Selic em 9% seria ideal para controlar preços e atrair capital, diz economista
À CNN, Juliana Inhasz explica que disseminação da alta dos preços torna inflação mais persistente
A Selic — taxa básica da economia — precisa ser elevada a 8% ou 9% ao ano para frear a escalada da inflação e atrair capital estrangeiro, na opinião da economista e professora do Insper Juliana Inhasz.
“Pelo menos num primeiro momento, em 8% ou 9% ao ano, a taxa conseguiria conter um pouco a pressão sobre o câmbio”, diz à CNN.
Enquanto o IPCA, índice oficial de preços, já chega a dois dígitos em 12 meses, o BC anunciou na semana passada uma alta de 1 ponto percentual na Selic, que foi de 5,25% para 6,25% ao ano. Essa foi a quinta alta seguida na taxa.
A economista pondera, no entanto, que nem tudo está ao alcance da autoridade monetária. Ela cita como entraves para a entrada de investimento externo a situação, e a consequente valorização do real ante o dólar, o cenário de instabilidade política e o risco fiscal.
“As contas do governo continuam subindo, então a gente continua numa perspectiva de não conseguir ficar dentro de metas e objetivos que nós colocamos”.
“O resto do mundo se recuperou antes do Brasil, então começou a demandar mais produto brasileiro. Isso tudo, junto com as incertezas que nós temos aqui, tanto da retomada do crescimento, quanto de como a gente vai conseguir fazer reformas etc, têm feito essa taxa de câmbio subir bastante e aí isso faz com que os importados entrem aqui muito mais caros.”
A economista levanta outras causas da taxa de câmbio elevada, como por exemplo a recuperação da pandemia de Covid-19.
Um exemplo disso é o preço da commodity de petróleo, que vem sofrendo bastante pressão em preços e já chega no Brasil ainda mais caro.
Juliana também explica que, à medida que os produtores brasileiros percebem que vale mais à pena vender para fora, para ganhar em dólar, a produção nacional é direcionada para exportação e isso também faz com que os preços subam.
Os caminhos apontados por ela vão em direção a tentar controlar o preço do que gera aumento no custo de produção em cadeia, como é o caso da energia elétrica.
“Este aumento de preço, de fato, tem se disseminado e isso torna esta inflação mais persistente, sem dúvida. Para que a gente consiga ver uma redução desses preços, vamos precisar controlar aquilo que faz o processo se desencadear. Mas vai levar um tempo para que o resto de toda a cadeia consiga entender essa contenção de preços, ou entender o sinal que essa primeira melhora no preço da energia elétrica teria.”
Inhasz diz ainda que o aperto monetário tem seus efeitos colaterais na economia e afeta negativamente tanto consumidor quanto indústria.
“O grande problema é que a gente segura a inflação de um lado, mas o custo do crédito para consumidor e indústria fica mais alto. Se uma empresa precisa de capital de giro emprestado ou de dinheiro para conseguir fazer com que a produção aconteça, vai ter que pagar mais”, diz.