Intenção de consumo dos brasileiros é a maior desde maio de 2020, aponta CNC
Resultado é influenciado pelo avanço do otimismo das famílias com menor renda, segundo pesquisa
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) no Brasil alcançou 79,5 pontos em maio deste ano, como apontou a pesquisa, divulgada nesta terça-feira (24), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Trata-se do maior nível para o indicador desde maio de 2020, quando estava em 81,7 pontos.
De acordo com a pesquisa, a expectativa por um maior consumo entre os brasileiros cresce há pelo menos cinco meses consecutivos.
Em janeiro de 2022, por exemplo, o indicador apresentava um valor aproximado de 70 pontos. Apesar do avanço, o índice, que pode variar até 200 pontos, ainda está abaixo do nível de satisfação, baseado em 100 pontos.
O resultado para maio está atrelado à boa percepção em relação ao mercado de trabalho no país — que tem um desemprego em queda desde o início do ano, segundo o IBGE — e à “estabilidade financeira” da população para os próximos meses, segundo a CNC.
O estudo também destaca o acesso ao crédito e a renda atual como motivos para a recuperação do consumo.
Entre os brasileiros, a população com menor renda é a que espera voltar a consumir com mais frequência, segundo o levantamento.
Nas famílias que ganham até dez salários mínimos, “a intenção de consumo avançou de forma mais expressiva”, com uma alta de 4,8% para maio em relação a abril. Já entre a população com renda superior a dez salários mínimos, o crescimento foi de 2,8% no período.
Comparando as regiões brasileiras, os consumidores do Norte apresentaram a menor intenção de consumo em maio, com 62,3 pontos.
Na outra ponta aparecem os moradores da região Sudeste e Sul do país, com uma pontuação de 81,7 e 85,7 pontos, respectivamente.
Mesmo com a melhora em maio, a intenção de consumo ainda está abaixo da expectativa para todas as faixas de renda e regiões no Brasil, aponta o estudo.
A CNC destaca que qualquer valor abaixo de 100 pontos significa um resultado abaixo das expectativas para uma economia aquecida.
Dessa forma, a pontuação é influenciada pela crescente inflação e escalada da taxa de juros, que afeta o poder de compra das famílias brasileiras, segundo o levantamento.
“Analisando a pesquisa, podemos dizer que a percepção sobre o mercado de trabalho melhorou, mas acho que não podemos dizer que estamos em um mercado de trabalho aquecido, isso não procede. O mercado de trabalho parou de piorar e isso acabou melhorando a percepção das pessoas”, avalia o professor e economista do Ibmec, Christiano Arrigoni.
“Elas estão sentindo-se mais seguras no emprego por conta disso, mas não quer dizer que ainda estamos com uma economia instável, até porque o impacto da inflação é uma hipótese plausível.”