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    Americanas avalia pedir indenização a ex-diretores e prevê até prisão

    Ordem interna na empresa é de colaboração máxima com os órgãos que estão apurando a fraude

    Caio Junqueirada CNN Em São Paulo

    A equipe que assessora a Americanas avalia pedir à antiga diretoria da empresa a restituição dos ganhos que teriam sido obtidos por eles com a fraude contábil na companhia.

    Os cálculos iniciais feitos por fontes ligadas a Americanas apontam que a operação fez com que eles obtivessem lucros somados na margem de R$ 800 milhões em valores nominais por um período de dez anos, nos quais teriam ocorrido as manobras contábeis que acabaram propiciando a eles bons resultados na empresa, que consequentemente levaram-na a pagar elevados bônus a eles.

    Além dessa possibilidade, considerada alta, de ações cíveis para restituir esses valores e outra também em avaliação reivindicando indenização por dano moral, há expectativa também de que as investigações criminais avancem, inclusive com a possibilidade de prisão dos envolvidos na fraude.

    A ordem interna na empresa é de colaboração máxima com os órgãos que estão apurando a fraude.

    Nesta quarta-feira (14), por exemplo, seriam remetidos ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal o relatório parcial da empresa com as primeiras conclusões, que foram apresentadas na CPI em Brasília pelo diretor-presidente Leonardo Coelho.

    Em linhas gerais, são quatro os crimes em que fontes ligadas à empresa avaliam que os acusados poderiam incorrer: insider trading (informação privilegiada), manipulação de mercado, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

    A equipe que assessora a cúpula da empresa avalia que os processos criminais deverão avançar tendo em vista o volume de provas que a varejista acredita ter obtido na investigação interna, ainda em curso.

    Parte delas foi apresentada na terça-feira pelo novo diretor-presidente, Leonardo Coelho, durante sessão da CPI que apura o caso na Câmara dos Deputados. Mas, segundo fontes ligadas à empresa disseram à CNN, grande parte do material probatório ficou de fora.

    À equipe que preparou o material para a CPI, foram repassados 600 documentos, além de outras informações que a assessoria consolidou a partir do banco de dados da empresa.

    Parte dos documentos, como mostrou a CNN, são mensagens em grupos de WhatsApp que a investigação interna conseguiu obter, pois se tratavam de celulares corporativos.

    O momento da divulgação foi escolhido a dedo. Avaliou-se que era um bom momento para a apresentação do material por dois motivos.

    Primeiro, por ser uma CPI e o potencial existente para repercutir as provas levantadas. Segundo, porque havia interesse em usar essa primeira parte da investigação interna para demitir os acusados, o que acabou ocorrendo também na terça-feira.

    Um documento obtido pela CNN apresenta uma lista sugerindo a demissão de 12 funcionários “que estão envolvidos em mensagens críticas, atreladas à fraude” considerados “certificadores mencionados em documentos críticos” — motivo por que foi recomendada sua “imediata demissão”.

    Outros 15 nomes também aparecem no mesmo documento “na medida em que os documentos também indicam condutas graves” — motivo pelo qual foi recomendado “o seu desligamento/demissão por justa causa”.

    A defesa do ex-CEO Miguel Gutierrez informou à CNN que ele buscou a empresa para prestar esclarecimentos, mas que não houve interesse em ouvi-la.

    A CNN procurou todos os sete ex-diretores.

    A defesa do ex-diretor financeiro José Timotheo de Barros enviou a seguinte nota à CNN: “O fato relevante informado ao mercado na data de ontem contém inverdades e faz acusações que precisarão ser provadas. No mesmo dia, baseado em documento elaborado de modo parcial para perturbar as apurações, trechos do que seria parte de relatório de investigação feita pelos advogados da empresa (não pelo comitê independente) foram mostrados de maneira leviana em comissão do Congresso Nacional, apresentando meras opiniões de suspeitas como verdades. Todas estas situações serão objeto de devida apuração pelas autoridades competentes a partir de requerimentos formais a serem feitos pela defesa de José Timotheo de Barros”.

    Procurada pela CNN, a Americanas também se manifestou por meio da seguinte nota: “A Americanas informa que o Comitê Independente foi contratado por determinação do Conselho de Administração para apurar os fatos, como informado ao mercado em Fato Relevante de 11 de janeiro de 2023. O Comitê, como definido, atua de forma independente e a companhia não tem qualquer ingerência em relação às suas ações no curso da investigação. A Americanas não dispõe de informações sobre comunicações entre indivíduos e o Comitê”.

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