Ciberataques levantam recorde de US$ 1 bi em resgates em criptomoedas, mostra levantamento
Caça à grandes fortunas vem se tornando estratégia dominante nos últimos anos
Os pagamentos em criptomoedas de resgates de sistemas bloqueados por ataques relacionados a ransomware quase dobraram em 2023 e bateram recorde, disse a empresa de análise de blockchain Chainalysis nesta quarta-feira (7).
Os criminosos que visam computadores de hospitais, escolas, empresas e órgãos de governo embolsaram em pagamentos para liberarem o acesso a esses sistemas bloqueados US$ 1,1 bilhão no ano passado ante US$ 567 milhões em 2022.
Enquanto isso, perdas decorrentes de outros crimes que passaram a ser cometidos com ajuda da tecnologia de moedas digitais, como golpes e invasões de computadores, caíram em 2023, disse a Chainalysis.
“Um número cada vez maior de novos grupos tem sido atraído pelo potencial de altos lucros e menores barreiras à entrada”, disse Chainalysis.
A “caça às grandes fortunas” se tornou a estratégia dominante nos últimos anos, com uma parcela dominante de todo o volume de resgates composta por pagamentos de US$ 1 milhão ou mais, acrescentou a empresa.
Um grupo de hackers chamado “cl0p”, que subverteu o software de compartilhamento de arquivos MOVEit, fez quase US$ 100 milhões em pagamentos de resgate, disse a empresa de análise.
Centenas de organizações, incluindo departamentos governamentais, o órgão regulador de telecomunicações do Reino Unido e a empresa do setor de energia Shell, relataram violações de segurança digital envolvendo a MOVEit, que normalmente é usada para transferência de grandes quantidades de dados frequentemente confidenciais.
Um relatório em novembro mostrou que o grupo de crimes eletrônicos “Black Basta” havia extorquido pelo menos US$ 107 milhões em bitcoins, sendo que grande parte dos pagamentos de resgate foi parar na bolsa de criptomoedas russa Garantex.
O roubo de criptomoedas por meio de ataques digitais e ransomware também é uma fonte significativa de financiamento para a Coreia do Norte, de acordo com relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os números da Chainalysis subestimam o papel das criptomoedas em todos os crimes, pois só rastreiam as moedas eletrônicas enviadas para endereços de carteiras identificados como ilícitos.
O levantamento não inclui pagamentos por crimes não relacionados a criptomoedas, como moedas digitais sendo usadas em tráfico de medicamentos.