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    ‘Bolão do juro’: B3 lança opção que aposta em variação da taxa Selic; entenda

    Novo derivativo já está disponível para negociação na plataforma eletrônica da bolsa de valores brasileira, a B3

    Os investidores ganharam um novo recurso de negociação. A B3, a bolsa de valores brasileira, lançou nesta segunda-feira (25) o contrato “Opção de Copom”, que vai permitir apostas na alta ou no corte da meta Selic, taxa básica de juros do país, definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central. O derivativo já está disponível na plataforma de negociação eletrônica da bolsa.

    “Trata-se de um produto padronizado e negociado no ambiente da bolsa de valores, transparente quanto às expectativas de cada reunião, que permite a negociação independente para cada decisão do Copom e amplia o leque de estratégias disponíveis à proteção das carteiras de investimentos”, diz Marcos Skistymas, superintendente de juros e moedas da B3.

    O prêmio negociado (ou seja, a “aposta”) na Opção de Copom pode variar de 1 a 100 pontos e reflete a probabilidade de um determinado cenário ocorrer. Cada ponto vale R$ 100 e cada strike (ou seja, preço de exercício) representa um possível movimento do Copom.

    O pagamento ao investidor no vencimento é do tipo “cash-or-nothing” (o que significa que, na data de vencimento, apenas a opção com preço de exercício igual à variação da Selic determinada pelo Copom é exercida). Nesse caso, quando há exercício da opção, o valor recebido pelo comprador é de 100 pontos, o equivalente a R$ 10.000,00.

    “Resumindo, quem acertar a aposta sempre recebe por cada opção R$ 10.000 menos o prêmio”, explica o professor de finanças Alexandre Cabral. “Os vencimentos mais líquidos sempre vão ser os das reuniões mais distantes, porque quando chega muito próximo, normalmente há bastante consenso sobre o que o Copom vai decidir “, afirma.

    A opção de tem exercício automático no vencimento, que corresponde ao dia útil seguinte à data de término da reunião, que dura dois dias.

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    Para Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial, o novo recurso demonstra uma evolução no mercado financeiro brasileiro. Segundo o especialista, o ‘bolão do juro’ ajudará a equilibrar o lado da oferta e possibilitará um leque de alternativas maior aos investidores. “Um dos grandes trabalhos da autoridade monetária é ajustar a expectativa. Isso ocorre no mundo inteiro e o mercado de opções ligadas às decisões de política monetária tem uma amplitude diferente e distinta”, diz o especialista.

    “É preciso analisar como essa modalidade se comportará em relação aos respectivos vencimentos, assim como a dinâmica de liquidez do ativo. Mas, no geral, é uma ação importante aos investidores que estão acostumados ao ativo direto – e nas operações mais micros, que macro”, afirma. 

    Como vai funcionar

    Para explicar como o contrato vai funcionar na prática, Marcos Skistymas fez uma simulação considerando reunião do Copom marcada para 17 e 18 de novembro. 

    Suponha que, ao negociar um contrato hipotético da Opção de Copom, o investidor confiava na manutenção da taxa e negociou um prêmio de 64,4 pontos (equivalente a probabilidade de 64,4% desse cenário ocorrer) sendo R$ 100,00 o valor de cada ponto. Nesse caso, o valor do contrato seria de 64,4 x 100 x 1 (valor da aquisição = prêmio X valor do ponto x quantidade de contratos negociados). Ou seja, a liquidação financeira do prêmio seria de R$ 6.440,00 pela opção.

    Se o Copom realmente mantiver a taxa nessa reunião, o strike será igual à variação apurada  e, portanto, a opção será exercida. Nesse caso, vendedor faria um pagamento ao comprador de um valor fixo de R$ 10.000,00 por opção, o que proporcionaria um lucro de R$ 3.560,00 (R$ 10.000 do valor de exercício menos os R$ 6.440,00 da liquidação financeira do prêmio).

    Para qualquer outro desfecho decidido pelo Copom na segunda reunião, o contrato expiraria sem valor, sem gerar qualquer pagamento ou recebimento. O comprador apenas desembolsaria o prêmio pago no início da operação.

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