Ibovespa fecha em alta após pior semana desde início da pandemia; dólar cai
Principal índice da B3 avançou 2,28%, aos 108.714 pontos. Moeda americana recuou a R$ 5,55
A bolsa de valores mostrou reação no pregão desta segunda-feira (25), num ambiente ainda tenso diante do cenário de deterioração fiscal do país, que fez o principal índice da bolsa paulista ter a pior semana desde o início da pandemia.
No fim da sessão, o Ibovespa teve valorização de 2,28%, aos 108.714 pontos.
Já o dólar à vista apresentou queda depois de subir no começo do pregão, enquanto na bolsa contratos futuros da moeda norte-americana cederam, conforme investidores analisavam novos acenos do presidente Jair Bolsonaro ao mercado financeiro depois da turbulência da semana passada.
No encerramento do pregão, o dólar à vista caiu 1,28%, a R$ 5,552, após alcançar R$ 5,6594 (+0,62%) pouco depois do início dos negócios.
Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro disse no domingo que o governo e a equipe econômica farão “de tudo” para não perderem a confiança do mercado, com ambos trocando elogios depois de uma semana em que os ativos financeiros despencaram por temores sobre os rumos da política econômica –o que havia gerado especulações de saída do ministro do cargo.
Na sexta, Guedes afirmara que preferia tirar uma nota menor no quesito fiscal, com o déficit primário sendo um pouco maior no ano que vem, em troca de atendimento a mais frágeis, relativizando a mudança na regra do teto e defendendo que não houve mudança nos fundamentos da economia brasileira com a fórmula encontrada para financiar o novo Bolsa Família.
As falas conjuntas ainda na sexta fizeram preço no mercado. O dólar acabou fechando em queda, depois de no mercado futuro superar R$ 5,76 no pior momento daquele dia.
De toda forma, o cenário seguiu em cautela, o que ficou evidente na expressiva piora de estimativas mostrada pela pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta manhã.
O prognóstico para o dólar, por exemplo, pulou a R$ 5,45 para o fim deste ano e do próximo, ante R$ 5,25 da previsão anterior para ambos os períodos. O mercado elevou ainda os números para juros e inflação e baixou os para o crescimento econômico.
“Mais juros e menos crescimento para 2022, cenário que reflete o aumento da incerteza e a falta de confiança na política fiscal”, comentou Rafaela Vitoria, economista-chefe e chefe de pesquisa econômica do Banco Inter.
Os números da Focus ilustram a série de ajustes para cima nas estimativas para o dólar desde a semana passada. A XP, por exemplo, promoveu forte alta em seus cálculos, vendo agora cotação de R$ 5,70 ao fim deste ano e de 2022, ante taxas anteriores de R$ 5,20 e R$ 5,10, respectivamente.
“Apesar das mesmas projeções para o final deste e do próximo ano, acreditamos que a taxa de câmbio apresentará muita volatilidade, especialmente com a aproximação das eleições”, disse em nota do fim da sexta-feira Caio Megale, economista-chefe da XP.
Investidores estrangeiros também estão mais desconfiados. Especuladores que operam na Bolsa Mercantil de Chicago tornaram a vender contratos de reais na semana finda em 19 de outubro, elevando posições pessimistas na moeda brasileira em meio à forte pressão cambial no Brasil diante de temores sobre a trajetória das contas públicas.
O mercado ainda aguarda eventos importantes nesta semana no campo doméstico, como a divulgação do IPCA-15 de outubro e a decisão de política monetária do Banco Central.