“Vencer a inflação nos EUA vai ser caro e difícil no curto prazo”, diz ex-Nobel da Economia
Em evento no Brasil, Paul Krugman disse que não acredita em uma crise como a de 2008, mas afirmou que os juros americanos devem continuar pressionados para inflação arrefecer
O economista norte-americano Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia de 2008, declarou que a inflação nos EUA e no mundo vai ter um custo elevado para ser combatida, mas não deve levar a uma crise de anos.
“Vencer a inflação não vai ser tão difícil quanto as pessoas pensam, mas vai ser caro, vai nos custar muito. Vai ser difícil, sim, no curto prazo, mas não será uma crise de anos”, destacou.
Krugman participou nesta quarta-feira (10) do painel “A nova realidade e os desafios da economia mundial”, na Febraban Tech 2022.
Apesar de entender que o cenário inflacionário atual é possível de ser solucionado, ele ressaltou que o Fed – e ele próprio – subestimaram a inflação no ano passado, acreditando se tratar de algo transitório, e agora devem correr atrás do prejuízo causado.
“Nos EUA houve uma mudança dramática em termos de política monetária. O Federal Reserve errou em relação à inflação, dizendo que ela iria sumir. Foi um erro de julgamento, mas que eu consigo perdoar porque cometi o mesmo erro, ela me parecia transitória até setembro do ano passado”, afirmou o economista.
Para Krugman, a solução momentânea que o Fed tem à disposição é continuar subindo a taxa de juros, ainda que seja um processo danoso com uma provável recessão à vista.
O economista ressaltou que este processo levou a um fortalecimento do dólar e uma melhor perspectiva sobre investimentos, com os investidores do mundo alocando seus recursos nos EUA em detrimento da aversão ao risco.
“É uma crise econômica global. Há uma pressão financeira muito grande, é uma situação em que as dificuldades dos maiores agentes econômicos, com o aumento da taxa de juros e o efeito sobre o dólar, criam uma crise pior para os países mais pobres”.
Por fim, Paul Krugman disse acreditar que a crise atual não é pior que a que ocorreu há 14 anos, após a colisão no mercado imobiliário dos EUA.
“Não acho que estamos agora passando por algo tão severo quanto a crise de 2008. Não há grandes sinais de maiores disrupções financeiras, mas é um grande debate que acho importante temos.”