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    Títulos do Tesouro Direto estão pagando juros maiores: vale a pena comprar?

    Há opções com juros passando dos 7% ao ano, mas especialistas alertam para momento de instabilidade do mercado e da possibilidade de perdas

    Juliana Elias, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Mesmo com a taxa de juros básicos da economia, a Selic, tendo despencado ao menor nível de sua história, os juros dos títulos do Tesouro Direto estão remunerando cada vez mais. 

    A esticada atípica é resultado de uma pressão que os grandes investidores comecaram a fazer nos últimos meses sobre estes papéis que representam a crescente dívida do governo federal: como eles começaram a entender que o governo pode continuar se endividando demais depois da pandemia, passaram a cobrar um prêmio maior para emprestar seu dinheiro ao Tesouro Nacional.

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    O resultado é que os títulos públicos acabaram ficando bem atraentes em comparação a outras opções de renda fixa: os papéis do Tesouro com vencimento para depois de 2026 chegam a pagar mais de 7% ao ano.

    É algo bem polpudo para um país onde os juros da Selic estão em 2%. A poupança, por exemplo, está remunerando apenas 1,4% ao ano. Um CDB que dê 140% do CDI vai pagar próximo de 2,7%. 

    É hora então de o investidor encher a cesta com as “ofertas” do Tesouro Direto? Não tão rápido. 

    Segundo analistas e gestores consultados pelo CNN Business, os juros estão de fato mais generosos do que o comum e podem significar boas oportunidades. Mas estão embutidos também de muita incerteza e riscos, incluindo a possibilidade de perdas – sim, é possível perder dinheiro no Tesouro Direto (veja como fuciona mais abaixo).

    Por isso, a compra de títulos públicos neste momento está sendo mais indicada para investidores com perfil mais arrojado ou então que entendem bem o que está acontecendo no mercado e os riscos que estarão tomando. Quem está totalmente certo de que não vai precisar do dinheiro antes da data final da aplicação também fica um pouco mais protegido. 

    Renda fixa privada, como CDBs, LCAs e LCIs, são alternativas ainda conservadoras que, embora estejam oferecendo no geral remunerações menores, estão mais estáveis e são uma opção que está sendo mais recomendada pelo menos para o dinheiro que for aplicado nesses próximos meses de turbulência política e econômica.

    “Para quem está pensando em fazer um investimento de longo prazo, que não terá a necessidade daquele dinheiro antes, e que tem um perfil de risco mais agressivo, pode ser uma boa oportunidade comprar títulos públicos agora”, disse Thomás Gibertoni, especialista da gestora de patrimônios Portofino Multi Family Office.

    “Mas é realmente importante que o investidor tenha consciência de seu perfil de risco e do quanto de oscilações aguenta, porque ainda deve haver muita.”

    Para esses que quiserem arriscar os ganhos maiores, Gibertoni recomenda os títulos prefixados com vencimento em 2026 (que estão oferecendo juros de 7,3% ao ano) ou o IPCA+ 2035, que está pagando a inflação do período mais juros adicionais de 4,1% ao ano.

    Para o gestor, são os títulos que já tiveram altas relevantes nos juros nos últimos dois meses e que correm menos risco de ver novas subidas. 

    Já para a analista de renda fixa da casa de análises Nord Research, Marília Fontes, não há a certeza de que o estresse do mercado tenha chegado ao limite e de que esses juros não possam subir ainda mais, o que implica em desvantagem para quem botá-los agora na mão. 

    “Você pode comprar o título agora e travar a remuneração em inflação mais 4%, e daqui a três meses esse mesmo título pode estar sendo vendido por inflação mais 7%”, diz ela. Ou seja, mesmo que o investidor não perca dinheiro, ele perde a oportunidade de ganhar mais, já que passariam a existir no mercado opções mais vantajosas de títulos que as que ele comprou. 

    É possível perder com o Tesouro?

    É possível, sim, perder dinheiro no Tesouro Direto, mas isso só acontece para quem se desfaz de seus títulos antes da data de vencimento. Quem segura o que comprou até a data final sempre recebe exatamente a remuneração que contratou, sem variação negativa.

    Isso acontece porque os juros oferecidos pelo Tesouro em seus títulos variam no dia a dia, conforme a maior ou menor procura no mercado por ele. Quando os juros de um determinado tipo de título sobe, o preço dele cai na mesma proporção, o que derruba também o valor aplicado de quem já tinha dinheiro nele.

    É como se os títulos mais antigos, com juros mais baixos, perdessem valor quando entram novos títulos iguais no mercado (do mesmo tipo e mesmo vencimento), mas remunerando mais. 

    O mesmo acontece na via oposta: se o mercado está otimista e confiante na trajetória das contas do governo, os juros caem, e quem tinha títulos públicos antigos com juros mais altos vê seu valor subir. 

    Quem tiver títulos e precisar se desfazer deles antes da data combinada vai ter que aceitar este preço do dia por eles, que pode ser tanto maior quanto menor do que o valor que aplicou originalmente. 

    Isso se chama marcação a mercado e acontece com os títulos prefixados e os atrelados à inflação (IPCA+), que têm um componente de juro fixo na remuneração. O único que não sofre oscilação independentemente da data de resgate é o Tesouro Selic, que é pós-fixado e remunera exatamente a Selic. Até ele, porém, sofreu uma queda inédita em setembro.

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