Investimentos de estrangeiros na Bolsa brasileira batem recorde em 2021
Foram mais de R$ 100 bilhões de investimentos no ano passado, apesar de queda de cerca de 12% do Ibovespa no período
Apesar da queda de quase 12% do Ibovespa no ano passado, os investimentos estrangeiros na bolsa de valores brasileira bateram recorde em 2021. O saldo positivo atingiu a marca de R$ 100 bilhões.
Três motivos principais explicam esse alto fluxo em 2021, afirmou a analista de economia da CNN, Priscila Yazbek: real desvalorizado, a queda da bolsa e as commodities em alta.
A desvalorização da moeda e a queda da bolsa deixam os investimentos mais baratos para os estrangeiros, que enxergam a B3 como “uma grande bolsa de commodities”.
Dessa forma, como explica Yazbek, os estrangeiros acabam investindo em ações como Vale, Petrobras e não tanto em ações de consumo doméstico. Então quando as commodities sobem, isso puxa o fluxo para o nosso mercado.
O recorde de investimentos estrangeiros pertencia ao ano de 2009, que teve R$ 50,7 bilhões de investimentos do exterior após estímulos do governo devido à crise financeira global do ano anterior.
A partir de 2018, o governo americano tirou os estímulos da economia, o que faz com que o saldo seja negativo naquele mesmo ano e em 2019. O saldo só voltou a ser positivo em 2020, com investimentos de R$ 7,4 bilhões.
A XP Investimentos, corretora que compilou os dados citados, disse que o investimento estrangeiro deve continuar subindo em 2022, pois é esperado uma melhora fiscal, um cenário positivo para as commodities e para os países emergentes e uma continuidade na retomada da economia.
Priscila Yazbek afirmou que conversou com Daniel Alberine, gestor da CTM Investimentos, que explicou o motivo da bolsa estar tão atrativa para os investimentos estrangeiros.
Segundo ele, como as economias americana e chinesa vão seguir crescendo em 2022, o fluxo deve continuar apontando para países emergentes, em razão do preço mais barato dos ativos. Além disso, a arrecadação do país está aumentando, o que minimiza o risco fiscal que tem gerado preocupação.
Outro fato ressaltado por gestores ouvidos pela analista também é que investidores estrangeiros costumam prestar atenção maior nos preços dos ativos no país e menos em ruídos políticos, que costumam ser foco de investidores domésticos.