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    Guerra entre Israel e Hamas deve ter pouco impacto no Brasil, dizem economistas

    Principal preocupação está em possível alta do petróleo, o que pode pressionar a inflação doméstica e atrapalhar os planos de cortes dos juros

    Juliana Eliasda CNN , São Paulo

    Ainda é cedo para avaliar a intensidade dos impactos que o estouro de uma guerra entre Israel e o grupo islâmico Hamas, no fim de semana, podem ter para a economia brasileira, de acordo com especialistas consultados pela CNN.

    A avaliação inicial, entretanto, é de que os reflexos de ordem econômica devem ser limitados — bem menores do que, por exemplo, o choque de preços causados pelo estouro do conflito entre Rússia e Ucrânia em 2022 —, e concentrados, principalmente, nas pressões que podem recair sobre o preço do petróleo.

    “Ainda é muito cedo para dizer os efeitos na economia brasileira, até porque não sabermos o nível da escalada dos eventos e por quanto tempo ele pode continuar”, diz o economista Jason Vieira.

    “Agora, o que temos são os efeitos de curto prazo, que estão conectados em parte ao petróleo e aos impactos disso em termos inflacionários, o que, obviamente, mexe na política monetária.”

    O barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do globo, fechou a sessão com alta de 4,22%, negociado a US$ 88,15. Já o WTI, base do mercado dos Estados Unidos, teve alta de 4,3%, a US$ 86,38.

    Na visão dele, porém, ainda não fatores suficientes para fazerem com que o Banco Central (BC) mude a trajetória já planejada para a taxa Selic de aumentos gradativos de 0,5 ponto porcentual.

    “Se a guerra não escalonar, o que é mais provável hoje, os impactos devem ser bem menores do que foram na guerra da Ucrânia, que afetaram dois países importantes em commodities”, explicou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.

    “Há um impacto de curto prazo no petróleo, mas, por ora, nada muda no nosso cenário doméstico”, afirmou.

    O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, diz que as pressões que as novas incertezas geradas pela guerra jogaram sobre o preço do petróleo se somam a outros problemas que já vinham dificultando a tarefa do Banco Central de baixar os juros mais rápido, como a recente valorização do dólar e também a possibilidade de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos.

    “O estresse com os juros longos nos Estados Unidos já mudou a estrutura da taxa de juros no Brasil, e o mercado começa a falar em uma Selic mais para 10,5% no final do ciclo de corte, o que há algumas semanas estava entre 9% e 9,5%”, disse.

    “O cenário fica mais complicado com o preço do petróleo em alta, com um conflito no Oriente Médio. Já tínhamos pressão de commodities, a desvalorização da moeda brasileira já tem provocado efeitos inflacionários. O cenário de inflação está bem mais complicado do que há alguns meses, e a vida do Banco Central brasileiro vai ser mais difícil.”

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