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    “Medidas vão construir confiança com investidor”, diz secretário da Fazenda à CNN

    À CNN, Guilherme Mello disse que, quando as ideias da pasta ganharem corpo, o investidor nacional passará a ter mais otimismo no Brasil como o internacional

    Fabrício JuliãoDiego MendesLayane Serranoda CNN , em São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta terça-feira (31), o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, declarou que os investidores brasileiros vão passar a ter mais confiança na economia do país a partir do momento em que as medidas propostas pela Fazenda comecem a ser implementadas.

    “Tenho certeza que, assim que essas medidas forem ganhando corpo e sendo anunciadas, essa eventual diferença de leitura entre investidores nacionais e internacionais vai se dissipar, e nós vamos construir um caminho de confiança para a economia brasileira”, afirmou o secretário, que está em São Paulo participando da Conferência de Investimentos na América Latina 2023.

    “Tenho certeza que, uma vez que avancemos nessas propostas, vai ficar muito claro para qualquer investidor nacional ou estrangeiro que a estratégia, o plano de voo traçado pelo Ministério da Fazenda é consistente, sólido, crível e vai colocar a economia brasileira em um caminho de crescimento sustentável e de baixa inflação nos próximos anos”, acrescentou.

    Guilherme Mello destacou a intenção de o Ministério da Fazenda apresentar uma reforma tributária, tanto em relação aos tributos sobre consumo quanto aos tributos sobre renda, um novo arcabouço fiscal e um novo programa para renegociar dívidas chamado “Desenrola”.

    “As famílias estão endividadas, há um elevado volume de famílias na pobreza, na miséria, existe fome no Brasil. E esses são problemas que nós herdamos. Assim como obviamente existem pontos que nós podemos encontroar como positivos que podemos melhorar daqui para frente”, concluiu.

    Empresários defendem entrada de capital estrangeiro

    Os empresários Abílio Diniz e Rubens Menin, fundador e presidente do conselho da MRV Engenharia e controlador do Inter, da Log Commercial Properties e da CNN Brasil, defenderam, em evento promovido pelo Credit Suisse nesta terça-feira (31), ser necessário apresentar uma reforma tributária e ampliar a segurança jurídica no Brasil para que o país aproveite a onda de entrada de capital estrangeiro e favoreça o ingresso de novos investidores internacionais.

    “O dinheiro dos fundos árabes, de Singapura, todos eles estão loucos para trazer para cá, principalmente em coisas de longo prazo. Eles estão aqui [no evento], e a maneira de atrair é dar segurança para eles, porque as oportunidades estão aqui. Tem que dar segurança jurídica. Eles têm dinheiro que não acaba mais”, afirmou Abílio Diniz.

    “Se pegar entre os países do BRICS, o Brasil é o com o melhor ambiente para captar capital estrangeiro. Dá de dez a zero. Temos que priorizar isso, trazer o capital estrangeiro e mesmo o capital nacional”, disse Rubens Menin.

    Crescimento da economia

    De acordo com os empresários, para conseguir crescimento considerável da economia brasileira é preciso possibilitar a realização de parcerias público-privado e assegurar condições que façam com que os investidores se sintam seguros e confortáveis para entrar nos projetos.

    Rubens Menin destaca ainda que o investimento em infraestrutura já tem um ambiente mais favorável que alguns outros setores, e pode ser uma porta de entrada para o avanço do país.

    “O Brasil hoje tem novas oportunidades de investimento. Esse investimento na malha ferroviária, rodovias, portos, aeroportos… para mim, a parte de infraestrutura é um filé, fazer infraestrutura no Brasil, um país continental, é um investimento bom, e a segurança jurídica é relativamente boa para isso”, ressaltou.

    Já para Abílio Diniz, a expansão de investimentos e da educação são os motores para o Brasil intensificar seu objetivo de crescer mais.

    “Nós precisamos de capital privado, se tiver essa segurança jurídica e política. Não conseguimos ter crescimento sustentável como o governo quer sem que pelo menos 25% do PIB seja de investimento”, afirmou.

    “Além disso, é preciso olhar para a educação, não só para a parte universitária, mas para o ensino básico, fundamental para o nosso desenvolvimento”, disse.

    Juros e inflação

    Os empresários declararam acreditar que o aumento de investimento no país é fundamental para obter crescimento a longo prazo, mas ressaltaram que os juros estão muito altos para favorecer a ampliação da atividade econômica. No entanto, os dois defenderam a autonomia do Banco Central para definir a Selic e fazer o necessário para controlar a inflação antes de alçar voos mais altos.

    “Nós temos nesse momento um constrangimento muito sério que é a taxa de juros. Eu confio na capacidade de Roberto Campos e de todos do BC para julgar o momento certo de baixar [os juros]. Mas a inflação é mortal para as classes vulneráveis e menos favorecidas. O rico e o empresário se viram, mas para o pobre é diferente, é mortal. Então, não podemos querer melhorar o ambiente de negócios sem que a inflação esteja controlada”, pontuou Abílio.

    Menin ainda destacou que a autonomia do Banco Central é uma conquista fundamental para o avanço do Brasil, e ponderou que o país precisa de melhoras no ambiente de negócios, mas reforçou que considera o setor de infraestrutura já em uma posição para obter investimentos e retornos seguros.

    “Os juros não são causa, são consequência. Ele [Campos Neto] pode errar a mão um pouquinho para mais e para menos, mas não é sobre isso. Temos juros no Brasil altíssimos, raramente tivemos um juro real de 8% como hoje em dia, e isso sangra as famílias”, pontuou.

    “Os juros altos são um medicamento, mas não podem ficar assim por muito tempo senão mata o paciente. Então, temos que pensar no Brasil em como criar as condições para os juros diminuírem, apesar de achar que não vai ser tão rápido como eu gostaria”, concluiu.

    Agronegócio

    Miguel Gularte, CEO da BRF, e André Pessoa, CEO da Agroconsult, discutiram a retomada do setor.

    Pessoa diz que ano agrícola de 2022 teve um desafio significativo, começando como uma apreensão em relação ao suprimento de insumos e se teriam fertilizantes na quantidade necessária em função da guerra na Ucrânia. “Tudo isso foi resolvido, exceto o preço desses insumos. Foi uma safra plantada com custo de produção muito elevada. Em reais, certamente, o mais alto da história”.

    Para ele, porém, 2023 terá “uma recuperação muito significativa de safra”, com previsão de recorde. A expectativa, diz Pessoa, é de uma colheira na faixa de 154 milhões de toneladas.

    Gularte confirmou a boa fase nos negócios e relembrou as dificuldades que passaram com a pandemia. Segundo ele, foram grandes desafios para produzir e transportar.

    De acordo com o CEO da companhia dona da Sadia e Perdigão, a companhia aumentou a capacidade orgânica de produzir e está preparada para esse crescimento de produção e de consumo.

    “Quando analisamos do ponto de vista de investimento de possibilidade, temos que partir da premissa que trabalhamos em um setor onde a demanda supera a oferta. Quando você tem um ambiente de negócio onde seu produto tem colocação, você já tem a tranquilidade de saber que tudo o que você produzir, você vai vender”, afirmou.

    Transição energética e pequenas empresas

    Os novos integrantes do BNDES, Alexandre Abreu, diretor financeiro, e Natalia Dias, diretora de mercado de capitais, falaram como serão suas frentes de atuação e qual será o foco da instituição.

    Abreu disse que o grande desafio está na transição energética para a economia verde. “Nós temos cerca de 85% da nossa energia limpa. Temos a floresta Amazônica e temos a possibilidade enorme de atrair recursos visando o desenvolvimento de uma indústria focada nesse novo modelo de desenvolvimento que o mundo certamente vai caminhar para ele”.

    Outra questão que Abreu disse estar trabalhando no BNDES – e pretende aprimorar – é o apoio a micros, pequenas e médias empresas. “O banco tem uma capacidade gigante de, através dos agentes financeiros, distribuir crédito a esse setor. Seja para investimento, seja para capital de giro, usando mecanismo como, por exemplo, de fundo garantidores”.

    A reindustrialização também esteve em debate. “O Brasil, que já teve 27% do PIB baseado em indústria, hoje tem cerca de 11%. Todos nós sabemos o valor agregado na economia que a indústria traz, por isso, é importante sermos um país exportador de produtos agrícolas invejados no mundo inteiro, por exemplo”.

    Natália Dias destacou que uma das tônicas dessa gestão é estar sempre próximo do mercado. “Vários estudos mostram o impacto que tem o desenvolvimento do mercado de capitais no avanço econômico”.

    Dias adiantou que já tem algumas definições, como a recuperação da sua área não só na atuação de carteiras de equities, nas participações e nos fundos investimentos do BNDES, mas também na parte de dívida.

    “A estruturação de dívida hoje está dividida em várias áreas do banco, e a gente quer resgatar esses dois pilares da área de mercado de capitais. Lá atrás, a gente teve participações, por exemplo, em papel celulose, em dívida e participação acionária. E essa é a tônica que a gente quer”, ressalta.

    Mais especificamente na parte de captação, Dias enfatizou o que a equipe tem visto que o Brasil tem um potencial para alavancar fundos para financiar a transição energética e descarbonização da economia.

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