Já é possível investir em água, assim como em petróleo e soja, em Wall Street
A água faz parte do mercado futuro, que é uma “promessa”, ou seja, um tipo de negociação que não necessariamente implica na transação imediata do bem negociado
O ditado popular “está vendendo como água” ganhou outro significado no mundo das ações. Afinal, a matéria-prima já é negociada como commodity no mercado de futuros de Wall Street – da mesma forma que ocorre com petróleo e com o trigo. Ela inclusive já tem até um índice: o Nasdaq Veles California Water (NQH2O).
A tabela, criada em outubro de 2018, é feita com preços dos direitos de água no mercado de futuros das cinco regiões da Califórnia. Para se ter um valor como comparação, nessa semana a cotação está em US$489,11 (cerca de R$2.704,77) por “acre pie”, algo em torno de 1,4 milhão de litros.
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Essa água não será estocada em caixas d’água ou piscinas de mil litros: o que realmente começou a ser cotizado em Wall Street, na verdade, não é a água. São seus direitos de uso.
Os mercados de futuro são uma espécie de “promessa”, ou seja, um tipo de negociação que não necessariamente implica na transação imediata do bem negociado. É uma espécie de “agendamento”. Esse tipo de investimento, em teoria, serve para dar transparência de valor de uma commodity (matéria-prima), como é o caso do trigo, milho, gás natural, soja, etc.
Na prática, ocorre a antecipação de investidores na compra de bens que podem se tornar escassos para vender no futuro com preços mais elevados. Não precisa ser um expert em economia para saber que a principal movimentação para gerar lucro no mercado de ações é comprar na baixa para vender na alta.
A Califórnia não é pioneira na venda de água. Países como Austrália e Chile já venderam concessões de direito de uso e o resultado não foi muito promissor. No vale de Copiapó, ao norte do Chile, foram vendidos mais direitos de uso da água do que a bacia comportava, por exemplo.
Defensores da Nasdaq Veles California Water (NQH2O) alegam que o mecanismo incentiva o uso de água consciente. No entanto, algo que não é muito visto em Wall Street a preservação da população ribeirinha, assim como pequenos produtores muito menos questões ambientais dos rios.
Muito menos o fato desta matéria-prima ser uma necessidade vital a todos os seres humanos do planeta.
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