Para economistas, BC irá manter juros a 13,75% nesta quarta-feira – mas será a última vez
Expectativa é que autoridade monetária dê os primeiros sinais para que cortes comecem na próxima reunião, em agosto
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (21) para decidir o futuro da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira.
É virtualmente unânime a expectativa entre economistas de que o colegiado deve, novamente, manter a Selic nos mesmos 13,75% ao ano em que está atualmente.
Para uma grande parte dos especialistas, porém, esta será a última vez.
É cada vez mais dominante a ala que acredita que o BC já deve começar a cortar os juros a partir de seu próximo encontro, no início de agosto.
Na reunião desta quarta, a expectativa é que os diretores do BC já deem os primeiros sinais, no comunicado que é divulgado junto com a Selic, de que o pico de sua política de juros altos chegou ao fim.
A decisão será anunciada no início da noite, após o fechamento dos mercados.
A mensagem é aguardada após meses de comunicados duros, em que o Banco Central seguiu alertando para um cenário ainda adverso para os preços e resistindo em flexibilizar a taxa.
“Apesar da recente queda da inflação, de modo mais acelerado que o esperado, o Copom deve seguir sua comunicação anterior e manter a Selic inalterada”, diz o Inter, em relatório.
“No entanto, a análise de cenário e o balanço de riscos para a inflação teve mudanças importantes e esperamos que o Copom sinalize que o processo de afrouxamento da política monetária pode se iniciar a partir de agosto”, acrescenta.
O Copom, corpo formado pelos diretores do BC e que define a taxa Selic, se reúne a cada 45 dias para decidir se corta, mantém ou sobe os juros básicos.
Após a reunião que termina nesta quarta-feira, o próximo encontro está marcado para o início de agosto, nos dias 1º e 2.
“Desde a última reunião do Copom, realizada no início de maio, a inflação continuou dando sinais de arrefecimento e, diante de uma redução do risco fiscal, a taxa de câmbio passou a ser negociada abaixo dos R$ 5,00, as expectativas melhoraram e as taxas das longas da curva de juro futura começaram a cair”, diz relatório da casa de análises Suno.
“Todos são fatores positivos para o Banco Central. Logo, acreditamos que se abriu uma janela de oportunidades para que o Copom comece uma discussão inicial sobre cortes na taxa de juros, até podendo diminuir o tom duro do comunicado.”
A corretora XP também menciona os dados recentes de inflação mais baixos do que esperado e a melhora da cotação do dólar como fatores que abrem um alívio para que o BC corte os juros com mais folga.
“Os dados e o fluxo de notícias desde a última reunião do Copom sugerem que a política monetária pode ser menos restritiva do que estava, digamos, no início do ano”, disse a XP em relatório.
Por outro lado, a XP pondera que um mercado de trabalho aquecido se mantém como um ponto de atenção que pode continuar exercendo pressão sobre os preços.
“Acreditamos que a comunicação [do Copom] será ajustada para incorporar a melhoria recente nas perspectivas de inflação, mas, como as projeções de inflação continuarão acima da meta, o comitê tende a manter a ‘guarda alta’, sem se comprometer com a próxima decisão.”
A corretora também estima o início dos cortes em agosto, até que a Selic tenha caído, gradualmente, dos atuais 13,75% para 11% no primeiro trimestre de 2024.
O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, destaca o fato de os dados da economia já darem diversos sinais de desaceleração que, por sua vez, também deixam a porta aberta para que os juros possam cair.
“A composição do PIB do 1º trimestre não poderia ser melhor para a política monetária”, escreveu Leal em sua análise.
“[Houve] pouca demanda e um choque positivo vindo de uma safra recorde, que já impacta a inflação corrente via preço dos alimentos.”
Com alta de 1,9%, o PIB brasileiro surpreendeu a todos no primeiro trimestre e levou a uma série de revisões para cima para o crescimento do ano.
O aumento, porém, foi puxado principalmente pela agropecuária, que cresceu 21%, ajudada por safras recordes neste ano.
Por outro lado, o consumo das famílias, os investimentos e a indústria tiveram crescimento perto de zero ou caíram.