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    IPOs devem voltar a ganhar força no próximo ano, dizem analistas

    Empresas que iniciaram tratativas para entrar na bolsa em anos anteriores, como Kalunga, Madeiro e outras, mantêm interesse de listar ações na B3 em 2023

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O mercado de abertura de capitais no Brasil não repetiu este ano o mesmo sucesso que teve em 2007 e 2021, quando houve recordes de IPOs na bolsa brasileira, respectivamente com 64 e 46 aberturas novas. Ainda que o cenário internacional adverso, impulsionado pelo início de uma guerra entre Rússia e Ucrânia, e a tensão de um período eleitoral tenham atrapalhado novas emissões de ações em 2022, especialistas acreditam que o próximo ano deve voltar a movimentar a oferta no mercado acionário do país e sair do placar de zero IPOs neste ano até o momento.

    Algumas empresas já manifestam o desejo de realizar listagem na B3 desde 2020, mas interromperam ou adiaram os planos devido ao cenário pouco atrativo. Agora, a depender da conjuntura econômica do início do ano que vem, elas avaliam entrar de vez no mercado de capitais, como é caso de Kalunga, Madero, Vix Logística, Unigel, Agribrasil, Verzani & Sandrini e Claranet, conforme apurou o CNN Brasil Business.

    A Kalunga obteve registro de companhia aberta na CVM em março de 2021. Assim como outras companhias, ela chegou a fazer o trâmite regulatório para abrir o capital em 2020, quando os juros estavam na mínima histórica e foram um dos motores para a onda de IPOs no Brasil à posteriori. Segundo a empresa, ela “vê no mercado de capitais uma forma de aprimorar sua estrutura de capital, acelerar investimentos no seu plano de expansão e perenizar o seu negócio”. 

    Na esteira de novos negócios após o baque da pandemia, o Grupo Madeiro também confirmou que ainda mantém o interesse em seguir com o plano de abrir capital, mas afirmou que o planejamento depende do alinhamento com as expectativas dos acionistas e de uma janela atraente para a investida.

    “O Grupo Madero está pronto e continua considerando prosseguir com um eventual IPO em 2023, porém, lembra que possui uma estrutura de capital adequada para aguardar com tranquilidade uma janela para a realização de IPO que atenda a expectativa de precificação da Companhia e de seus acionistas, no médio ou longo prazo”, disse, em nota.

    Outra empresa que confirmou ao CNN Brasil Business a intenção de realizar IPO em 2023 é a Agribrasil, exportadora de grãos brasileira. Ela havia pedido à CVM em outubro do ano passado o cancelamento da solicitação de registro da oferta pública de ações “por razões de mercado”, mas agora volta a vislumbrar uma entrada no mercado acionário. A companhia confirmou que “segue aguardando a reabertura da janela de IPO para abertura de seu capital”.

    No setor de logística, a Vix – que trabalha com operações portuárias, transporte, armazenagem, movimentação de produtos, distribuição, locação de veículos, fretamento e logística automotiva – disse que está aguardando uma oportunidade para a retomada do seu processo de IPO, interrompido no fim do ano passado.

    “Seguimos monitorando o mercado e prontos para possíveis momentos, porém um processo de IPO somente será retomado quando e caso o nível de preços/múltiplos do setor estiver em linha com as expectativas dos acionistas. Ou seja, pelo menos nos patamares das últimas janelas do ano passado (2021) ou melhor”, destacou o grupo.

    Já no setor de serviços, a empresa Verzani & Sandrini pode surgir como novidade na bolsa a partir do ano que vem. Isso porque, ainda que uma tentativa inicial também tenha ficado para trás no ano passado, o grupo disse que “caso as condições de mercado estejam favoráveis, a empresa considera uma nova tentativa para 2023”.

    Outras novidades que podem aparecer na bolsa no próximo ano são a Unigel e a Claranet. A primeira, uma das maiores petroquímicas do país e a maior produtora nacional de fertilizantes nitrogenados da América Latina, afirmou ao CNN Brasil Business que “permanece atenta às janelas de oportunidade do mercado e está dando sequência a seu plano estratégico de crescimento”, após ter se tornado uma companhia aberta em novembro de 2021. Já a Claranet, que presta serviços tecnológicos, também confirmou estar monitorando o mercado e aguardando novos capítulos.

    Cenário favorável

    Apesar do interesse reprimido dessas e de outras empresas para a realização de IPOs, especialistas ressaltaram que o oferta de emissão de novas ações vai depender de um cenário favorável e mais atrativo para os investidores – algo que não foi possível em 2022.

    “Podemos destacar que existe uma demanda reprimida de 2021, com várias empresas com a bala no gatilho e que poderiam ter aberto o capital no ano passado mas interromperam seus negócios. Se os problemas de alta dos juros, inflação e choque de oferta não forem resolvidos, a oferta de IPOs será baixa no próximo ano também. Mas se conseguirmos resolver esses problemas, vamos vislumbrar cenários mais positivos”, afirmou Roberto Kanter, economista e professor da FGV.

    Segundo ele, também existe uma tendência de cada vez mais empresas novas começarem a abrir seu capital nos anos seguintes, pois as companhias tradicionais e consolidadas no mercado já possuem ações listadas na bolsa.

    “É preciso apontar que na questão de IPOs, cada vez mais as empresas maduras já abriram capital, isso a nível mundial. Hoje muitas empresas novas, que fizeram Série B e C resolvem ir ao mercado acionário, e muitas delas têm volatilidade muito grande”, acrescentou.

    Para Denis Morante, sócio-diretor da Fortezza Partners, a bolsa não deve ter surpresas positivas em relação à entrada de empresas, mas o mercado pode vir a acompanhar um movimento de ingresso a partir do próximo ano, quando a aversão a risco ficar menor, e a oferta reprimida voltar à ativa.

    “Acredito que o forte virá no ano que vem, que deve ter algo em torno de R$ 80 a R$ 100 bilhões de reais de emissões para acontecerem, de todas aquelas empresas em fila desde 2020 e 2021″, destacou.

    “Após as eleições, passa a ter uma definição sobre o que vai ser política econômica de 2023 em diante, então tudo isso deve andar com mais força. Se tiver alguma emissão ainda este ano vai ser muito pontual e utópica, de uma empresa muito robusta, que precisa pegar dinheiro ainda em 2022”, concluiu.

     

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