Mercados operam nesta quarta de olho em alta global nos preços dos combustíveis
Percepção é de que a crise de energia não deve ser resolvida tão cedo e o cenário será mais volátil daqui pra frente
Os mercados começaram a quarta-feira (29) de olho no combustível ficando mais caro no mundo. Com isso, o temor de desaceleração da economia global aumenta.
As bolsas caíram ontem com a crise de energia se espalhando pelo mundo. O petróleo chegou a bater o maior valor em três anos, fazendo ‘cair a ficha’ do mercado de que a inflação global pode não ser transitória.
Com inflação pressionada, a perspectiva é de alta de juros, o que reduz crescimento e eleva atratividade da renda fixa sobre a bolsa.
A percepção é de que a crise de energia não deve ser resolvida tão cedo e o cenário será mais volátil daqui para frente.
Ainda assim, depois das quedas de ontem, é natural que o dia seguinte seja de certa correção.
Nos Estados Unidos, os futuros sobem. A secretária do tesouro americano, Janet Yellen, voltou a pedir que o Congresso aprove logo a elevação do teto da dívida federal para evitar a paralisação parcial, o shutdown, do governo.
Analistas avaliam que no limite um default da dívida poderia trazer colapso financeiro e recessão nos EUA.
Na Europa, bolsas sobem também com alta inesperada no indicador de confiança. As bolsas asiáticas caíram com o ajuste à queda generalizada de ontem. Vale falar que o Banco Central chinês segue injetando dinheiro para conter a crise da Evergrande. Já são oito dias seguidos de estímulos.
Brasil
Por aqui, acompanhando o mau-humor lá fora, o Ibovespa caiu mais de 3% ontem, na sua segunda pior pontuação do ano. E o dólar fechou no maior valor em cinco meses.
Os combustíveis seguem em foco. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse ontem que “ninguém aguenta mais dólar e combustível altos”, e prometeu colocar em votação o projeto enviado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que prevê valor fixo para o ICMS.
Além dos governadores, outro foco dos ataques de Lira foi a política de preços da Petrobras, o que deve manter as ações pressionadas.
Ainda assim, as ações da estatal caíram menos ontem do que a bolsa ao anunciar reajuste do diesel, sinalizando que a política de preços segue.
O mercado também digere a ata do Copom, com BC falando em aceleração da magnitude do ciclo de ajuste. Alguns economistas já revisaram projeções, prevendo Selic acima de 10% no início do ano que vem.
Conforme destaca a nova futura, as notícias de extensão do auxílio emergencial até abril de 2022 estão ajudando a desancorar a curva de juros local.
Além do risco de estouro do teto, com a extensão do benefício, o país pode entrar em 2022 com impulso fiscal, em uma situação de contração da política monetária, pressionando ainda mais os juros.
Agenda do dia
Saiu hoje IGP-M, que veio com queda de 0,64% em setembro, acima da queda de 0,45% esperada pelo mercado. Isso traz um certo alívio, mas não tão grande porque o que puxou o índice para baixo foi a inflação ao produtor, com a queda do minério de ferro.
A inflação ao consumidor segue pressionada pelos preços de energia e combustíveis.
A comissão especial da Câmara que trata da PEC dos Precatórios recebe hoje Bruno Funchal, secretário especial de Tesouro, e às 10h saem os dados do Caged.
(Publicado por Ligia Tuon)