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    Brasil entra para a lista dos mais de 60 países com rede 5G

    Tecnologia deve estar disponível até julho de 2022 para as capitais e o Distrito Federal

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business

    Embora o Brasil esteja dando os primeiros passos no mercado 5G, rede leiloada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ao longo da quinta-feira (4) e da sexta-feira (5), um terço do mundo já abraçou essa tecnologia há tempos. De acordo com o levantamento feito em junho pela Viavi Solutions, empresa que atua no setor de telecomunicações, 65 países, ou 31% do mundo, já utilizam a rede.

    A pesquisa aponta que a China é a região mais conectada ao 5G, com 376 cidades. Logo atrás, estão os Estados Unidos e as Filipinas, com 284 e 95, respectivamente. Ao todo, são 1.662 cidades inteligentes, sendo que 20% delas se adaptaram à tecnologia nos últimos nove meses. O Brasil é o primeiro país da América Latina a ter a tecnologia.

    Vanderlei Rigatieri, CEO e fundador da WDC Networks, companhia de telecomunicações, explica que os motivos por alguns países já terem a tecnologia é que se movimentaram antes do Brasil na base regulatória para disponibilizar as faixas de frequência. “Como esses países são mais avançados e menos burocráticos, conseguiram que as operadoras pudessem implantar antes”, declara.

    A expectativa é de que o valor total do leilão de frequências do 5G chegue a R$ 50 bilhões. E, até o momento, a Claro, Vivo e Tim já garantiram seu espaço no mercado com lances de R$ 338 milhões, R$ 420 milhões e R$ 351 milhões, respectivamente.

    Enquanto os brasileiros que utilizam o 4G têm acesso à 19,8 Mbps (megabits por segundo), o 5G pode chegar até 10 Gpbs (gigabits por segundo), ou seja, 100 vezes mais rápido.

    As principais vantagens da nova rede são as possibilidades de mais dispositivos se conectarem à internet em simultâneo, maior velocidade de conexão, facilitando a transferência de arquivos, e o aumento de conexão em tempo real, facilitando a reprodução de streamings e jogos online.

    O CEO da WDC afirma que o 5G dará para as companhias um incremento nas relações entre máquinas. Por exemplo, “para um carro autônomo, é extremamente importante que haja uma latência (atraso) muito baixa, pois é aqui que você tem a diferença entre um carro que sabe se comportar em situações complicadas, evitando colisões, desviando de obstáculos, de um veículo que vai colidir”, destaca Rigatieri. “Portanto, existirão dispositivos que não necessitem de uma pessoa por trás para tomar decisões.”

    Testes

    Um estudo da Conexis Brasil Digital, entidade que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade do país, apontou que Brasil já possui sete capitais habilitadas a receber 5G: Boa Vista, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Palmas, Porto Alegre e Porto Velho. As regiões foram consideradas aptas devido às leis municipais não exigirem licenciamento para infraestrutura de pequeno porte, não imporem condições que possam afetar a seleção de uma tecnologia e por terem um prazo máximo de 60 dias para emissão de qualquer licença.

    O estudo da Conexis informou ainda que Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis e São Paulo são outras quatro cidades que estão se preparando e realizando testes para oferecerem a rede 5G.

    Um dos primeiros testes de 5G no Brasil foi realizado pela Ericsson ao longo de 2016. E, desde então, Paulo Bernardocki, diretor de Soluções de Redes da Ericsson, explica que os resultados foram promissores, com a possibilidade de 15 milhões de brasileiros poderem usar 5G em seus smartphones e que 59% dos usuários do Brasil têm a intenção de aderir ao 5G assim que estiver disponível.

    Em julho de 2020, foi lançada a primeira rede 5G DSS (Dinamic Spectrum Sharing, ou compartilhamento de espectro). “Essa é uma solução que permite usar a mesma infraestrutura de rede do 4G para iniciar a implementação do 5G”, afirma o diretor.

    Bernardocki ressalta ainda que a etapa de desenvolvimento de projetos piloto e testes de demonstração do 5G é muito importante para otimizar recursos e principalmente para ajudar a robustecer o ecossistema de evolução da tecnologia.

    Veja abaixo o cronograma que a Anatel definiu para a implementação do 5G:

    • até 31 de julho de 2022: para capitais e o Distrito Federal
    • até 31 de julho de 2025: para cidades com mais de 500 mil habitantes
    • até 31 de julho de 2026: para localidades com mais de 200 mil pessoas
    • até 31 de julho de 2027: para municípios com mais de 100 mil habitantes
    • até 31 de julho de 2028: para metade dos municípios com mais de 30 mil habitantes
    • até 31 de julho de 2029: para municípios com mais de 30 mil habitantes
    • até 31 de dezembro de 2029: municípios abaixo de 30 mil habitantes

    Segundo o estudo 5G Business Potential, até 2030, as receitas decorrentes de digitalização no Brasil deverão totalizar cerca de R$ 391 bilhões. Desse total, R$ 153 bilhões serão impulsionados diretamente pelo 5G.

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