Wall Street espera escalada dos juros em junho
Dois dados importantes da economia ficaram mais quentes do que o esperado na semana passada
Os bancos e investidores de Wall Street acreditam que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, vai aumentar as taxas de juros do país em junho. Não só isso: eles agora acreditam que o banco central diz a verdade quando afirma que provavelmente não vai cortar os juros este ano.
Dois dados importantes da economia ficaram mais quentes do que o esperado na semana passada, elevando os temores dos investidores sobre como poderia ser a trajetória da taxa de juros do Fed.
O Produto Interno Bruto (PIB), a medida mais ampla da produção econômica, subiu a uma taxa anualizada de 1,3% nos primeiros três meses do ano, acima da estimativa inicial de 1,1% relatada em abril.
O índice de preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE na sigla em inglês) aumentou 4,4% nos 12 meses encerrados em abril, ante um aumento de 4,2% em março,
segundo dados do Departamento de Comércio.
Somados à recente calma no setor bancário após o colapso do banco First Republic no início deste mês, os dados econômicos fazem com que os investidores apostem no aumento dos juros pelo Fed no mês que vem.
A opinião é de Mark Heppenstall, diretor de investimentos da Penn Mutual Asset Management.
Os traders de mercados futuros imaginavam uma possibilidade de 66% de uma subida da taxa de um quarto de ponto em junho, determinada a partir de sexta-feira, segundo a ferramenta de análise de tendências CME FedWatch. Seria então o 11º aumento consecutivo de juros.
O que talvez seja ainda mais surpreendente é que os mercados já não acreditam que o Fed irá reduzir as taxas em 2023. É uma reviravolta drástica do pensamento corrente no início deste mês, quando os investidores Wall Street esperavam que o banco central reduzisse as taxas várias vezes este ano a partir do meio do ano.
Embora uma economia forte dê ao Fed mais margem de manobra para aumentar as taxas, isso também significa que os EUA estão resilientes diante da campanha agressiva do banco central para domar a inflação. É claro que a força da economia não é novidade.
Alguns investidores que antes esperavam uma recessão viram nos últimos meses mais indícios de que a economia poderia entrar em cenário conhecido no setor como Goldilocks, no qual tanto a inflação quanto o crescimento econômico são modestos, como diz Peter Essele, vice-presidente sênior de gestão de investimentos e pesquisa da Commonwealth Financial Network.
Além disso, o mercado de títulos está mostrando alguns sinais de que os traders estão diminuindo as apostas em uma possível recessão ainda este ano.
O rendimento de papéis do Tesouro de dois anos está em seu nível mais alto desde o início de março, antes que as quebras do Silicon Valley Bank e do Signature Bank provocassem temores de uma recessão e puxassem os rendimentos drasticamente para baixo.
Ainda existem várias leituras econômicas importantes que o Fed irá analisar antes da sua próxima decisão sobre a taxa de juros em 14 de junho.
Os números dos empregos de maio devem ser apresentados na manhã da próxima sexta-feira (2). As estimativas antecipadas dos economistas já mostram ganhos de emprego de 180 mil vagas e um aumento na taxa de desemprego para 3,5%.
“Se os números vierem mais quentes do que o esperado, eles têm i poder de quase bloquear uma subida dos juros” para junho, disse Heppenstall.