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    O que é TR (Taxa Referencial) e como ela impacta as suas finanças?

    TR ainda é usada para investimentos relacionados a fundos imobiliários e títulos de capitalização, além da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia

    Raphael Coraccinicolaboração para o CNN Brasil Business , em São Paulo

    A Taxa Referencial (TR) é conhecida pelos brasileiros como um dos componentes que definem a rentabilidade da poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

    Em outros tempos, ela teve um papel semelhante ao da Selic (taxa básica de juros), de instrumento para controle das taxas de juros e da inflação.

    Hoje, além da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia, a TR ainda é usada para investimentos relacionados a fundos imobiliários e títulos de capitalização.

    Saiba como é calculada a TR e como ela impacta essas aplicações.

     

    O que é a Taxa Referencial (TR)?

    Afinal, o que é TR (Taxa Referencial)?
    Afinal, o que é TR (Taxa Referencial)? / Shutterstock

    A TR exercia um papel semelhante ao da Selic na tentativa de controlar a inflação por meio das taxas de juros da economia.

    A TR foi criada nos anos 1990, durante o governo Collor, com o objetivo de conter a tendência de indexação dos preços e salários e para combater a alta inflação no país durante o período.

    Atualmente, essa taxa perdeu a relevância para o cálculo dos juros, mas se mantém como um importante indexador do Banco Central para alguns investimentos muito comuns entre os brasileiros, como a poupança.

    Como calcular a TR?

    O valor da TR é calculado diariamente e é sempre um pouco menor que o da Taxa Básica Financeira (TBF).

    Esta, por sua vez, é calculada com base nas taxas médias praticadas entre os investidores nas negociações de títulos públicos prefixados, que são as Letras do Tesouro Nacional (LTN).

    As operações que determinam o valor da TBF e, consequentemente, da TR são registradas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

    A partir de 2018, a TR passou a ter como referência a taxa média dos CDBs (certificados de depósito bancário) e dos RDBs (recibos de depósitos bancários) prefixados emitidos nos últimos 30 dias.

    A taxa pode ser calculada pelo site do Banco Central.

    Diferença entre TR diária e TR mensal

    A diferença entre as duas é que a TR diária representa o valor do índice a cada dia, enquanto a TR mensal é a soma de todas as TRs diárias do mês dividido pelo número de dias daquele mês.

    Ou seja, são duas variações da mesma taxa, mas que são usadas em contextos e com propósitos diferentes.

    A TR mensal é a mais utilizada no mercado, em situações como a correção de investimentos que permanecem aplicados ao longo dos 30 dias de um mês e nos cálculos de poupança e FGTS.

    Já a TR diária é usada na hora de fazer o cálculo do resgate de investimentos que ficaram aplicados por menos de 30 dias e para fazer projeções econômicas.

    Como a TR impacta seus investimentos?

    Como a taxa TR impacta seus investimentos?
    Como a taxa TR impacta seus investimentos? / Shutterstock

    A TR é uma taxa de juros de referência e, por ser um indicador geral usado na economia brasileira, acaba influenciando no rendimento de determinadas aplicações, veja:

    A TR e a poupança

    Desde 2012, a poupança oferece duas possibilidades de rendimento. Em ambos os casos, a TR é usada como indexador junto com a Selic.

    Para momentos em que a Selic está igual ou abaixo de 8,5%, a conta que deve ser feita para calcular a rentabilidade do investimento é 70% da Selic mais a Taxa Referencial.

    Porém, se a Selic estiver acima de 8,5%, a conta é outra. A rentabilidade será de 0,5% sobre o valor depositado mais a TR.

    Anteriormente, havia apenas um cálculo para a rentabilidade da poupança. A remuneração era de 0,5% ao mês mais a TR. Os contratos feitos antes de maio de 2012 ainda obedecem a essa regra.

    A TR e o FGTS

    A rentabilidade do FGTS é de 3% ao ano sobre o valor depositado mais a TR.

    A TR e os títulos de capitalização

    Os títulos de capitalização também consideram a TR, mas, ao contrário da poupança, a maioria deles tem a Taxa Referencial como única usada para atribuir rentabilidade, e ela só é aplicada quando o título fica depositado até o vencimento.

    A TR e o financiamento imobiliário

    Apesar de os contratos de financiamento imobiliário estarem mais atrelados ao IGP-M, a TR ainda é usada em alguns casos para ajustar os valores cobrados para esse tipo de crédito. Nesse caso, somam-se os juros do financiamento à TR do período.

    A TR e os títulos públicos

    Atualmente, não há mais produtos com rentabilidade que usam a TR. Por isso, a relação da taxa referencial aos títulos públicos é nula, com exceção a títulos como o Notas do Tesouro Nacional série H (NTN-H) e Notas do Tesouro Nacional série P (NTN-P).

    Embora estes não sejam mais negociados, eles podem fazer parte de algumas carteiras de investimentos, tendo sua rentabilidade atrelada à TR.

    A TR e a inflação

    Por ser um indicador geral para aplicações financeiras e operações de crédito, a TR é utilizada para corrigir os valores ao longo do tempo. Em alguns casos, é usada como parâmetro de índice de inflação.

    Dependendo do cenário econômico, buscar por investimentos com base na TR pode levar o investidor a prejuízos, não só na aplicação na poupança, mas também em outros rendimentos.

    Dados históricos da Taxa Referencial

    Desde que foi criada, em 1991, a Taxa Referencial alcançou patamares exorbitantes. Durante o seu primeiro ano, a TR rendeu cerca de 355%, sendo que o valor passou para 1.156% no ano seguinte e a 2.474% em 1993, o seu maior patamar histórico.

    A partir da criação do Plano Real, em 1994, que estabilizou a economia e a inflação no país, o valor da TR começou a cair gradativamente.

    Ainda assim, a taxa chegou ao patamar de 951% naquele ano, pois a economia ainda estava muito exposta aos riscos da indexação.

    Por fim, a partir de 1995, com a consolidação do novo plano monetário, a taxa começou a perder valor conforme os juros do mercado começaram a diminuir, intensificando o movimento de queda e hoje a taxa é estável.

    Impactos da TR na economia

    No passado, a Taxa Referencial foi dominante e era usada como base para a atualização monetária de investimentos e contratos em geral.

    Com o passar dos anos, outros indicadores assumiram esse papel, mas mesmo assim a TR continua sendo muito presente, pois é referência para as aplicações financeiras mais disseminadas entre os brasileiros, como a poupança, por exemplo.

    O mesmo acontece com outros tipos de contrato, como o FGTS, os títulos de capitalização, o financiamento imobiliário e os títulos públicos.

    Por que a TR fica zerada?

    A Taxa Referencial muitas vezes fica zerada, pois, quando ela foi criada, o Banco Central do Brasil estabeleceu que ela não poderia nunca ficar negativa, fazendo com que, sempre que situações assim acontecem, ela seja zerada automaticamente.

    Trata-se de um mecanismo para evitar que a taxa acabe resultando em rendimentos negativos nos investimentos.
    Portanto, quando a TR fica zerada, os investimentos passam a ser baseados em outros indexadores, como a taxa Selic, por exemplo.

    Os valores da TR anual e mensal

    Confira os valores da TR anual e mensal em 2022:

    Mês de referência    TR do mês     Acumulado dos últimos 12 meses Acumulada para 2022    
    Janeiro0,06%0,11%0,06%
    Fevereiro0,00%0,11%0,06%
    Março0,10%0,21%0,16%
    Abril0,06%0,26%0,21%
    Maio0,17%0,43%0,38%
    Junho0,15%0,58%0,53%
    Julho0,16%0,74%0,69%
    Agosto0,24%0,98%0,94%
    Setembro0,18%1,17%1,12%
    Outubro0,15%1,32%1,27%

    Qual é o valor da TR hoje?

    Para consultar a taxa referencial hoje, você deve acessar a Calculadora do Cidadão, uma plataforma disponibilizada pelo Banco Central.

    A ferramenta é utilizada para simular reajustes e rendimentos de aplicações que utilizam esse indicador como referência, seja ele um investimento ou financiamento, mas você também pode utilizá-la para consultar qual é o valor da taxa referencial diariamente.

    Acompanhe as principais notícias do cenário político e mercado financeiro aqui na CNN!

    Resumo

    • Taxa Referencial (TR) é conhecida por muitos brasileiros como um dos componentes que definem a rentabilidade da poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
    • Quando surgiu, na década de 1990, a TR exercia um papel semelhante ao da Selic, com o objetivo de controlar a hiperinflação na época do governo Collor.
    • Hoje, a TR perdeu sua relevância para o cálculo de juros, mas ainda é um importante indexador do BC.
    • Em 1991, a taxa referencial chegou a patamares exorbitantes. No primeiro ano rendeu cerca de 355%, no ano seguinte o valor passou para 1.156% e em 1993 a 2.474%, o seu maior patamar histórico.
    • A TR muitas vezes fica zerada, pois, quando ela foi criada, o BC estabeleceu que a taxa não poderia ficar negativa. Esse mecanismo evita que a taxa acabe resultando em rendimentos negativos.

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