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    ETFs que investem nos EUA já subiram 25% no ano: ainda vale comprar?

    IVVB e SPXI funcionam como fundos que replicam as ações do S&P 500 e, no Brasil, foram impulsionados pela alta de mais de 40% do dólar

    Juliana Elias , do CNN Business, em São Paulo

    Na contramão de praticamente qualquer ativo listado na bolsa de valores brasileira, há dois papéis que acumulam ganhos fortes neste ano: o IVVB11 e o SPXI11, código dos dois únicos ETFs da B3, a bolsa de valores brasileira, que investem em ações no exterior. Eles se valorizaram em mais de 25% desde o início de 2020, impulsionados, essencialmente, pela alta do dólar, que já disparou mais de 40% no ano.

    ETF é a sigla para o termo em inglês Exchange Traded Funds, ou “fundos negociados em bolsa”, em uma tradução livre. São fundos que replicam índices das bolsas de valores. Eles são administrados por bancos e gestoras e investem na mesma cesta de ações de índices como o Ibovespa (que é acompanhado por ETFs como o BOVA11 e BOVB11) ou o Small Caps (replicado pelo SMAL11). Listados em bolsa, os ETFs são comprados e vendidos exatamente como ações, por meio de ordens feitas na B3 pelos seus códigos.

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    Tanto o IVVB11 quanto o SPXI11 replicam o S&P 500, índice norte-americano que reúne as 500 maiores empresas de capital aberto no país, uma lista que vai de Microsoft, Amazon e Facebook a American Airlines, Pfeizer e ExxonMobil. 

    No Brasil, o IVVB11 já se valorizou em 25,9% desde o começo de 2020, enquanto o SPXI11 avançou 26,3%, de acordo com levantamento feito pela Suno Research a pedido do CNN Brasil Business. Em 12 meses, o ganho de ambos é de 41,7%. As rentabilidades levam em consideração as variações até 7 de maio. 

    No mesmo período, o Ibovespa caiu 28%, e todos os demais ETFs do mercado brasileiro também despencaram, com quedas que vão de 22% a 39%. Todos eles seguem índices nacionais. O SMAL11, por exemplo, que investe nas small caps e foi um dos que mais se valorizou no ano passado, tem o segundo pior desempenho de 2020: queda de 37%. O BOVA11, um dos ETFs mais negociados, perdeu 31,7%. A menor queda, de 23%, foi do MATB11, que segue o índice de materiais básicos da B3 (IMAT), formado por exportadoras de commodities como CSN, Vale e Klabin . 

    Atualmente existem 17 ETFs de renda variável abertos na bolsa brasileira. A lista com os códigos e as informações básicas de cada um pode ser vista no site da B3. Os índices existentes na B3, com a listas das empresas que os compõem, também estão detalhados no site da bolsa. É possível comprar ETFs a partir de apenas uma unidade, com valores que partem da casa dos R$ 100. 

    S&P caiu, mas dólar disparou

    Os ETFs que seguem o S&P americano conseguiram altas expressivas no Brasil, mesmo com as bolsas norte-americanas também tendo tido semanas amargas de queda com o estouro global do novo coronavírus. “Os dois replicam o S&P, mas, como eles são em dólar, ganham também com a variação cambial”, disse Ronaldo Guimarães, sócio-diretor do banco digital Modalmais. 

    O S&P 500 acumula queda de 10% no ano – chegou a cair 30% até meados de março, mas veio se recuperando desde então. Já o dólar subiu 43% em relação ao real desde o começo do ano, considerado o acumulado até o fim da semana passada.

    Os ETFs são uma maneira simplificada de investir no exterior, mas o efeito final da conta é o mesmo de quem estivesse levando o dinheiro para fora para aplicar lá, o que passa pela conversão cambial. É por isso que investimentos como esses sofrem a variação dupla – do preço do ativo e do dólar –, e exigem também atenção redobrada. 

    Os desdobramentos são vários: o preço da ação pode subir e o dólar cair ou o dólar pode subir e a ação cair, de maneira que um anula parte do outro. Os dois podem também subir e cair juntos, o que intensifica ainda mais a perda ou o ganho.

    Ainda vale a pena comprar?

    As altas expressivas destes dois ETFs são tentadoras, mas, de acordo com Alberto Amparo, analista da Suno Research, quem quiser compra-los agora para ter ganhos rápidos na mesma proporção pode já ter perdido a melhor parte da viagem. O entendimento é que o dólar já subiu muito e o futuro do S&P é ainda incerto. “O mercado lá pode estar otimista demais para uma economia que está com o desemprego em níveis do pós-guerra”, disse.

    Ainda assim, os especialistas concordam que ter os ETFs que investem no exterior em uma parte da carteira é sempre uma maneira saudável de diversificação e bastante recomendada. “É um investimento ótimo; você estará comprado em dólar e na bolsa americana”, disse Guimarães, do Modalmais. 

    Amparo, da Suno, destaca o fato de o S&P 500, referência de Wall Street, ser muito mais amplo e diversificado que o Ibovespa, o índice que reúne as maiores companhias da bolsa brasileira. “São 500 empresas e de setores muito diversificados, enquanto o Ibovespa tem cerca de 60 e com presença muito forte em commodities”, disse. 

    Só a Petrobras e a Vale têm juntas um peso de quase 20% do índice da B3. No S&P, as duas maiores são a Microsoft e a Apple, com 5% de participação cada.
     
    “Talvez agora não seja o melhor momento para montar uma grande posição [nos ETFs de S&P], mas, para o médio e longo prazo, o ganho é certo”, disse o analista. “É uma regra de bolsa sempre reservar um pedaço dos investimentos e colocar no S&P 500 ao longo da vida.”

    Como escolher?

    Como os dois ETFs – o IVVB11 e o SPXI11 – espelham o mesmo índice, as diferenças na hora de escolher entre um e outro são pequenas. As ações de base e a rentabilidade tendem a ser sempre muito parecidas.

    O principal fator para pesar na decisão são as taxas de administração, que existem para todos os ETFs e são uma pequena porcentagem do total investido pago à gestora responsável. As taxas são informadas no site da B3 ou da gestora.

    O IVVB11 é gerido pela Black Rock e cobra uma taxa de administração equivalente a 0,24% ao ano do valor aplicado. A cotação dele atualmente é de R$ 179. O SPXI11 pertence ao Itaú Unibanco e a taxa é de 0,27% ao ano; o preço atual é de R$ 175.

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