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    Fim da posse? Startup mira em desapego e cresce 300% ao ano alugando carros

    Em entrevista ao CNN Business, o CEO da Turbi disse que a empresa deve pelo menos dobrar o faturamento em 2021, mesmo com a pandemia

    Leonardo Guimarães, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

     O aluguel de carros se tornou um bom negócio no Brasil. Não à toa, as principais empresas do segmento –Localiza (RENT3), Unidas (LCAM3) e Movida (MOVI3)– apresentam resultados consistentes e cresceram em 2020, ano cheio de restrições de circulação. 

    À medida que os consumidores demandam esse tipo de serviço, nascem soluções interessantes para atendê-los. É o caso da Turbi, uma locadora de carros totalmente digital. 

    Usando o aplicativo da empresa, os motoristas podem encontrar carros espalhados por São Paulo e destravá-los pelo celular. Depois do uso, basta que o cliente devolva o carro no mesmo local. O pagamento, claro, é feito online. 

    A solução simples – na visão do cliente – deu certo, e a Turbi conseguiu alcançar uma taxa média de crescimento de 300% ao ano. Em 2021, a expectativa no pior cenário traçado pela empresa é de aumento de 100% na receita, levando em consideração um ano cheio de medidas duras de isolamento social. Em um cenário moderado, porém, a empresa espera quadruplicar seu faturamento. 

    “É um modelo que funciona bem lá fora. Vimos ótimas chances de adesão no Brasil, ajustamos alguns pontos e tivemos uma execução primorosa. Por isso, o crescimento foi tão forte”, explica Diego Lira, que fundou a Turbi em 2017 e é o CEO da startup. 

    Brasileiro gosta de ter carro? 

    A posse é um conceito muito discutido hoje em dia. Muito se fala na mudança de comportamento do consumidor, que procura mais serviços e abre mão de ter os produtos. No mercado automobilístico, porém, o fim da posse ainda é visto como um tabu, mas, segundo Lira, isso já é passado. 

    “O brasileiro ama dirigir carro, não necessariamente ter um. Não tenho certeza se ama tanto assim a posse quando chega janeiro, com IPVA e seguro”, diz o CEO da Turbi. “Depois de quatro anos de operação, tenho certeza de que os brasileiros querem alugar, e o que faltava era um produto que atendesse as expectativas dos clientes”, completa o executivo. 

    O público da startup concentra motoristas que deixaram de ter ou nunca compraram um carro porque o tempo de uso era pequeno e os veículos ficavam muito tempo parados na garagem. Há também as pessoas que têm alguma necessidade específica, como o aluguel de um SUV para uma viagem mais confortável, por exemplo. 

    Além da Turbi, os clientes têm hoje várias alternativas para o aluguel de carros. Elas vão das grandes locadoras às montadoras, que estão se esforçando para mudar seus modelos de negócio e oferecendo planos de assinatura de carros. 

    A Turbi se posiciona como uma alternativa mais confortável por ter carros espalhados por quase 800 pontos da Grande São Paulo. Eles fecham parceria com estacionamentos 24 horas para facilitar o acesso aos veículos. 

    A frota da startup contava com cinco carros em 2017. Agora, são 2.000 veículos. Metade deles são SUVs, pensados para oferecer mais conforto. O perfil dos carros da Turbi reflete a preferência do público brasileiro, que tem procurado por espaço nesses carros maiores. 

    Prontos para mais 

    Os planos de ir para outras capitais, como Curitiba, Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte, foram adiados por causa da pandemia. Segundo Lira, “a responsabilidade fiscal falou mais forte”, mas o plano de expansão para essas cidades está pronto desde o começo do ano passado. 

    A startup confia que o produto será bem aceito em outras capitais e conseguiu desenhar um modelo eficiente para apoiar a operação. São apenas 70 funcionários contratados pela Turbi, que tem um time de atendimento 24 por 7. 

    Metade dos colaboradores da startup integram o time de tecnologia. Eles são os responsáveis por desenvolver 100% do software da empresa e do hardware posicionado nos carros para destravamento via aplicativo. 

    Ainda há muito trabalho para ser feito, a tecnologia ainda é nova. O hardware próprio foi colocado para rodar em janeiro do ano passado. “A maior parte do que fazemos o cliente não vê, mas dá um trabalho enorme”, comenta o CEO da startup. 

    O momento é de instabilidade no mercado automotivo. A maioria das montadoras que fabricam no Brasil suspendeu a produção por causa da pandemia. Além disso, a saída definitiva da Ford preocupa e pode pressionar os preços. 

    “Não ficamos felizes [com o momento da indústria automotiva]. É bom ter as montadoras aqui, mas sabemos que precisamos passar por essas barreiras”, diz Diego Lira. 

    No meio da turbulência, um movimento curioso da Turbi chama atenção: eles diminuíram os preços das locações.

    A margem, claro, foi pressionada, mas a ideia era atrair mais clientes. A empresa diz que a alta demanda mais que compensou os preços mais baixos, e a estratégia de aquisição de clientes deu certo: hoje, mais de 1 milhão de pessoas já baixaram o aplicativo da startup de mobilidade. 

    Mesmo diante de mais um ano de incertezas, eles mostram confiança com o futuro. Lira classifica o caixa da empresa como “confortável” e conta que, na primeira metade do ano passado, negociou contratos e conseguiu enxugar custos. Eles se dizem prontos para mais. 

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