Ibovespa quase perde os 100 mil pontos com temor sobre guinada do governo
Rumos da política econômica do governo e manutenção do Teto de Gastos do governo preocupam investidores; ações da BRF lideram queda
O Ibovespa fechou em queda novamente nesta quinta-feira (13), com investidores cautelosos diante de novo momento de incertezas sobre a manutenção da agenda liberal de Paulo Guedes no governo.
O principal índice da Bolsa brasileira foi influenciado pelos papéis de Petrobras, Eletrobras e BRF, que acabaram se sobrepondo a boas notícias da economia dos Estados Unidos.
As ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) recuaram 6,94%, enquanto as do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram queda de 2%, por causa do temor de desistência do governo de privatizar as duas estatais.
O pregão terminou com uma queda de 1,64% do índice, que fica em 100.447 pontos.
A ação da BRF (BRFS3) foi a que mais teve desvalorização depois que autoridades chinesas disseram ter encontrado carne de frango importada do Brasil contaminada com Covid-19 na cidade de Shenzhen. Os papéis da maior exportadora brasileira de carne de frango despencaram 7,74%.
Ainda houve queda em ações importantes como as da Petrobras, dos bancos e da Vale. As ações ordinárias da petrolífera (PETR3) recuaram 2,95%
Já o dólar registrou a maior queda em três semanas frente ao real nesta quinta-feira, mais do que devolvendo o ganho da véspera.
O dólar à vista caiu 1,56%, a R$ 5,36 na venda. Foi a maior queda percentual diária desde 22 de julho (-1,87%) e mais do que apagou a alta de 0,70% da véspera.
Por outro lado, a notícia positiva era que ela primeira vez em cinco meses, os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos ficaram abaixo de um milhão.
Destaques
A Petrobras (PETR3) fechou em baixa de 2,5%, conforme os preços do petróleo ampliaram as perdas no exterior, tendo de pano de fundo notícia de que a Agência Internacional de Energia (IEA) reduziu sua projeção de demanda por petróleo em 2020. O contrato do Brent encerrou em queda de 1%.
A Vale (VALE3) caiu 1,87%, também pesando no Ibovespa.
Itaú (ITUB3) e Bradesco (BBDC4) recuaram 2,0% e 2,08%, respectivamente, sucumbindo à piora generalizada no pregão brasileiro.
As ações da brMalls (BRML3) cederam 7,74%, capitaneando as perdas de ações de empresas de shopping centers antes da divulgação do seu balanço nesta quinta-feira, após o fechamento do mercado. O setor está entre os mais afetados pela epidemia, com medidas de isolamento social primeiro fechando os empreendimentos e depois reduzindo o fluxo de pessoas. A Multiplan (MULT3) caiu 5,94% e Iguatemi (IGTA3) recuou 4,93%.
O destaque positivo do pregão foi a Via Varejo (VVAR3), com valorização de 3,47%. O salto acontece depois que a empresa reportou lucro de R$ 65 milhões no segundo trimestre. No setor, o Magazine Luiza (MGLU3) avançou 0,24% e a B2W (BTOW3) teve valorização de 0,86%.
Lá fora
Diante dos impasses políticos que travam a negociação de um novo pacote de estímulos do governo americano, o clima nos mercados globais foi de cautela.
Em Wall Street, os apenas o Nasdaq teve alta, ainda que tímida – de 0,27%. O Dow Jones caiu 0,29% e S&P perdeu 0,2%.
As ações europeias quebraram uma sequência de ganhos de quatro dias nesta quinta-feira, com a negociação de ex-dividendos e uma libra mais forte atingindo as empresas blue-chips do Reino Unido, enquanto os investidores venderam ações de bancos e de energia que tiveram desempenho superior esta semana.
O índice FTSEurofirst 300 caiu 0,66%, a 1.445 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 0,63%, a 373 pontos.
Na China, o dia terminou sem muitas alterações nos índices acionários, já que investidores permanecem cautelosos frente à guerra comercial contra os EUA. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,26%, enquanto o índice de Xangai teve variação positiva de 0,04%.
(Com Reuters)