Emergentes têm mais longa série mensal de fuga de recursos desde 2015, diz levantamento
Junho registrou fluxo negativo de não residentes no valor de US$ 4 bilhões, de acordo com dados publicados nesta quarta-feira (6)
Os mercados emergentes sofreram um quarto mês consecutivo de saídas de portfólios em junho, na mais longa série de perdas em sete anos, conforme temores de recessão e inflação abalaram investidores, mostraram dados do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).
Junho registrou fluxo negativo de não residentes no valor de US$ 4 bilhões, de acordo com dados publicados nesta quarta-feira (6), ante saídas de US$ 5,1 bilhões em maio e entrada de US$ 55,8 bilhões em junho de 2021.
A atual sequência de perdas de recursos se equipara a uma série negativa de quatro meses terminada em outubro de 2015. As saídas líquidas nos últimos quatro meses totalizaram US$ 27,8 bilhões, segundo o IIF.
“Estamos em um choque global de taxas de juros e inflação alta”, disse o economista do IIF Jonathan Fortun em comunicado.
“Os rendimentos dos títulos governamentais de prazo mais longo subiram acentuadamente nas economias avançadas, o que aperta as condições financeiras, pesa sobre o crescimento e aumenta a aversão ao risco. Esse mecanismo pesa sobre os fluxos para os mercados emergentes.”
As saídas de carteiras de ações de mercados emergentes em junho — no valor de US$ 19,6 bilhões, não incluindo a China — foram as maiores para qualquer mês desde março de 2020, quando os mercados entraram em pânico com o início dos bloqueios contra a Covid-19.
A China contabilizou ingresso líquido de US$ 6,6 bilhões, resultado de saques de US$ 2,5 bilhões de carteiras de dívida e de compras de US$ 9,1 bilhões em ações — maior fluxo mensal para ações chinesas até agora neste ano.
Os dados ainda mostram saídas líquidas de mais de US$ 10 bilhões no acumulado do ano para o país.