39% dos pais brasileiros têm o hábito de dar mesada aos filhos, diz pesquisa
Ensinamentos sobre finanças e poupança familiar ainda não é comum em lares brasileiros, impactando futuro de crianças e adolescentes
Embora seja uma ferramenta de educação financeira conhecida entre as famílias brasileiras, 61% dos pais não proporcionam mesada aos filhos. É o que aponta a pesquisa “Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?”, realizada pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, para marcar a passagem do Dia das Crianças, celebrado nesta quinta-feira (12).
Dentre aqueles que dão mesadas aos filhos, 53% conseguem oferecer o valor de até R$ 60 — o restante não ultrapassa R$ 100. Os motivos se restringem à compra de lanche na escola (33%) e ensiná-los a poupar para o futuro (32%).
O costume é maior para a faixa de crianças de 6 a 11 anos (54%), seguido pela faixa etária de 15 a 18 anos (45%).
Thiago Godoy, educador financeiro da Rico, explica que a mesada funciona como ferramenta para ensinar às crianças responsabilidade, saber lidar com frustrações e como funciona o dinheiro.
Mesmo assim, ele pontua que “a mesada precisa estar aliada a educação financeira, sozinha ela não funciona. Oferecer o dinheiro à criança sem orientação pode ser pior”.
Os dados da pesquisa mostram que 8 em cada 10 pais dizem conversar com os filhos a respeito do tema. Nas conversas em família sobre as finanças, “produtos caros ou baratos” e “o que é possível ou não comprar” são as abordagens que dominam.
Nayra Sombra, sócia da HCI Invest e especialista em finanças pessoais, diz que não basta somente conversar e não dar o exemplo, uma vez que as crianças aprendem por imitação.
“Precisamos incluí-los no dia a dia e nas pequenas decisões financeiras”, diz.
Preparar as crianças pode ser interessante, pois 72% dos pais não fazem qualquer tipo de investimento ou poupança para os filhos atualmente. E mesmo entre os genitores que têm esse hábito, 50% admitem não ter uma conta específica para a finalidade, realizando a ação dentro da sua própria conta bancária.
A falta de tato para abordar finanças ainda na infância pode estar relacionada a um comportamento cultural, pois 56% dos pais não lembram de, quando crianças, terem conversado com seus pais a respeito de finanças. Esse indicador se sobressai entre as mulheres (65%) e nas classes D e E (64%).
“Ensinar os principais conceitos e incentivar seus filhos a ter uma melhor relação com o dinheiro é que fará com que as próximas gerações se planejem”, diz a especialista em finanças pessoais. Ela ressalta que os pais nem sempre conseguem se organizar e poupar, já que não tiveram essa educação desde cedo.
Sombra ainda aconselha adaptar a linguagem às faixas etárias e aumentar o nível progressivamente.
“Ao fazer isso, os pais proporcionam às crianças uma base sólida para uma vida financeira saudável e bem-sucedida no futuro”, conclui.
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*Sob supervisão de Gabriel Bosa