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    Mercado passa a ver piora no rombo fiscal em 2022, mostra Prisma Fiscal

    Mudança de rumo nas expectativas coincide com a proposição pelo governo e análise no Congresso da PEC para liberar desembolsos por fora do teto de gastos

    Por Bernardo Caram, da Reuters

    O mercado financeiro piorou a projeção para o resultado primário das contas do governo federal em 2022 após seis meses consecutivos de revisões mais otimistas, mostrou relatório Prisma Fiscal divulgado nesta terça-feira (12) pelo Ministério da Economia, indicando também um aumento na previsão para a dívida bruta no ano.

    De acordo com o documento, que capta projeções de agentes de mercado para as contas públicas, a expectativa para o resultado primário do governo central neste ano ficou em déficit de R$ 20 bilhões, ante rombo de R$ 11,9 bilhões projetado em junho.

    A mudança de rumo nas expectativas coincide com a proposição pelo governo e análise no Congresso da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para liberar desembolsos por fora do teto de gastos neste ano em aproximadamente R$ 40 bilhões para turbinar benefícios sociais.

    As revisões das projeções para resultados mais positivos em 2022 haviam começado em janeiro, quando os agentes de mercado melhoraram a previsão de rombo fiscal neste ano de R$ 95,5 bilhões para R$ 88,7 bilhões.

    Os resultados seguintes trouxeram perspectivas melhores para as contas públicas, até a interrupção da trajetória observada no atual levantamento.

    As projeções do mercado para o resultado primário refletem uma elevação na estimativa da despesa total do governo, de R$ 1,770 trilhão para R$ 1,793 trilhão.

    Houve uma melhora menos intensa nas expectativas para a receita líquida federal, passando de R$ 1,762 trilhão no relatório anterior para R$ 1,775 trilhão na pesquisa deste mês.

    Com a piora nos dados, os analistas consultados pela pasta aumentaram a expectativa para a dívida bruta do governo geral em 2022 para 79,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 78,9% na pesquisa de junho.

    O governo vem registrando recordes de arrecadação em meio à retomada da atividade econômica e alta da inflação.

    Além de afirmar que a estratégia do momento é converter esse ganho de receitas em cortes de tributos, a equipe econômica deu aval para a aprovação da PEC que cria e amplia benefícios sociais em ano eleitoral.

    Nos últimos meses, o governo já anunciou cortes de PIS/Cofins de combustíveis, redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para uma série de produtos e cortes de tarifas de importação.

    Para 2023, as projeções de mercado indicam déficit primário de R$ 30 bilhões no governo central, ante R$ 24,8 bilhões na estimativa trazida pelo relatório anterior.

    A dívida bruta no ano que vem, segundo os prognósticos, deve ficar em 82,50% do PIB, ante 81,75% previstos no mês passado.

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