Entenda como a turbulência econômica da China pode prejudicar as empresas dos EUA
Empresas como Apple, Intel, Ford e Tesla têm grandes laços de fabricação com o país; outras, como a Starbucks e a Nike, dependem dos consumidores asiáticos
A economia da China está com problemas. Isso é uma má notícia para as ações do mercado dos Estados Unidos e, potencialmente, para o seu portfólio.
Entenda o que está acontecendo:
Os gastos do consumidor chinês, a produção industrial e o investimento em ativos de longo prazo (como imóveis, máquinas ou outros bens) desaceleraram ainda mais em julho em relação ao ano anterior, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas do país.
O desemprego juvenil na segunda maior economia do mundo atingiu recordes repetidamente. No início desta semana, Pequim decidiu suspender completamente a divulgação desses dados mensais.
As tensões entre os EUA e a China, enquanto isso, aumentaram à medida que as duas maiores economias do mundo se enfrentam em questões que vão desde política comercial e tecnologia, até a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Na semana passada, o presidente Joe Biden anunciou uma ordem executiva limitando os investimentos dos EUA em indústrias de tecnologia avançada na China.
A ordem levou os gestores de fundos a se preocuparem sobre como deveriam investir no país.
Separadamente, um comitê do Congresso anunciou no início deste mês que está investigando a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, e a MSCI , uma das maiores provedoras de fundos de índice, para determinar se estão investindo em empresas chinesas que estão na lista negra do governo dos Estados Unidos por questões de segurança e direitos humanos.
Por que é importante?
“Na maior parte das últimas duas décadas, o crescimento econômico da China tem sido um importante impulsionador da economia global”, disse Alex Etra, estrategista da empresa de análise de dados Exante.
Isso significa que, se a economia da China desacelera, o crescimento econômico global também desacelera.
“Quando o crescimento econômico global desacelera, isso tende a ter ações negativas nos EUA. E parte disso tem a ver com a exposição direta das vendas de empresas americanas na China e com o fato de a China ser um grande consumidor de commodities”.
Mesmo as empresas que não estão vendendo diretamente para a China são impactadas pelo que acontece, disse ele.
A ExxonMobil pode não estar fazendo muitos negócios com a China, disse Etra, mas se o crescimento chinês desacelerar, isso significa que os preços do petróleo cairão. Eles fizeram exatamente isso na última semana, caindo cerca de 5%.
Onde vai doer?
Empresas sediadas nos Estados Unidos que fazem negócios na China podem perder se a economia lá continuar em uma trajetória descendente.
Empresas como Apple, Intel, Ford e Tesla têm grandes laços de fabricação com o país. Outras, como a Starbucks e a Nike, dependem dos consumidores chineses.
No início deste ano, o Bank of America compilou uma lista das empresas do S&P 500 com maior exposição à China.
No topo da lista estava Las Vegas Sands. A empresa de cassinos obtém 68% de suas vendas da China e viu o preço de suas ações cair quase 10% nos últimos 30 dias.
A Qualcomm, fabricante de semicondutores, tem uma taxa de exposição de 67% à China. As ações registraram na quarta-feira (16) sua maior sequência de perdas em mais de quatro anos e caíram quase 11% nos últimos 30 dias.
Tesla, Intel, Nvidia, Wynn Resorts e MGM Resorts também estavam entre as 25 empresas do S&P 500 com maior exposição à China.
Os fundos já estão recuando
Os investimentos de private equity e venture capital dos EUA no país atingiram a mínima de oito anos em 2022 e continuam caindo, segundo dados da PitchBook.
Grandes fundos de hedge, como Scion Asset Management – de Michael Burry -, Moore Capital Management, Coatue, D1 Capital e Tiger Global também reduziram sua exposição a empresas chinesas no segundo trimestre de 2023, de acordo com documentos recentes da Securities and Exchange Commission (SEC, o “xerife do mercado financeiro).