Banco Central sinalizou que vai perseverar no combate à inflação, diz economista
Em entrevista à CNN, Gesner Oliveira destacou que aumento dos juros é um remédio amargo neste momento, mas necessário para conter a inflação
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Selic em 1 ponto na quarta-feira (16), deixando a taxa básica de juros a 11,75% ao ano. Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (17), o economista e professor da FGV Gesner Oliveira disse que o BC deu um recado importante de combate à inflação.
“O Banco Central deu o importante recado que ele vai perseverar para quebrar essa espiral inflacionária”, afirmou.
“Elevar os juros é um remédio extremamente amargo, que machuca muito a produção e limita a possibilidade de crescimento da economia em um momento em que infelizmente a taxa de desemprego ainda é elevada. No entanto, não tem outro remédio do ponto de vista da inflação”, acrescentou.
O economista disse que ainda há uma incerteza sobre quanto tempo os juros vão continuar subindo no Brasil.
“O comunicado de ontem do Copom antevê um aumento na mesma magnitude na próxima reunião. Mas há muita incerteza de até quando essa alta irá continuar, principalmente em relação aos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia e à conjuntura internacional”, declarou.
Oliveira também destacou que, apesar do momento de baixo crescimento da economia e dos problemas de oferta e demanda que atingem o mundo todo, vê perspectivas de um futuro melhor para o Brasil.
“O Brasil tem um agronegócio bastante dinâmico, que neste ano deve ser fundamental para garantir algum crescimento, ainda que modesto. Além disso, temos algumas oportunidades importantes nesse momento difícil da economia mundial, sobretudo na infraestrutura e na economia verde”, afirmou.
“São enormes oportunidades que podem transformar essa situação difícil em uma avenida para crescimento. Eu diria que, no médio prazo, se o Brasil tiver planejamento, nós teremos condição de crescer mais. Deveríamos reencontrar uma trajetória de crescimento de 3% ou 4% de forma sustentada para voltar a ser uma economia pujante”, completou.
Texto publicado por Fabricio Julião, do CNN Brasil Business