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    Debate sobre juros é justo e o Banco Central está aberto, diz Campos Neto

    Presidente do BC comentou também sobre o acesso ao crédito no Brasil e reconheceu que "ainda é caro"

    Pedro Zanattada CNN em São Paulo

    O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o debate sobre o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, é justo e que a instituição está sempre aberta para debater.

    “É óbvio que sempre tem um interesse político sobre o tema juros porque ele faz parte da equação macroeconômica. A gente acha que o debate é justo e o Banco Central está sempre aberto para debater. Temos feito isso, eu fui na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), depois fui no Senado”, disse.

    As declarações foram feitas nesta segunda-feira (22) durante a participação de Campos Neto em seminário do jornal Folha de S.Paulo.

    Além disso, Campos Neto falou sobre a precificação da curva de juros futuros para a queda da taxa Selic no Brasil e em outros países da América Latina. Segundo ele, os países que aplicaram um aperto monetário com antecedência observam a precificação para o início de um ciclo de queda.

    “Quando pensamos política monetária, vemos basicamente que os países que fizeram o trabalho antes e mais rápido, são exatamente os países quando nós olhamos a curva, tem uma precificação de queda de juros. Tanto México, quanto o Chile, quanto o Brasil, quanto a Colômbia, as curvas já mostram uma queda de juros. Ou seja, mostra que o processo em parte está funcionando”, avaliou.

    O presidente do BC comentou ainda que críticas feitas a ele podem indicar uma falta de conhecimento sobre “as regras do jogo” do processo de autonomia da autarquia. Ele ressaltou que a autonomia vai exatamente no sentido contrário à personalização das decisões da autoridade monetária e dá força ao colegiado do Banco Central.

    “A personificação demonstra falta de conhecimento no processo que foi instalado e nesse amadurecimento institucional que o Banco Central vem passando. Mas isso vai ficando mais claro para a sociedade e para o executivo”.

    No Boletim Focus do Banco Central desta segunda-feira (22), as perspectivas quanto à taxa de juros foram mantidas em 12,5% ao fim de 2023; 10% em 2024 e 9% em 2025. Para 2026, a projeção se manteve em 8,75%.

    Crédito

    Ao comentar sobre o acesso ao crédito no Brasil, o presidente do BC reconheceu que “ainda é caro” e que a instituição gostaria de números melhores. No entanto, ele ressaltou que este é um resultado esperado por parte da política monetária.

    “Quando qualquer banco central faz um aperto monetário é esperado uma certa desaceleração de crédito, esse é o canal no qual a política monetária funciona”, declarou.

    Campos Neto listou ainda medidas que, segundo ele, o BC adotou para reduzir o custo do crédito no Brasil. Entre elas estão: limitação do período máximo para uso de crédito rotativo, fim da cobrança de valores diferenciados nas situações de atraso de pagamento das faturas e a flexibilização do uso dos recursos da poupança para o crédito imobiliário.

    “O efeito combinado das medidas foi, ao longo do tempo, não só que atravessamos a pandemia com crédito alto, mas algumas medidas de efeito competitivo mostram que o spread caiu ao longo do tempo. (…) Fizemos várias medidas para aumentar a competição e reduzir o spread”.

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