Freio no PIB do 4º tri por juros altos irá perdurar em 2023, diz economista do Inter
Expectativa do Inter é de que a economia brasileira cresça 0,8% neste ano, ante crescimento de 2,9% registrado em 2022
A desaceleração da economia vista no quarto trimestre do ano passado, levada pela taxa de juros em patamares elevados, deve continuar sendo vista ao longo de 2023, diz a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria.
“Os juros altos começam a impactar o consumo, principalmente, de bens duráveis, que depende tanto de crédito. Então, no final do ano, a gente já vê essa desaceleração, os juros mais elevados devem continuar pesando no consumo de bens duráveis nas famílias em 2023”, diz em entrevista à CNN nesta quinta-feira (2).
O Produto Interno Bruto (PIB) registrou recuo de 0,2% de outubro a dezembro, em comparação com o terceiro trimestre, divulgou o IBGE mais cedo. Essa foi a primeira retração do ano, após o PIB ter crescido 0,3% no período julho-setembro.
A expectativa do Inter é de que a economia brasileira cresça 0,8% neste ano, ante crescimento de 2,9% registrado em 2022. O avanço deve ser apoiado no desempenho do agronegócio, segundo a especialista.
“Estamos vendo safra recorde sendo produzida neste momento, com exportação. E também temos expectativa positiva para o setor extrativo. Esses dois setores tiveram dificuldades no ano passado, tanto por questões climáticas e por demanda mais fraca da China”, diz.
“Para este ano, o setor externo, puxado principalmente pela demanda da China, vai contribuir para que o PIB brasileiro ainda tenha algum crescimento positivo”, diz.
Por outro lado, os setores domésticos, principalmente ligado ao consumo das famílias, tende a continuar desacelerando, reforça a economista. “Então essa desaceleração que vimos no fim do ano passado deve continuar esse ano”.
Rafaela ressalta ainda o efeito esperado dos estímulos fiscais anunciados pelo governo no ano passado, e que seguiram neste ano sob nova gestão. Segundo ela, as medidas não surtiram efeito na atividade, como era esperado pelo governo.
“Quando colocamos estímulo em meio a uma política monetária restritiva e uma economia bem próxima do seu potencial, com capacidade ociosa, como no Brasil, mais gastos do governo nesse ambiente podem gerar mais inflação e não mais crescimento”, diz.
Veja entrevista completa no vídeo.
*Publicado por Ligia Tuon