Doutores enfrentam penalidades salariais e alta taxa de sobre-educação, mostra Ipea
Prêmio salarial para doutores no setor educacional é de apenas 1,1% sobre o salário-hora, enquanto nos setores não educacionais, esse prêmio atinge 8,7%
O prêmio salarial para doutores, que é a associação da remuneração dos profissionais com a titulação de doutorado, é de apenas 1,1% sobre o salário-hora no setor educacional. O dado faz parte de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta segunda-feira (26).
No caso dos setores não-educacionais, segundo a pesquisa, o prêmio atinge 8,7% do salário-hora.
Além disso, quase metade dos doutores no setor educacional e 84% dos de setores não-educacionais estão empregados com sobre-educação.
Ainda nos setores não-educacionais, outro resultado ressalta a subutilização e valorização defasada de doutores no mercado de trabalho: existe uma redução de 6,4% nos rendimentos por hora dessa parcela de profissionais.
O percentual corresponde à comparação com os profissionais com ocupações em alinhamento à formação.
No caso do setor educacional, não há evidências de penalidade salarial.
Os dados levam à conclusão de que o prêmio salarial reduzido da titulação pode diminuir a atratividade dos cursos de doutorado para novos estudantes.
A análise é do autor do estudo, Daniel Gama. Ele, que também é especialista em políticas públicas e gestão governamental no Ipea, destaca que os dados evidenciam “a dificuldade de inserção e aproveitamento dos doutores no mercado privado brasileiro, o que pode prejudicar o desenvolvimento tecnológico das firmas e o desempenho econômico”.
A pesquisa foi feita com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2010 e 2021.
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