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    Em ata, Copom mantém tom duro, mas acena para medidas de Haddad, dizem analistas

    Comitê de Política Monetária do BC reconheceu esforços com o pacote de medidas anunciado pela Fazenda, mas deve encerrar fim do ciclo elevado dos juros em 2024, dizem especialistas

    Fabrício Juliãoda CNN , em São Paulo

    O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou nesta terça-feira (7) a ata da mais recente reunião que manteve a Selic em 13,75%, continuando com o tom duro sobre o compromisso de combate à inflação, mas acenando para as medidas fiscais anunciadas pelo Ministério da Fazenda, na visão do mercado.

    “A ata do Copom trouxe mais detalhes sobre as discussões do último comitê de política monetária com destaque para a menção positiva sobre o pacote de medidas anunciado pelo Ministério da Fazenda, que pode amenizar o risco de expansão fiscal esse ano”, destacou Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

    Segundo a economista, esta é uma sinalização importante que mostra que o ajuste fiscal pode contribuir para a convergência da inflação para a meta e reduzir o custo da política monetária.

    Haddad e a equipe econômica do governo anunciaram há algumas semanas um pacote focado em corte de despesas, com o objetivo de melhorar a situação fiscal do país, reduzindo o rombo nas contas públicas.

    Em entrevista à CNN, o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, disse que os investidores brasileiros vão passar a ter mais confiança a partir do momento em que as medidas começarem a ser implementadas.

    Apesar de reconhecerem os esforços da Fazenda, analistas ponderaram que a taxa básica de juros deve permanecer elevada, enquanto as críticas sobre o atual patamar da Selic ampliam o acirramento em torno da política monetária do BC.

    “No atual cenário de incerteza e ainda sem a proposta do novo arcabouço fiscal, a Selic deve permanecer elevada por mais tempo. Os recentes questionamentos políticos sobre a independência do Banco Central não contribuem para o cenário e acaba gerando mais incerteza e elevando os prêmios de risco”, acrescentou Rafaela Vitória.

    Adiamento do aperto monetário

    Especialistas ressaltaram que o ciclo de juros altos deve se arrastar mais do que as projeções indicavam inicialmente. “O Banco Central enfatizou a elevação das expectativas de inflação e deve adiar o ciclo de redução dos juros. O comunicado sugeriu que, no plano de voo atual, o BC deverá manter a Selic estável em 13,75% ao ano até 2024, adiando, portanto, o início do ciclo de redução da taxa de juros”, afirmou o C6 Bank.

    Para Étore Sánchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o Copom foi “ponderado”, mas trouxe um recado duro na ata da reunião realizada no dia 1º de fevereiro.

    “A autoridade trouxe sinais de que manterá o juro estável por mais tempo. Por enquanto, mantemos nosso call de que a Selic deverá iniciar o ciclo de baixa apenas em 2024, mas, em face da comunicação de hoje, a condução pode até, eventualmente, ser ainda mais rígida”, completou.

    Por fim, Alberto Ramos, do Goldman Sachs, destacou que apesar de o Copom reconhecer que a atividade e o crédito estão em desaceleração, e o mercado de trabalho está se acomodando, o Comitê espera que essas tendências continuem por ver isso como “necessário para que os canais de política monetária atuem e para que a inflação convirja para suas metas”.

    “O Copom fez um grande esforço para comunicar que não será leniente na busca de trazer a inflação de volta à meta e alertou que o estímulo fiscal à demanda deve ser avaliado tendo em vista o estágio do ciclo econômico e o grau de ociosidade da economia”.

    Para o economista, o BC deve esperar pelo menos até o fim do 3º trimestre de 2023 para começar a reduzir gradualmente as taxas, apesar de as chances de autarquia elevar a Selic serem “ainda mais baixas”, na sua avaliação.

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