Presidente do BC avalia que condução da política monetária exige cautela
Campos Neto disse que a definição de política monetária depende do acompanhamento do impacto da crise do COVID-19 nos indicadores econômicos
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou, nesta quinta-feira (26), que é necessária cautela com a condução da política monetária no país. Na avaliação dele, apesar das possíveis mudanças nos cenários econômicos, em função da crise do COVID-19, o atual patamar da taxa básica de juros é adequado. “A atual conjuntura prescreve cautela na condução da política monetária. Novas informações serão necessárias para as próximas decisões”, afirmou. Após redução no dia 18 de março, a Selic está na mínima histórica em 3,75% ao ano.
Segundo ele, a decisão de corte de 0,5 ponto percentual na Selic foi feito de acordo com o cenário composto até a data do Copom. No entanto, Campos Neto afirmou que mesmo após mudanças diárias, a redução da taxa seria a mesma. “Isso implica que a decisão de política monetária seria diferente hoje? Não, não implica”, observou. Na avaliação dele, não há motivos para reuniões extraordinárias do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide sobre a Selic, como aconteceram em outros países.
Campos Neto disse que a definição de política monetária depende do acompanhamento do impacto da crise do COVID-19 nos indicadores econômicos e que “informações em tempo real ganham importância em momentos de crise, aumentando o leque de cenários possíveis.”
Novas medidas
O presidente do BC também adiantou que mais medidas para amenizar os impacots do COVID-19 na economia do país serão anunciadas. “Temos arsenal muito grande e temos mais medidas que virão pela frente”, disse.
Ele reforçou que a linha de atuação do BC tem focado em dar estabilidade e fluidez à precificicação de crédito. “Entendemos que fizemos um grupo de medidas que vai atender essa possível disfunção que poderia acontecer mas que nos antecipamos porque entendemos que o mercado tem funcionado com normalidade”, explicou.
Entre as medidas já anunciadas pelo Banco Central, o presidente destacou o financiamento a bancos usando debêntures como garantia e o uso de carteiras de crédito, pelos bancos, com a emissão de letras financeiras que serão usadas como garantias para crédito concedido pelo BC, ambas no sentido de prover liquidez à economia.
Como motivo para o foca nas ações de crédito, Campos Neto observou que sem liquidez, os bancos ficam sem recursos disponíveis para empréstimos. “Quando o banco faz a precificação de crédito ele leva em consideração a taxa de juros e, quando tem medo ou incerteza em relação à inadinplência, cobram mais caro pela liquidez. Acontece que quando ponderamos o custo da liquidez e o de capital, o primeiro é preponderante. Assim, o canal de crédito é importante e tem que se manter líquido para fazer com que a locação de recursos seja mais eficiente na economia”, explicou.
Ele ressaltou que o Banco Central do Brasil não tem instrumento para realizar a compra direta de crédito, que te sido adotadas em outras economias como medida de enfrentamento ao impacto do coronavírus. Tal ferramenta permite a negociação do próprio BC com instituições financeiras.