Grupo Petrópolis entra com recuperação judicial e atribui dificuldade a juros altos em 13,75%
Dono das marcas Itaipava, Crystal, Petra, dentre outras, alegou dívida de R$ 4,4 bilhões, queda nas vendas e alta exponencial da taxa Selic
O grupo Petrópolis, dono das marcas da cerveja Itaipava, Crystal, Petra, entre outras, entrou com pedido de recuperação judicial, ajuizado em regime de urgência, na segunda-feira (27), na Justiça do Rio de Janeiro.
Segundo o pedido da defesa, as dívidas da empresa somam R$ 4,4 bilhões. Desse total, obrigações financeiras e de mercado de capitais são da ordem de R$ 2 bilhões. Com os fornecedores e terceiros, são mais R$ 2,2 bilhões. O restante não foi detalhado no pedido.
Uma das alegações utilizadas pelo advogado do grupo foi o aumento da taxa básica de juros, a Selic, o que agravou a situação da dívida, pressionando o nível de endividamento. Esse fato, teria gerado um impacto de R$ 395 milhões por ano no fluxo de caixa da companhia.
Além disso, a companhia denunciou no pedido a falta de repasse dos custos de produção por parte de suas concorrentes, que a partir desse cenário, teriam maior poder para absorver aumentos de custos.
Ainda de acordo com as alegações do advogado, o pedido também seria para evitar os “gravosos e nefastos efeitos que o vencimento de parcela bullet, no valor de R$ 105 milhões, decorrente da operação financeira, provocará”.
Para melhorar a situação financeira da empresa, o grupo disse que, das 8 unidades fabris, apenas 40% de sua capacidade instalada total está sendo utilizadas.
Atualmente, o Grupo Petrópolis é responsável pela geração de aproximadamente 24 mil empregos.
“A combinação desses fatores, exógenos e alheios ao controle das Requerentes, gerou uma crise de liquidez sem precedentes no Grupo Petrópolis, que comprometeu seu fluxo de caixa a ponto de obrigá-lo a buscar a proteção legal com o ajuizamento deste pedido de recuperação judicial”, destaca o documento.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro confirma as informações, mas não soube informar os próximos trâmites, já que não tem acesso ao processo, tramita em segredo de justiça.
Posição da companhia
Em nota, o Grupo Petrópolis disse que a administração “tem empreendido esforços e estudos para otimizar sua estrutura de capital e adequá-la à situação operacional, financeira e econômica que vem se agravando há aproximadamente 18 meses, especialmente devido à redução de seu faturamento e volume de vendas, da pressão inflacionária e aumento dos custos de produção e da dificuldade de repasse de preços médios dos produtos vendidos”.
Disseram ainda que, como parte dos esforços empreendidos, a administração do grupo “entende que o ajuizamento do pedido de recuperação judicial é a medida mais adequada para a preservação de mais de 24 mil empregos diretos e estimados 100 mil empregos indiretos, além da manutenção das atividades operacionais e da função social do Grupo Petrópolis”.
“O ajuizamento da recuperação judicial pelo Grupo Petrópolis atende de forma ordenada aos interesses dos seus colaboradores e parceiros comerciais, porque tem como objetivo a reestruturação dos passivos da empresa, em especial os financeiros, com o redimensionamento de obrigações nos termos de plano de recuperação a ser apresentado pelo Grupo Petrópolis e deliberado pelos seus credores. Além disso, durante a recuperação judicial, a administração do Grupo Petrópolis permanecerá na condução de suas atividades de forma regular, provendo o conhecimento técnico necessário para implementação da reestruturação pretendida.”
“O Grupo Petrópolis está confiante em que o processo de recuperação judicial viabilizará o seu redimensionamento financeiro, contribuindo para preservar a manutenção de suas atividades, dos milhares de empregos gerados e das relações com seus fornecedores e parceiros comerciais.”