse trabalho Rúbia Marcussi Pontes, professora de Relações Internacionais e diretora do Centro de Estudos e Pesquisas em Relações Internacionais nas Faculdades de Campinas (Facamp); Rodrigo Reis, internacionalista e fundador do Instituto Global Attitude, e Felipe Cavalieri, professor de Direito no Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam).

    G4

    O Grupo dos Quatro (G4) é uma aliança firmada em 2004 entre Alemanha, Brasil, Índia e Japão, com o objetivo de apenas apoiar as propostas uns dos outros para ingressar em lugares permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSONU), sem lutas econômicas específicas.

    O Conselho de Segurança surgiu em 1945, junto com a ONU, com o objetivo de promover a paz mundial. O foco do G4 é fazer com que o Conselho também seja formado por outros membros.

    Hoje são 15, sendo que apenas Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China têm cadeira permanente e poder de veto nas decisões.

    O Brasil vai deixar a cadeira rotativa no final deste ano. Em 1° de janeiro de 2024, assumem Argélia, Guiana, Coreia do Sul, Serra Leoa e Eslovênia, que vão ficar por dois anos.

    G5

    Foi um grupo formado por Brasil, China, África do Sul, Índia e México na década de 2000. Eram as consideradas economias de mercado emergentes, que lutavam por mais representatividade nos conselhos econômicos globais.

    Acabou sendo o “pai” dos Brics, com o México dando lugar à China.

    É importante ressaltar que, hoje, não é um bloco econômico, como é caso do Mercosul e da União Europeia, nem uma organização internacional, visto que não têm um estatuo e registro formal.

    No mês passado, Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos passaram a fazer parte do grupo, que agora se chama Brics+.

    Na história, o G5 anteriormente se referiu ao Japão, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha Ocidental e França. Essa nova versão surgiu em 2005 depois que o Reino Unido convidou os líderes das cinco principais economias emergentes do mundo para participar do Diálogo Expandido da Cúpula do G8 — que foi realizada no mesmo ano em Gleneagles, na Escócia.

    Mudou para G6 quando a Polônia passou a fazer parte.

    G7

    O Grupo dos Sete (G7) é um grupo informal que reúne, atualmente, os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Itália, o Japão, a Alemanha e o Canadá.

    Formado em 1975, o G7 buscava ser um espaço de concertação política, financeira e econômica entre as principais potências industrializadas e não comunistas da Guerra Fria, lidando com temas como a crise do petróleo e inflação.

    Por ser um grupo informal, o G7 não apresenta tratado constitutivo, secretariado ou sede. Os membros se revezam na presidência e para a realização de cúpulas anuais, que reúnem seus chefes de Estado e de governo.

    A União Europeia também é representada no grupo desde 1981, com a presença dos presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.

    Organizações internacionais e não-membros do G7 podem ser convidados para as cúpulas, como foi o caso, por exemplo, da participação de Brasil, Austrália e Índia na reunião deste ano, realizada no Japão.

    G8

    Com o fim da Guerra Fria, a Rússia foi incluída, em 1998, no G7, que passou a ser conhecido como Grupo dos Oito (G8).

    Porém, os russos foram suspensos do agrupamento após a violação do território da Ucrânia com a anexação da Crimeia, em 2014. Desde então, não voltou a fazer parte do grupo, que continuou a realizar as cúpulas com a alcunha de G7.

    G10

    Existe, ainda, o Grupo dos Dez (G10), conhecido também como Comitê de Basileia. Esse grupo, formado originalmente em 1974 por Alemanha, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Holanda, Reino Unido e Suécia, reúne atualmente mais de 20 membros.

    Os principais objetivos são reunir as autoridades bancárias, como presidentes de Bancos Centrais, para elaborar diretrizes de regulação bancária e monitorar sistemas financeiros internacionais.

    G15

    O Grupo dos 15 (G15), oficialmente chamado de Grupo de Consulta e Cooperação Sul-Sul, foi criado em Belgrado, então parte da Iugoslávia, em setembro de 1989.

    Foi proposta a cooperação e a entrada para outros grupos internacionais, tais como a Organização Mundial de Comércio (OMC) e o grupo das oito nações ricas e industrializadas (G8).

    Hoje são 17: Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã, Jamaica, Quênia, Nigéria, Malásia, México, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbabwe.

    O Irã entrou para o G15 na reunião de cúpula dos Não-Alinhados de 2006, em Havana.

    Peru, que integrou a formação original, não faz mais parte da cúpula, assim como a própria Iugoslávia, quando deixou de existir. As atividades ainda continuam, mas em uma escala bem menor.

    G20

    As crescentes tensões do G7 com a Rússia e a China, assim como as divergências internas em temas como combate às mudanças climáticas e comércio internacional, levaram à questionamentos, tanto por especialistas quanto por outros Estados, acerca do propósito e legitimidade do G7.

    Nesse contexto, o Grupo dos Vinte (G20) ganhou destaque.

    O G20 foi formado em 1999 para reunir ministros de Economia e Finanças e presidentes de Bancos Centrais, de forma a lidar com os efeitos das crises financeiras e econômicas dos anos 1990.

    Reúne, atualmente, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia, com a Espanha como convidada permanente.

    Apesar dos apelos de países membros do G7, a Rússia continua a compor o G20, que representa mais de 80% da produção econômica mundial e mais de 60% da população mundial.

    O G20 destacou-se na gestão da crise econômica de 2007 e 2008. Desde então, passou a contar com a presença de chefes de Estado e de governo nas reuniões anuais. Porém, o G20 segue como um grupo informal, sem tratado constitutivo, secretariado ou sede.

    O principal objetivo é garantir um espaço mais equitativo de discussão acerca de temas da agenda internacional entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, os quais ganharam destaque inegável na economia e política internacionais, principalmente ao longo dos anos 2000, e que não estavam representados no G7.

    Com presidência rotativa, que até 2024 será do Brasil, a agenda é centrada na coordenação financeira e econômica entre seus membros, mas temas diversos, como mudanças climáticas, saúde e agricultura, têm ganhado destaque.

    G77+China

    Foi criado em 15 de junho de 1964 por 77 países em desenvolvimento signatários da “Declaração Conjunta dos 77 Países em Desenvolvimento”, emitida ao final da primeira sessão da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra.

    A primeira grande reunião do G77 foi em Argel, em 1967, onde foi adotada a Carta de Argel. Hoje o nome não representa mais a quantidade de países.

    Sem contar a China, são 134 membros. Mas, a decisão de não renomeá-lo foi devido ao significado histórico.

    O G77 busca promover os interesses e preocupações dos países em desenvolvimento em questões globais, incluindo desenvolvimento sustentável, comércio e cooperação internacional, e considerado crucial em debates sobre equidade global.

    Em 12 de janeiro deste ano, Cuba assumiu a presidência do G77+China.