Há espaço para uma “rápida” e “vigorosa” redução da taxa Selic nas próximas reuniões do Copom, diz secretário da Fazenda
Para Guilherme Mello, processo de cortes fará com que agentes econômicos precifiquem um ciclo sustentável de queda dos juros
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse nesta sexta-feira (28) que a equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencida de que há espaço para uma “rápida” e “vigorosa” redução da taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
“Já há consolidado por algum tempo espaço para a redução da taxa de juros… Isso diz respeito às variáveis macroeconômicas, é uma análise basicamente técnica, olhando tanto para o comportamento dos índices de inflação quanto para o mercado de trabalho”, disse Mello em entrevista à GloboNews.
Mello ainda afirmou que acredita que a redução da taxa pode iniciar já na próxima reunião do Copom, em agosto, e que o processo de cortes fará com que agentes econômicos precifiquem um ciclo sustentável de queda dos juros e gerará a antecipação de investimentos no país.
Taxa Selic deve começar a cair a partir de agosto
“Nós acreditamos que esse processo pode se iniciar nessa reunião do Copom… Se iniciarmos hoje um processo de redução sustentável e crível da taxa de juros, os próprios agentes econômicos vão precificar essa queda e antecipar suas decisões de investimento”, disse.
O secretário também previu que no primeiro trimestre do próximo ano os efeitos de um processo imediato de redução da taxa de juros poderão começar a ser vistos na economia brasileira, seja no consumo das famílias ou na retomada dos investimentos na indústria.
A Selic está atualmente em 13,75%, mas há ampla expectativa no mercado de que será reduzida na quarta-feira que vem, ao fim da reunião de dois dias do Copom. Probabilidades implícitas em contratos futuros de juros apontam 67% de chance de um corte de 0,50 ponto percentual, com 33% de chance de ajuste menos intenso, de 0,25 ponto.
Na ata de sua ultima reunião de política monetária, em junho, o BC disse que a maioria dos membros do Copom enxergavam a possibilidade de iniciar um afrouxamento monetário “parcimonioso” em seu próximo encontro, desde que um cenário de inflação mais benigno se consolidasse.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram neste mês que, em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,08% na comparação mensal, a primeira deflação em nove meses, e acumulou alta de 3,16% em 12 meses, a menor marca desde setembro de 2020 e abaixo do centro da meta do BC para este ano, que é de 3,25%.