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    Vale, Hapvida: 10 ações recomendadas por gestoras para investir em setembro

    O mote do mês será a diversificação de setores; no radar dos investidores está a agenda política

    Paula Bezerra, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Encerrando quatro meses de bonança, o mercado financeiro reagiu mal ao mês de agosto, marcado por instabilidade política, receio de furo no teto de gastos e, até mesmo, uma possível saída de Paulo Guedes do ministério da Economia. Descolado do cenário internacional, o Ibovespa encerrou agosto com queda de 3,4%, em relação ao fechamento de 31 de julho.

    Mais que isso: após bater 105.605 mil pontos, em 29 de julho, o Ibovespa despencou e voltou a ficar abaixo dos 100 mil pontos, encerrando o mês em 99.369,15 pontos. No ano, o recuo chega a 14,07%. 

    Analistas ouvidos pelo CNN Brasil Business apontam que a tendência para setembro é de melhora, caso a agenda de reformas de Guedes volte à pauta. Nesta terça-feira (1º), o ministro anunciou que ainda nesta semana enviará o texto da reforma administrativa ao Congresso e que o auxílio emergencial será mantido até dezembro, mas com parcelas de R$ 300 – e não os R$ 600 pagos atualmente.

    Enquanto o mercado segue atento aos anúncios do governo, empresas como Magazine Luiza (MGLU3), Marfrig (MRFG3), Usiminas (USIM5), Hapvida (HAPV3) e Vale (VALE3) continuam se descolando do cenário atual e crescendo acima da média, pautadas em resultados financeiros sólidos.  

    Papéis da Magazine Luiza e da Vale permanecem como destaques da carteira recomendada elaborada com base nas recomendações de corretoras e gestoras. O levantamento foi feito por meio das recomendações do Santander, Rico, Toro Investimentos, Guide, Genial investimentos, Easynvest e Gauss Capital e Capital Research. 

    Cada casa recomendou 10 papéis, com peso respectivo de 10%, e analisou cinco setores da economia. As ações que receberam três recomendações, ou mais, entraram ou se mantiveram na lista. A mesma metodologia se deu para os setores. Entre as ações que receberam duas recomendações, o critério de desempate para figurar a carteira foi valorização no mês de agosto e se já fazia parte da lista anterior. 

    A carteira

    Se em agosto os queridinhos foram os bancos, que arremataram quatro das 10 recomendações, em setembro, o mote é a diversificação de setores na carteira. Não à toa, o grupo de plano de saúde Hapvida passou a integrar a lista, com três recomendações. Além de saúde, mineração, varejo, logística, energia e tecnologia foram os setores mencionados pelos especialistas. 

    Segundo Henrique Esteter, da Guide, a escolha da Hapvida para compor a carteira se dá pelo espaço que a empresa conquistou no setor, principalmente pela valorização. Em seus últimos resultados, a companhia apresentou um crescimento sustentável, com aumento da aderência dos convênios de saúde, além dos convênios odontológicos.

    A receita líquida da empresa cresceu 10,4%, somando R$ 1,4 bilhão. Já em relação a beneficiários de saúde e odonto, a empresa apresentou um acréscimo de 53,3%.

    “A companhia segue seu processo de crescimento via aquisições e maior penetração nas regiões Sul e Sudeste do país. Acreditamos que os resultados do segundo semestre de  2020, possam continuar com boa performance”, diz Esteter. 

    Além da Hapvida, a Equatorial Energia (EQTL3) e Locaweb (LWSA3) passaram a integrar a carteira de setembro. Em relação à Equatorial Energia, os analistas da Easynvest afirmaram que o gatilho de compra foi acionado por alguns sinais importantes, entre eles, o chamado “Gap de Corte”, que é quando se inicia uma nova tendência e há margem para o volume crescer acima da média, quebrando o padrão anterior.

    Dona de um valor de mercado em R$ 24 bilhões, a Equatorial é listada no Novo Mercado, grau mais elevado dentre os níveis diferenciados de governança corporativa da B3. “O grupo mira aquisições com extrema disciplina financeira, calcado na busca por um nível de retorno que seja condizente com os riscos assumidos no negócio em questão”, aponta o relatório da Easynvest. 

    Outra novata na carteira, a Locaweb realizou sua oferta pública inicial de ações em 2019 e, desde então, vem obtendo bons resultados. Por fazer parte do segmento de tecnologia, a empresa consegue se deslocar da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Isso porque, com o isolamento social, muitas empresas passaram a migrar para o online, aumentando os serviços da Locaweb. 

    Não à toa, sua base de clientes cresceu fortemente, com avanço de 274% na adição de novas lojas. A Locaweb também anunciou também que o volume bruto de mercadorias expandiu 105% no trimestre

    Desempenho do mercado 

    Pela primeira vez desde março, o Ibovespa encerrou o mês em queda. No último dia do pregão de agosto, o principal índice da bolsa brasileira fechou o mês com uma desvalorização de 3,4%, em relação ao fechamento de 31 de julho. Pior: perdeu os 100.000 pontos ao encerrar o dia aos 99.369 pontos. Obviamente, a cena política continua trazendo muita volatilidade para a bolsa.

    Na visão do analista-chefe e fundador da casa de análise Suno, Tiago Reis, a bolsa no Brasil teve uma performance abaixo da média global em razão da complexa situação política e fiscal do país. Ele acrescentou, contudo, que a queda do Ibovespa em agosto pode ser encarada como algo perfeitamente normal.

    “É preciso lembrar que ainda estamos em uma situação de pandemia, com projeção para este ano de queda histórica do PIB, déficit fiscal elevado”, afirmou, ressaltando que, mesmo nesse cenário, algumas ações atingiram máximas históricas e que, desde as mínimas do ano o Ibovespa soma valorização em torno de 60%.

    Das 10 ações que encerraram o mês de agosto atingindo o preço máximo dos papéis, a Magazine Luiza é a que mais se destacou na carteira recomendada pelo CNN Brasil Business. O papel da companhia valorizou 15,50%. Já o destaque máximo do mês ficou com a Linx, que após receber propostas de aquisição da Stone e da Totvs, viu suas ações subirem 34,62% no mês.

    Em agosto, a carteira recomendada por gestores ao CNN Brasil Business apresentou uma baixa de 1,37%, ante 3,4% de queda do Ibovespa. 

    A demanda por investimentos em renda variável segue em alta, graças ao patamar mínimo dos juros. A Selic se encontra em 2% ao ano – e há chance de recuar ainda mais. Com isso, a expectativa é que o Ibovespa oscile entre os 102 mil e 107 mil pontos. 

    O que esperar em setembro

    Setembro começa com o resultado do PIB do 2º trimestre, que registrou um recuo de 9,7% na economia e oficializou a recessão técnica do país – que é quando a economia retrai por dois trimestres consecutivos.

    Outro tema de grande importância, que pode impactar diretamente os mercados, é a proposta da reforma tributária, que será enviada ao Congresso. E, mais que isso, a permanência do ministro Paulo Guedes, que, nos últimos dias, vem passando por um processo de fritura dentro do governo.

    Já no cenário externo, o mercado segue atento com os desdobramentos da campanha eleitoral nos Estados Unidos e, claro, o acirramento de tensão entre Estados Unidos e China. No dia 31 de agosto, como retaliação aos Estados Unidos, a China mudou as regras de exportação de tecnologia, o que pode impactar ainda mais no caso TikTok. 

    “Olhando para frente, o principal risco que vejo é a questão fiscal brasileira, principalmente se Paulo Guedes deixar o governo”, diz Felipe Silveira, analista da Capital Research. “Além disso, permanece o risco de deterioração da relação entre EUA e China e as eleições presidenciais americanas, cada vez mais próximas, que podem trazer volatilidade ao mercado”, conclui.

    Confira, a seguir, o comentário sobre as ações mais recomendadas para o mês de setembro:

    B3: 
    Ação: B3SA3
    Comentário do analista: Henrique Esteter, da Guide: Destacamos o poder de diversificação da receita da B3, com fluxo bastante resiliente, com serviços completos de trading, clearing, liquidação, custódia e registro, e posicionamento dominante em derivativos, ações, câmbio, renda fixa e produtos de balcão.

    No longo prazo, acreditamos que a B3 continuará diversificando sua atuação no mercado brasileiro, por meio de novos produtos e serviços.

    Com relação a uma possível concorrência, avaliamos essa possibilidade como pequena no momento, visto que o mercado de capitais brasileiro ainda não possui capacidade para suportar a entrada de um novo player, inviabilizando qualquer tipo de investimento em uma nova bolsa ou casa de clearing que possa afetar o resultado da B3 no curto prazo. 

    Vale: 
    Ação: VALE3
    Comentário do analista: Felipe Silveira, da Capital Research: O minério tem mostrado uma grande resiliência em relação a outras commodities nessa pandemia.

    A tendência era que a companhia retomasse o patamar de produção de minério de 2018 entre 2021 e 2022, o que pode ser alterado tendo em vista os efeitos do coronavírus. A Vale já revisou para baixo o guidance para 2020, por exemplo.

    A nossa recomendação também está bastante embasada no grande desconto que vemos nos papéis da companhia em relação aos demais players do setor, listados no exterior

    Bradesco: 
    Ação: BBDC4
    Comentário do analista: Felipe Silveira, da Capital Research: O Bradesco está negociando a cerca de 8x o seu lucro projetado para o ano que vem. Mesmo considerando que esse lucro pode ser revisado para baixo, ainda assim, é uma relação bem baixa, ainda mais considerando o modelo de negócios que já se mostrou extremamente resiliente e com retornos robustos mesmo em períodos de forte crise no passado.

    Além disso, destacamos o elevado grau de provisão do resultado do Bradesco no primeiro semestre, que serve como uma espécie de colchão no balanço para amortecer o impacto de um possível aumento da inadimplência nos próximos trimestres 

    BTG Pactual: 
    Ação: BPAC11
    Comentário do analista: Bruno Arruda, gestor de renda variável da Gauss Capital: Ainda vemos um potencial expressivo de valorização da ação com o mercado incorporando o rápido crescimento do Digital, alternativas de alocação de capital por parte da empresa em novas linhas de negócio, e a melhora do mercado de capitais com um novo ciclo de ofertas como IPOs que tem se provado em níveis recorde.

    Magazine Luiza:
    Ação: MGLU3
    Comentário do analista: Felipe Silveira, da Capital Research: A Magazine Luiza é uma das maiores varejistas do Brasil, com receita de R$ 19,8 bilhões em 2019. A companhia tem liderado os investimentos em inovação no setor, o que tem se traduzido em um crescimento acelerado, acima da média dos concorrentes, e em melhora substancial na sua rentabilidade.

    Para complementar, a companhia também tem sido bastante ativa em aquisições, com exemplos como a plataforma logística Logbee, a Softbox, de soluções para e-commerce, além da Netshoes, adquirida nesse ano após uma disputa ferrenha com a Centauro.

    Equatorial Energia:
    Ação: EQTL3
    Comentário do analista: Henrique Esteter, da Guide: A empresa possui bom histórico de performance e apresentou um resultado robusto referente ao 2T20, que veio levemente acima da expectativa do mercado.

    Neste, a cia atingiu, de forma consolidada, lucro líquido de R$ 406 milhões, aumento de 18,6%. Baseada nos pilares detalhados acima, sustentamos nossa recomendação no papel e acreditamos que a empresa deve continuar obtendo boa performance no curto e médio prazo. 

    Via Varejo:
    Ação: VVAR3
    Comentário do analista: Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos: Acreditamos que o setor de bens de consumo deve continuar mostrando bom resultado, principalmente às empresas que possuem uma maior penetração nas vendas via e-commerce.

    Nesse quesito acreditamos que a Via Varejo pode continuar na trajetória de valorização no preço de suas ações, pois, a empresa além de reportar um crescimento nas vendas no resultado do 2T20, vem focada em aumentar seu market share nas vendas online. 

    Hapvida
    Ação: HAPV3
    Comentário do analista: Bruno Arruda, gestor de renda variável da Gauss Capital: As operadoras de saúde verticalizadas foram o grande destaque dos resultados do 2º trimestre, e seguimos confiantes nas oportunidades de crescimento orgânico e via M&A dessas empresas. Depois de ver o seu grande competidor listado anunciado parcerias e novas aquisições, acreditamos que a Hapvida responderá da mesma forma nos meses que se seguem, 

    Rumo Logística
    Ação: RAIL3
    Comentário do analista: Henrique Esteter, da Guide: Sustentamos como recomendação do ativo: (1) sinalizações de incentivo às concessões por parte do governo; (2) expectativa de continuidade no ciclo de crescimento nos volumes de grãos nos próximos trimestres; e (3) potencial de sinergias dos investimentos estratégicos na Malha Sul, Projeto Sorriso e Araucária. Vale ainda comentar que o aumento nos preços dos fretes rodoviários também pode acelerar, e beneficiar, o transporte de grãos via ferrovias. 

    Locaweb
    Ação: LWSA3
    Comentário do analista: Henrique Esteter, da Guide:  Por fazer parte do setor de tecnologia, a companhia possui vantagem competitiva entre as demais na crise atual. Isso porque, com o isolamento social, a maneira mais segura das pessoas conseguirem se conectar é através da internet. A afirmação é válida também para comerciantes, que tiveram de migrar suas operações para o meio digital.

    Ao mesmo tempo, suas duas principais concorrentes, a Rakuten e a Xtech, encerraram suas operações recentemente.

    Como consequência disso, em seu resultado, divulgado recentemente, a companhia anunciou que a base de clientes cresceu fortemente, com avanço de 274% na adição de novas lojas. A Locaweb anunciou também que o GMV expandiu 105% no trimestre.

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    (Com Reuters)

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