Ibovespa retoma 105 mil pontos, maior patamar em 2 meses, com Selic no radar; dólar cai 1%
Principal índice da B3 encerrou em alta de 2,04%, enquanto a moeda norte-americana desvalorizou 1,05%
O Ibovespa fechou em alta de 2,04%, aos 105.892,22 pontos, nesta quinta-feira (4), seu maior patamar desde 9 de junho, quando encerrou aos 107.094 pontos.
Já o dólar terminou em queda de 1,05%, cotado a R$ 5,222, sua maior desvalorização diária em uma semana.
Tanto o índice quanto a moeda norte-americana foram impactados pelas reações do mercado à sinalização do Copom de que deve encerrar o ciclo de alta de juros em breve. O Ibovespa também foi afetado positivamente por um desempenho positivo das bolsas no exterior.
Entretanto, a aversão a riscos também aumentou com os riscos de uma recessão global ganhando força. Após o BC do Reino Unido realizar a maior alta de juros desde 1995, o Banco da Inglaterra alertou para a chance de uma longa recessão a caminho, afetando o sentimento dos investidores.
Em cenários de pessimismo e cautela, o dólar tende a ser beneficiado, sendo visto como um ativo de proteção
O Banco Central realizou neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de setembro de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na quarta-feira (3), o dólar teve alta de 0,02%, a R$ 5,278. Já o Ibovespa avançou 0,40%, aos 103.774,68 pontos, renovando as máximas em quase dois meses.
Copom
Após elevar a taxa em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano, os integrantes do Copom deixaram em aberto a possibilidade de realizar ao menos mais uma alta na próxima reunião, em setembro. Quanto maior a Selic, mais beneficiado o real é ante o dólar, já que há uma atração maior de investimentos estrangeiros.
Paloma Brum, analista de investimentos na Toro, afirmou que “cautela” foi a palavra que o Copom utilizou para comunicar o aumento de mais 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, “decisão que veio em linha com a expectativa majoritária do mercado”.
Para ela, diversos fatores embasam a decisão, como riscos internos e globais, que permanecem latentes e ameaçando pressionar a inflação mais adiante, além de uma busca firme dos membros do Comitê por manter bem ancoradas as expectativas dos agentes sobre a inflação futura.
Com a decisão do BC, o mercado brasileiro de ações e o mercado de câmbio tendem a refletir uma resposta positiva dos investidores na sessão desta quinta-feira, uma vez que os juros caminharam conforme o esperado, afirmou Paloma.
“Ainda assim, como o ambiente se mostra bastante desafiador quanto ao ritmo de crescimento global, outros fatores podem causar volatilidade em ambos os mercados, ofuscando parcial ou totalmente o efeito da decisão do Copom”.
Já Igor Cavaca, head de gestão de investimentos da Warren, disse que o comunicado veio mais hawkish do que esperava. “Dado uma melhora recente no cenário econômico global, com queda do preço das commodities e uma política monetária internacional menos contracionista do que o que vinha sendo esperado, entendíamos que esses fatores seriam suficientes para o Copom decidir pelo término de seu ciclo de alta, na decisão de ontem”.
Entretanto, ele afirma concordar quanto a justificativa de seguir com a política atual: a piora do arcabouço fiscal e maior incerteza quanto ao processo de desinflação em 2023.
“A interpretação que se está predominando no mercado é que de fato o Copom foi mais dovish e que não deve seguir com novas altas na Selic”. O Banco Central condicionou o fim do ciclo de alta a duas variáveis, a consolidação da desinflação e ancoragem das expectativas.
Assim, Cavaca destaca ser possível observar um impacto substancial no mercado de juros, com queda intensa das taxas em todas as maturidades; Ibovespa subindo e dólar caindo.
Por sua vez, Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, afirmou que a escolha do Copom não surpreendeu e já estava precificada no mercado. Os riscos, na verdade, eram de que ele teria um tom mais duro, de confirmar uma alta adicional ao invés de deixar as portas abertas para avaliar isso na próxima reunião.
Para o dólar e a Bolsa, o especialista diz então que a possibilidade de uma alta adicional de 0,25 p.p. em setembro não altera um cenário mais positivo no longo prazo. “O comunicado do Copom deixou claro que está no fim do ciclo e, portanto, o mercado já antecipa isso e também uma eventual queda da Selic, que por mais que deva demorar mais que o usual, será o próximo passo no ciclo”.
Dessa forma, o Ibovespa deve continuar reagindo bem, “igual vimos hoje”, diz Pacheco. Já para a moeda norte-americana, com o fim das altas dos juros e continuidade das altas nos EUA e Europa, “a tendência é que se tenha um câmbio mais depreciado”.
Sentimento global
A forte aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, aliviou nos últimos dias, refletindo a expectativa de um ciclo de alta de juros menos agressivo nos Estados Unidos.
O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que pode realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Os investidores monitora ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, o que deve ajudar a manter uma demanda alta por commodities.
No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.
O Ibovespa e o real foram prejudicados pelo cenário, mas um aparente otimismo maior no mercado permite uma recuperação, mesmo que distante dos níveis do primeiro trimestre de 2022, quando foram beneficiados pelo cenário internacional.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão nesta quinta-feira:
Maiores altas
- Méliuz (CASH3) +15,04%;
- Gol (GOLL4) +14,81%;
- Magazine Luiza (MGLU3) +13,99%;
- MRV (MRVE3) +12,73%;
- Via (VIIA3) +12,60%
Maiores baixas
- BRF (BRFS3) -2%
- PetroRio (PRIO3) -1,73%;
- Minerva (BEEF3) -1,63%;
- Braskem (BRKM5) -1,53%;
- BB Seguridade (BBSE3) -1,23%
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Mandou bem!
Você sabe bastante sobre o Ibovespa, mas poderia conhecer um pouquinho mais
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*Com informações da Reuters