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    Fim do Banco Central na Argentina não seria possível sem corte fiscal severo, diz ex-BC

    Em seu plano de governo, Milei indica que para o reordenamento do Estado planeja reduzir em 15% do PIB os gastos do governo

    Presidente eleito da Argentina, Javier Milei
    Presidente eleito da Argentina, Javier Milei 19/11/2023. REUTERS/Cristina Sille/File Photo

    Danilo Moliternoda CNN

    São Paulo

    Uma das promessas mais controversas de Javier Milei, eleito presidente da Argentina neste domingo (19), acabar com o Banco Central do país não seria uma tarefa fácil, segundo especialistas ouvidos pela CNN.

    Para abdicar da capacidade de emitir moeda, por exemplo — função primordial de um BC —, Milei precisaria de um ajuste fiscal severo, destaca o ex-diretor do Banco Central (BC) Luiz Fernando Figueiredo.

    “O pressuposto para você parar de emitir moeda é não ter déficit fiscal, porque você não pode emitir mais. Sua moeda não é mais sua, é dólar”, diz Figueiredo.

    “Se você vai construir uma casa, precisa de uma base sólida. Qual é a base? O fiscal. Ele vai ter de fazer um ajuste fiscal que nunca foi feito antes”, diz.

    Em seu plano de governo, Milei indica que, para o reordenamento do Estado, planeja reduzir os gatos do governo o equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significaria cortar, de uma vez, US$ 90 bilhões em gasto.

    Ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Troster destaca que um corte dessa magnitude, que impactará a ação do Estado, não deve encontrar popularidade e pode ser politicamente inviável.

    Figueiredo também questiona a viabilidade política do plano. “Uma série das medidas precisam do Congresso. Vamos ver o que ele vai validar após tomar posse. Uma coisa é o falado em campanha, outra é o feito no governo”, disse.

    Nessa linha, vale ressaltar que, além de não ter maioria no Legislativo, Milei não elegeu governadores. A esperança por uma base de apoio passa por coalização junto a parlamentares parceiros de Mauricio Macri e Patricia Bullrich.

    Para além da função primordial de um BC de emitir moeda, ambos os economistas chamam atenção para outras funções do Banco, que não devem ser eliminadas.

    “O Banco Central é necessário, tem várias funções, como liquidez. Precisa de alguém que supervisione o sistema financeiro, precisa ver lavagem de dinheiro. As funções do Banco Central são múltiplas, não é só emitir moeda”, disse Troster.