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    Endividamento cai no Brasil pela primeira vez em 13 meses

    Alta nos juros ‘freou’ criação de dívidas, dizem especialistas

    Lucas Janoneda CNN Rio de Janeiro

    Depois de 13 meses consecutivos de alta, o endividamento das famílias brasileiras caiu em janeiro no país. É o que aponta o levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado nesta segunda-feira (7).

    Apesar da queda no indicador, aproximadamente 76% dos brasileiros têm algum tipo de dívida a pagar.

    Em janeiro, o endividamento das famílias recuou 0,2 ponto percentual, conforme mostra a pesquisa.

    A última queda havia acontecido em novembro de 2020, período em que o percentual de brasileiros com dívidas caiu 0,5 ponto percentual. Na ocasião, o endividamento atingia 66% da população.

    Especialistas ouvidos pela CNN destacam a alta nos juros como o principal “freio” ao avanço na contratação de dívidas.

    Na última quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu subir a Selic, a taxa básica de juros, a 10,75%.

    Esse foi o oitavo avanço consecutivo, cujo ciclo começou em abril de 2021.

    Além da alta dos juros, o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira, mencionou outros dois fatores importantes para a redução do endividamento no país.

    “O primeiro fator que precisamos considerar é o pagamento do 13°, valor adicional que os trabalhadores receberam ao final do ano. Historicamente, esse pagamento ajuda os brasileiros a quitarem as dívidas. Além desses fatores, temos a instabilidade política, que cresce com a aproximação das eleições”, afirmou Ricardo Teixeira.

    “Nestes momentos, as pessoas costumam ficar mais cautelosas, ou seja, contraem menos dívida. Tudo isso é somado aos juros que freiam os endividamentos.”

    Endividamento aflige 76% da população

    Mesmo com a queda em janeiro, o endividamento dos brasileiros segue em patamar elevado. A pesquisa da CNC mostra que 76,1% das famílias têm algum tipo de conta a pagar.

    O levantamento aponta ainda que entre os endividados, 10,1% relatam que estão “muito endividados” e, portanto, não terão condição de pagar as contas em atraso.

    Já 26,4% das pessoas se dizem ‘mais ou menos endividadas’, enquanto 60% afirmam estar com poucas dívidas.

    Os dados da CNC levam em consideração as seguintes linhas de crédito: cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

    Dentre todas as modalidades, o cartão de crédito aparece como o maior “vilão” entre os brasileiros, representando mais de 80% de todas as dívidas.

    Na segunda posição aparecem os carnês, responsáveis por 20% dos endividamentos.

    Segundo a pesquisa, a composição das dívidas das famílias brasileiras apresentou algumas disparidades entre as faixas de renda.

    As pessoas com renda abaixo de 10 salários mínimos são os que mais sofrem com a inadimplência, representando 77% da população endividada no país. Para esse grupo, o carnê é o maior vilão.

    Já para a faixa de renda acima de 10 salários, o cartão de crédito é o método mais utilizado para o endividamento. O financiamento de carro e de casa é o que mais impacta na renda familiar deste grupo, segundo o levantamento.

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