Campos Neto: sistema bancário brasileiro é sólido e está muito bem capitalizado
Presidente do Banco Central reforçou que, mesmo em meio à crise do coronavírus, ninguém precisa se preocpar com o dinheiro depositado nos bancos
O sistema bancário brasileiro é “um dos mais sólidos do mundo” e está “super capitalizado” em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus, disse o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em entrevista ao programa “Poder em Foco” exibida pelo SBT na madrugada desta segunda-feira (20). Segundo ele, mesmo em meio à crise, “ninguém precisa se apavorar” quanto ao dinheiro depositado nos bancos.
Campos Neto avaliou que o cenário econômico do país “se deteriorou” desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e disse achar que uma melhora da atividade deve vir no último trimestre, “obviamente de uma base muito baixa”. “A dúvida é o terceiro trimestre, o quanto vai ser impactado (…) e a extensão do estrago que vai ter.”
As oscilações e a volatilidade do mercado financeiro no quadro atual se formam uma “neblina” para a perspectiva do Copom para a política monetária, comparou o presidente do BC. Mas, apesar de reconhecer a deterioração do cenário desde a última decisão de juros, Campos Neto ressaltou que a próxima reunião levará em conta vários fatores: “Será que vai nos custar um (gasto) fiscal muito grande sair dessa crise? Será que as reformas ficam adiadas por um tempo grande? Será que essa volatilidade no mercado e essa saída de recursos grande do Brasil não atrapalham a tomada de decisão?”, enumerou.
Questionado sobre se a taxa de câmbio com o dólar cotado a mais de R$ 5 é o “novo normal”, Campos Neto disse ser “difícil dizer”. “Vale lembrar que a saída de capital que nós tivemos de mercados emergentes nessa crise, em alguns blocos de emergentes, foi dez vezes pior que 2008 se você olhar a dimensão tempo e quantidade”, considerou.
Medidas anticrise
Segundo o presidente do BC, o potencial de todas as medidas anunciadas pela autarquia para conter os efeitos da covid-19 chega a 16% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, enquanto a média observada nos mercados emergentes como um todo não chega a 5%.
Na entrevista, ele também abordou a Proposta de emenda à Constituição (PEC) do “Orçamento de Guerra”, comentando que a autorização para o Banco Central comprar títulos de dívida privada no mercado secundário vai prover uma liquidez nessa área que vai ajudar a “corrigir” os juros cobrados ao longo da cadeia de crédito.
“Se o Banco Central puder comprar os créditos no mercado secundário, isso vai fazer com que a taxa caia e o mercado volte a funcionar”, afirmou.
Campos Neto também afirmou que a proposta, dividida em dois projetos de lei – um na Câmara dos Deputados e um no Senado -, da independência do BC está “madura” e “tem tudo para ser aprovada” quando o Legislativo puder encarar outras prioridades além da proteção à renda, ao emprego e às empresas do País durante a pandemia do novo coronavírus.
*Com informações do Estadão Conteúdo